Passagens sobre Atenção

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Frases sobre atenção, poemas sobre atenção e outras passagens sobre atenção para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Só se pode tomar conta do outro, como nem sequer ele próprio faria consigo próprio, com uma infinita capacidade de atenção, uma atenção que é tensa como um raio de luz, mas sem nenhuma pretensão de influência psíquica sobre o outro. É a dupla arte da máxima proximidade e da sagrada distância.

Se é necessária uma salutar atenção à salvaguarda da Criação, da pureza do ar, da água e dos alimentos, tanto mais devemos salvaguardar a pureza daquilo que temos de mais precioso: os nossos corações e as nossas relações. Esta «ecologia humana» ajudar-nos-á a respirar o ar puro que provém das coisas belas, do amor, da santidade.

Não se pode reduzir o desenvolvimento ao mero crescimento económico. O mundo só pode melhorar se a atenção principal for voltada para a pessoa, se a promoção da pessoa for integral, em todas as suas dimensões, incluindo a espiritual.

A Solidão é Sempre Fundamento da Liberdade

A solidão é sempre fundamento
da liberdade. Mas também do espaço
por onde se desenvolve o alargar do tempo
à volta da atenção estrita do acto.
Húmus, e alma, é a solidão. E vento,
quando da imóvel solenidade clama
o mudo susto do grito, ainda suspenso
do nome que vai ser sua prisão pensada.
A menos que esse nome seja estremecimento
— fruto de solidão compenetrada
que, por dentro da sombra, nomeia o movimento
de cada corpo entrando por sua luz sagrada.

Somos a Resposta que Damos ao que Nos Acontece

Somos frágeis. A vida é dura. Não somos o que nos acontece.

Há pesos que não podemos rejeitar. Toda a revolta seria tão ilusória quanto inútil. Mas não devemos ficar pela simples resignação, é preciso que assumamos esses pesos e os queiramos levar de vencidos. Que escolhamos ser quem somos, apesar deles. Com eles. Neles.

Somos a resposta que damos ao que nos acontece.

Temos de aceitar a indiferença e a incompreensão dos outros. As dúvidas e as contradições do mundo são um peso acrescido, que devemos carregar junto às nossas próprias dores, falhas e fraquezas.

Depois, há ainda os pesos que os outros não podem, ou não querem, levar…

Os males pesam, sempre. Sejam os meus, os do mundo ou os dos que amo… há que aceitá-los primeiro, para lhes fazer frente depois.

É essencial aceitar a fraqueza das nossas forças. A impermanência de tudo o que temos. A fragilidade do que somos.

Por vezes, a cruz é o caminho.

É na dor que o verdadeiro amor se manifesta.

Tenho de me negar a mim mesmo se quero amar o outro.

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Saber Resolver Problemas

Há pessoas que têm dificuldade em identificar os seus problemas. Usando de uma grande capacidade de adaptação, vão-se habituando a que as coisas lhes estejam a correr menos bem, sem conseguirem perceber exactamente qual o ou os problemas que os apoquentam.
Mas também existe quem tenha tendência para pensar que o problema não é seu. Percebem que ele existe, identificam-no, mas comportam-se com alguma indiferença, como se o problema fosse dos outros, não assumindo a sua responsabilidade.
Há ainda quem fique à espera que os problemas se resolvam por si, ou que alguém lhos resolva. Embora consigam identificá-los e reconhecê-los como seus, parecem considerar que compete a outros — familiares, amigos, colegas — ou à sociedade em geral resolvê-los.
Assim como existe quem, em vez de se dedicar a procurar solução para os seus problemas, concentrando neles a sua atenção e canalizando para a sua resolução a energia possível, prefira desenvolver práticas místicas, pretendendo que uma ou várias entidades mais ou menos divinas façam o que afinal lhes compete a eles próprios fazer.

Um problema é uma coisa difícil de compreender, explicar ou resolver. É tudo aquilo que resiste à penetração da inteligência, constituindo uma incógnita ou dificuldade a resolver.

