E ela nĂŁo passava de uma mulher… inconstante e borboleta.
Passagens sobre Borboletas
76 resultadosNa natureza, uma repugnante lagarta transforma-se numa borboleta encantadora; entre os homens, ocorre o contrário; uma encantadora borboleta transforma-se numa lagarta repugnante.
Pensamentos nĂŁo Acabados
Tal como nĂŁo sĂł a idade viril, mas tambĂ©m a juventude e a infância tĂŞm um valor em si e nĂŁo devem de modo algum ser consideradas somentes como passagens e pontes, assim tambĂ©m os pensamentos nĂŁo acabados tĂŞm o seu valor. NĂŁo se deve por isso, atormentar um poeta com uma subtil interpretação e divertir-se com a incerteza do seu horizonte, como se o caminho para vários pensamentos ainda estivesse aberto. Está-se no limiar; espera-se como no desenterramento de um tesouro: Ă© como se devesse estar iminente um feliz achado de pensamento profundo. O poeta antecipa qualquer coisa do prazer que o pensador tem, ao encontrar uma ideia fundamental, e, com isso, torna-nos cobiçosos, de modo que nĂłs tentamos apanhá-la; esta, porĂ©m, passa, esvoaçando, sobre a nossa cabeça e mostra as mais belas asas de borboleta… e, contudo, escapa-nos.
Ă“ Rosas Desmaiadas
Ă“ rosas desmaiadas,
Rosas de Maio, rosas de toucar,
Ă“ rosas do rei negro, aveludadas,
Abrindo Ă flava luz das madrugadas
As corolas em gérmen, corações a arfar…
No tremular de cores da asa vaporosa,
Borboleta que passa, vem beijar a rosa,
E aos murmĂşrios da brisa que corre anelante,
A subtil feiticeira deixa a sua amante
A chorar, a chorar, suavĂssimos perfumes
– Pensamentos d’amor a traduzir ciĂşmes…
Borboleta que passa diz adeus Ă rosa,
No tremular de cores da asa vaporosa…
E aos murmĂşrios da brisa que desliza meiga,
Lá vai adormecer nas frescuras da veiga…
Deixando a rosa a soluçar, a soluçar,
Com pena de não ter asas para voar… voar!
Diversas flores, de diversas cores
Qual Ă© de vĂłs, dizei, os meus amores!
É preciso que eu suporte duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas
VĂ´o como uma borboleta,pico como uma abelha, vocĂŞ nĂŁo pode bater no que nĂŁo pode ver!
Vamos todos rir das borboletas douradas
Hino Ă Morte
Tenho Ă s vezes sentido o chocar dos teus ossos
E o vento da tua asa os meus lábios roçar;
Mas da tua presença o rasto de destroços
Nunca de susto fez meu coração parar.Nunca, espanto ou receio, ao meu ânimo trouxe
Esse aspecto de horror com que tudo apavoras,
Nas tuas mãos erguendo a inexorável Fouce
E a ampulheta em que vais pulverizando as horas.Sei que andas, como sombra, a seguir os meus
[passos,
TĂŁo prĂłxima de mim que te respiro o alento,
— Prestes como uma noiva a estreitar-me em teus
[braços,
E a arrastar-me contigo ao teu leito sangrento…Que importa? Do teu seio a noite que amedronta,
Para mim nĂŁo Ă© mais que o refluxo da Vida,
Noite da noite, donde esplĂŞndida desponta
A aurora espiritual da Terra Prometida.A Alma volta Ă Luz; sai desse hiato de sombra,
Como o insecto da larva. A Morte que me aterra,
Essa que tanta vez o meu ânimo assombra,
Não és tu, com a paz do teu oásis te terra!Quantas vezes,
O segredo Ă© nĂŁo correr atrás das borboletas… É cuidar do jardim para que elas venham atĂ© vocĂŞ.
No mistério do sem-fim equilibra-se um planeta. E no planeta um jardim e no jardim um canteiro no canteiro uma violeta e sobre ela o dia inteiro entre o planeta e o sem-fim a asa de uma borboleta.
O Amor entre o Trigo
Cheguei ao acampamento dos Hernández antes do meio-dia, fresco e alegre. A minha cavalgada solitária pelos caminhos desertos, o repouso do sono, tudo isso refulgia na minha taciturna juventude.
