O ser humano não é intrinsecamente bom nem mau. O que verifico é que a bondade é mais difícil de alcançar e de exercer. E bem e mal são conceitos demasiado amplos. É mais fácil ser mau, mau nas suas formas menores, mau em tudo aquilo que nos afasta do outro, do que ser bom.
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631 resultadosSaber Ouvir os Outros
Saber ouvir não é deixar cair a cabeça em concordância com tudo o que é dito nem é ficar estupefacto e inexpressivo enquanto o outro fala, é sim, e pelo contrário, perceber se quem se dirige a ti quer informar-te, partilhar ou desafiar-te sobre alguma questão a teu próprio respeito ou simplesmente apoderar-se da tua mente para tornar a sua mais forte com o intuito de te conseguir manipular a seu bel-prazer.
Consegues fazer a destrinça entre estes dois tipos de pessoas? E-te fácil distinguir um do outro?
Consegues identificar duas pessoas com quem recentemente tenhas conversado e com quem tenhas sentido realidades tão ambíguas como estas?
O que sentiste após cada conversa?
Agradeceste ao primeiro e expulsaste o segundo da tua vida ou culpaste o primeiro e resignaste-te perante o segundo?É fundamental que consigas aperceber-te disto e é por isso que a inteligência emocional é um requisito tão importante para quando somos os recetores da verdade ou do ego de quem se dirige a nós. Nunca te esqueças do seguinte: independentemente daquilo que te possam dizer, és tu que permites que essa pessoa continue a fazer parte da tua vida, és tu que te pões a jeito porque levas essa pessoa demasiado a sério,
Da Poesia e da Tragédia
Parece que a poesia tem inteiramente a sua origem em duas causas, ambas naturais. Porque a imitação é natural ao homem desde a infância, e nisto difere dos outros animais, pois que ele é o mais imitador de todos, aprende as primeiras coisas por meio da imitação, e todos se deleitam com as imitações. É prova disto o que acontece a respeito dos artífices, porque nós contemplamos com prazer as imagens mais exactas daqueles mesmos objectos para que olhamos com repugnância; por exemplo, a representação de animais ferocíssimos e de cadáveres. E a razão disto é porque o aprender é coisa que muito apraz não só aos filósofos, mas também igualmente aos demais homens, posto que estes sejam menos instruídos. Por isso se alegram de ver as imagens, pois que, olhando para elas, podem aprender e discorrer o que uma delas é e dizer, por exemplo: isto é tal; porque, se suceder que alguém não tenha visto o original, não recebe então prazer da imitação, mas ou da beleza da obra, ou das cores, ou de outro algum motivo semelhante.
Sendo, pois, própria da nossa natureza a imitação, também o é a harmonia e o ritmo (porque é claro que os metros são parte do ritmo).
É mais fácil ser original e tolo do que original e sábio.
Encontrar defeitos é fácil, mas fazer melhor pode ser difícil.
Não há Sabedoria sem Esforço
Certos vícios, temos o hábito de atribuí-los aos condicionalismos do lugar e do tempo, mas o certo é que, para onde quer que vamos, esses vícios nos acompanham. (…) Para quê iludirmo-nos? O nosso mal não vem do exterior, está dentro de nós, enraizado nas nossas vísceras, e, como ignoramos o mal de que sofremos, só com dificuldade recuperamos a saúde. E mesmo que já tenhamos iniciado o tratamento, quando nos será possível levar de vencida a enorme virulência de tão numerosas enfermidades? Nem sequer solicitamos a presença do médico, quando afinal é mais fácil tratar uma doença ainda no início. Almas ainda frescas e inexperientes obedecem sem tardar a quem lhes indique o justo caminho. Só é difícil reconduzir à via da natureza quem deliberadamente dela se apartou. Parece que temos vergonha de aprender a sabedoria! Pelos deuses, se acharmos que é vergonhoso buscar um mestre, então podemos perder a esperança de obter as vantagens da sabedoria por obra do acaso. A sabedoria só se obtém pelo esforço.
Para dizer a verdade, nem sequer é necessário grande esforço se, como disse, começarmos a formar e a corrigir a nossa alma antes que as más tendências cristalizem. Mas mesmo já empedernidas,
Amor com Incompreensão
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa.