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Evita o quanto possível dar atenção às propagandas de medicamentos e fortificantes. Vendo-as, serás sugestionado e acabarás ficando com vontade de obter tais remédios. Então, para satisfazer essa vontade, teu subconsciente criará uma doença que necessite deles. Encontrando os remédios desejados, o subconsciente ficará satisfeito e faz com que a doença deixe de se manifestar. Não convém reparar nos anúncios de medicamentos, pois eles são criadores de doenças.

O Saber Ajuda em Todas as Actividades

O mero filósofo é geralmente uma personalidade pouco admis­sível no mundo, pois supõe-se que ele em nada contribui para o be­nefício ou para o prazer da sociedade, porquanto vive distante de toda comunicação com os homens e envolto em princípios e noções igualmente distantes de sua compreensão. Por outro lado, o mero ig­norante é ainda mais desprezado, pois não há sinal mais seguro de um espírito grosseiro, numa época e uma nação em que as ciências florescem, do que permanecer inteiramente destituído de toda espécie de gosto por estes nobres entretenimentos. Supõe-se que o carácter mais perfeito se encontra entre estes dois extremos: conserva igual capacidade e gosto para os livros, para a sociedade e para os negócios; mantém na conversação discernimento e delicadeza que nascem da cultura literária; nos negócios, a probidade e a exatidão que resultam naturalmente de uma filosofia conveniente. Para difundir e cultivar um carácter tão aperfeiçoado, nada pode ser mais útil do que as com­posições de estilo e modalidade fáceis, que não se afastam em demasia da vida, que não requerem, para ser compreendidas, profunda apli­cação ou retraimento e que devolvem o estudante para o meio de homens plenos de nobres sentimentos e de sábios preceitos,

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Soneto Da Sentida Solidão

A falta é complemento da saudade,
servida em larga ausência nos ponteiros,
bandeja dos segundos que se evade,
em pasto das desoras, sorrateira.

Estar é seduzir sem muito alarde,
no avaro aqui agora companheiro,
o porto da atenção que se me guarde
o ser presente da sanha viageira.

Partir é sentimento de voltar,
liberta, eu sei, no vento e seu afoite,
navega a sina em rasa preamar;

ela, essa ausente, é dona e meu açoite,
no seu impulso presto em navegar,
vai se enfunando em névoa pela noite.

A Casa do Escritor

O escritor organiza-se no seu texto como em sua casa. Comporta-se nos seus pensamentos como faz com os seus papéis, livros, lápis, tapetes, que leva de um quarto para o outro, produzindo uma certa desrodem. Para ele, tornam-se peças de mobiliário em que se acomoda, com gosto ou desprazer. Acaricia-os com delicadeza, serve-se deles, revira-os, muda-os de sítio, desfá-los. Quem já não tem nenhuma pátria, encontra no escrever a sua habitação. E aí produz, como outrora a família, desperdícios e lixo.

Mas já não dispõe de desvão e é-lhe muitíssimo difícil livrar-se da escória. Por isso, ao tirá-la da sua frente, corre o risco de acabar por encher com ela as suas páginas. A exigência de resistir à auto-compaixão inclui a exigência técnica de defrontar com extrema atenção o relaxamento da tensão intelectual e de eliminar tudo quanto tenda a fixar-se como uma crosta no trabalho, tudo o que decorre no vazio, o que talvez suscitasse, num estádio anterior, como palavriado, a calorosa atmosfera em que emerge, mas agora permanece bafiento e insípido. Por fim, já nem sequer é permitido ao escritor habitar nos seus escritos.