A debulha do trigo, da aveia, da cevada, fazia-se ainda com Ă©guas. Nada no mundo Ă© mais alegre que ver rodopiar as Ă©guas, trotando Ă volta do calcadouro do cereal, sob o grito espicaçante dos cavaleiros. Brilhava um sol esplĂŞndido e o ar era um diamante silvestre que fazia brilhar as montanhas. A debulha Ă© uma festa de ouro. A palha amarela acumula-se em montanhas douradas. Tudo Ă© actividade e bulĂcio, sacos que correm e se enchem, mulheres que cozinham, cavalos que tomam o freio nos dentes, cĂŁes que ladram, crianças que a cada momento Ă© preciso livrar, como se fossem frutos da palha, das patas dos cavalos.Oe Hernández eram uma tribo singular. Os homens, despenteados e por barbear, em mangas de camisa e com revĂłlver Ă cinta, andavam quase sempre besuntados de Ăłleo, de poeiras, de lama, ou molhados atĂ© aos ossos pela chuva. Pais, filhos, sobrinhos, primos, eram todos da mesma catadura. Estavam horas inteiras ocupados debaixo de um motor, em cima de um tecto,
Hai-Kai de Outono
Uma borboleta amarela?
Ou uma folha seca
Que se desprendeu e nĂŁo quis pousar?
Para Todo o Sempre
O Poeta morre,
mas nĂŁo cessa de escrever.Enquanto escreve,
vive
ressuscitando fugidias horas
mudadas em auroras…Uma pequenina flor,
pisada por quem passa,
Ă© agora
um milagre de cor,
uma negaça
de mil desejos…E os beijos
que nunca foram dados,
tornados tĂŁo reais…Aquela borboleta
arrasta
infindas primaveras
no seu voo fremente…– Uma palavra mais,
Poeta!
Uma palavra quente!
Uma palavra para todo o sempre!
A mulher pode ser crisálida e borboleta. Seja crisálida durante o dia e borboleta à noite.
Pelas plantas dos pés subia um estremecimento de medo, o sussurro de que a terra poderia aprofundar-se. E de dentro erguiam-se certas borboletas batendo asas por todo o corpo.
Sesta no jardim: a borboleta me acorda. Coça o meu nariz.
Os libertinos sĂŁo aranhas repugnantes que Ă s vezes apanham lindas borboletas.
Na Roça
Cercada de mestiças, no terreiro,
Cisma a Senhora Moça; vem descendo
A noite, e pouco e pouco escurecendo
O vale umbroso e o monte sobranceiro.Brilham insetos no capim rasteiro,
VĂŞm das matas os negros recolhendo;
Na longa estrada ecoa esmorecendo
O monótono canto de um tropeiro.Atrás das grandes, pardas borboletas,
Crianças nuas lá se vão inquietas
Na varanda correndo ladrilhada.Desponta a lua; o sabiá gorjeia;
Enquanto Ă s portas do curral ondeia
A mugidora fila da boiada…
E eu, que estou de bem com a vida, creio que aqueles que mais entendem de felicidade sĂŁo as borboletas e as bolhas de sabĂŁo e tudo que entre os homens se lhes assemelhem
Flores Velhas
Fui ontem visitar o jardinzinho agreste,
Aonde tanta vez a lua nos beijou,
E em tudo vi sorrir o amor que tu me deste,
Soberba como um sol, serena como um vĂ´o.Em tudo cintilava o lĂmpido poema
Com Ăłsculos rimado Ă s luzes dos planetas:
A abelha inda zumbia em torno da alfazema;
E ondulava o matiz das leves borboletas.Em tudo eu pude ver ainda a tua imagem,
A imagem que inspirava os castos madrigais;
E as vibrações, o rio, os astros, a paisagem,
Traziam-me Ă memĂłria idĂlios imortais.E nosso bom romance escrito num desterro,
Com beijos sem ruĂdo em noites sem luar,
Fizeram-mo reler, mais tristes que um enterro,
Os goivos, a baunilha e as rosas-de-toucar.Mas tu agora nunca, ah! Nunca mais te sentas
Nos bancos de tijolo em musgo atapetados,
E eu nĂŁo te beijarei, Ă s horas sonolentas,
Os dedos de marfim, polidos e delgados…Eu, por nĂŁo ter sabido amar os movimentos
Da estrofe mais ideal das harmonias mudas,
Eu sinto as decepções e os grandes desalentos
E tenho um riso meu como o sorrir de Judas.