A Alma Transforma-se em Sensações

Eis um efeito que me será contestado, e que só apresento aos homens que, digamos, são bastante infelizes para terem amado com paixão durante longos anos, dum amor contrariado por obstáculos invencíveis:
A vista de tudo o que é extremamente belo, tanto na natureza como nas artes, traz-nos a recordação do que amamos, com a rapidez de um relâmpago. É que, pelo processo do ramo de árvore guarnecido de diamantes da mina de Salzburgo, tudo o que no mundo é belo e sublime faz parte da beleza do que amamos, e esta visão imprevista da felicidade enche-nos os olhos de lágrimas num instante. É assim que o amor do belo e o amor se dão vida um ao outro.
Uma das infelicidades da vida é que a ventura de ver a quem amamos e de lhe falar não deixa recordações distintas. Aparentemente, a alma está demasiado perturbada pelas suas emoções para poder prestar atenção ao que as causa ou as acompanha. Transforma-se na própria sensação. É talvez porque estes prazeres não se podem renovar sempre que queremos, por simples força de vontade, que se renovam com tanta força, desde que um objecto qualquer nos venha tirar da meditação consagrada à mulher que amamos,

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Nós tendemos a esquecer que as crianças olham mais para os exemplos do que a atenção que prestam a quem lhes prega discursos.

A Velocidade do Tempo é Infinita

A velocidade do tempo é infinita, e só quando olhamos para o passado, é que temos consciência disso. O tempo ilude quem se aplica ao momento presente, de tal modo é insensível a passagem do seu curso vertiginoso. Queres saber porquê? Porque todo o tempo passado se acumula num mesmo lugar; todo o passado é contemplado em bloco, forma uma totalidade; todo ele se precipita no mesmo abismo. De resto, não é possível delimitar grandes intervalos nesta nossa vida tão breve. A existência humana é um ponto, é menos que um ponto. Só por troça é que a natureza deu a tão diminuta existência a aparência de uma grande duração, dividindo-a em infância, em adolescência, em juventude, em período de transição da juventude à velhice, finalmente em velhice. Tantos períodos num tão exíguo espaço de tempo!
(…) Habitualmente não me parecia tão veloz a passagem do tempo; agora, porém, parece-me incrivelmente rápida, talvez porque sinto aproximar-se o fim, talvez porque passei a dar-lhe atenção e a avaliar o desgaste que em mim provoca.
Por isso mesmo me causa indignação ver como as pessoas gastam em futilidades a maior parte de uma vida que, mesmo dispendida com a maior parcimónia,

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De duas ou mais dores simultâneas, a nossa atenção escolhe uma e quase esquece as outras. Na ruína do nosso tempo, vê se escolhes o mais importante dela. Evitarás assim o ridículo de chorar a perda de um alfinete numa casa que te ardeu. E a História olhar-te-á com simpatia – talvez vá mesmo para a cama contigo.

A atenção é a mais importante de todas as faculdades para o desenvolvimento da inteligência humana.

Hoje em dia é muito perigoso que um marido dê atenção à esposa em público. Isso faz sempre pensar que lhe bate quando estão sós.

Espontaneidade Pública Inexistente

O público não é crítico, não pensa espontaneamente. Na escolha do que lê, na própria disposição do seu bom gosto, é guiado por influências externas. Este fenómeno vê-se com particular clareza no caso das modas, mormente nas do vestuário, em que determinadas casas de criações do género determinam o que há de ser de bom gosto, e efectivamente todo o público segue o critério que lhe é assim imposto. É frequente, anos mais tarde, o homem ou a mulher que se teve por vestindo com o melhor gosto em tal época, pasmar, ante um seu retrato e vendo-o à luz de novas modas e novos tipos de gosto, de como algum dia considerou de bom gosto ou de qualquer espécie de elegância o desastrado fato ou vestido que relembra.
Temos, pois, que para o público apreciar um pintor, um poeta, um músico, que não seja banal, tem que haver quem chame a atenção do público para ele. O espírito humano espontaneamente aceita só o que já conhece; e como o valor, em qualquer secção da actividade humana superior, reside essencialmente na originalidade, resulta que não há aceitação espontânea, nem a pode haver, de um autor ou artista, que seja espontaneamente aceite pelo público.

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