Um Difuso Sentir
Ter uma ideia, um pensamento sobre o que nos aflige é estar longe dele. Sofrer é não pensar ainda, para fora do sentir as coisas num baque na alma. Mas pensar é ao menos ainda viver ao pé do que nos comove. Não me é fácil pensar hoje seja sobre o que for. Como água por borracha, as coisas passam por mim e deixam-me intacto. Que significa no fim da vida o que problematizámos na plenitude? O que ficou foi apenas um difuso sentir com um grande encolher de ombros no meio e um manguito na consciência.
Fácil é saber que está rodeado por pessoas queridas. Difícil é saber que está se sentindo só no meio delas…
É tão fácil para o homem forte para ser forte, como é para os fracos de serem fracos.
Cuida de Ser Tal e Qual Desejas Parecer
Ao ler e ouvir, fá-lo com atenção; não disperses o entendimento, mas força-o a estar atento ao que faz e ao que tem diante de si, e não alhures. Se sai do caminho, chama-o de volta sem ruído, e guarda para outra ocasião os pensamentos alheios ao estudo. Sabe que perdes tempo e trabalho se não estás atento ao que lês ou ao que ouves.
Não tenhas vergonha de perguntar o que não sabes, nem de aprender com outrem. Disso nunca se envergonham os homens insignes; antes, sim, de não saberem ou de não quererem aprender.
Não te vanglories de saber o que não sabes, mas pergunta-o àqueles que acreditas o saibam. Se queres parecer sábio, trabalha por sê-lo, que para isso não há caminho suave. Semelhantemente, a maneira mais fácil de se parecer bom é sendo-o realmente.
Enfim, em todas as coisas, cuida de ser tal e qual desejas parecer, porquanto, de outro modo, assaz vão será o teu desejo. O tempo põe a descoberto o que é falso e fingido, e dá força à verdade; como se costuma dizer, não há mentira que não se descubra.
Amadurecer é coisa terrivelmente difícil. Fica muito mais fácil passar de uma infância à outra.
Ganhos fáceis fazem carteiras pesadas.
O Rigor e a Duração do Castigo
O rigor do castigo causa menos efeito sobre o espírito humano do que a duração da pena, porque a nossa sensibilidade é mais fácil e mais constantemente afectada por uma impressão ligeira, mas frequente, do que por um abalo violento, mas passageiro. Todo o ser sensível está submetido ao império do hábito; e, como é este que ensina o homem a falar, a andar, a satisfazer as suas necessidades, é também ele que grava no coração do homem as ideias de moral por impressões repetidas.
O espectáculo atroz, mas momentâneo, da morte de um criminoso, é para o crime um freio menos poderoso do que o longo e contínuo exemplo de um homem privado da sua liberdade, tornado até certo ponto uma besta de carga e que repara com trabalhos penosos o dano que causou à sociedade. Este retorno
frequente do espectador a si mesmo: «Se eu cometesse um crime, estaria a reduzir toda a minha vida a essa miserável condição», – essa ideia terrível assombraria mais fortemente os espíritos do que o medo da morte, que se vê apenas um instante numa obscura distância que lhe enfraquece o horror.
Dificuldade de Governar
1.
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.2.
E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.3.
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.
Os Nossos Erros e o Nosso Destino
Apercebo-me dos meus erros, mas não os corrijo. Isso só confirma que podemos ver o nosso destino, mas somos incapazes de o mudar. Apercebermo-nos dos erros é reconhecer o destino, e a nossa incapacidade para os corrigirmos é a força do destino. Apercebermo-nos dos erros é um castigo pesado. Seria muito mais fácil considerarmo-nos bons e culparmos os outros todos, encontrando consolação na ilusão da vitória sobre o destino. Mas mesmo essa felicidade não me é dada.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Díficil é encontrar e refletir sobre seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado. E é assim que perdemos pessoas especiais.
A Razão é Contrária à Felicidade
Quanto mais uma razão cultivada se consagra ao gozo da vida e da felicidade, tanto mais o homem se afasta do verdadeiro contentamento; e daí provém que em muitas pessoas, e nomeadamente nas mais experimentadas no uso da razão, se elas quiserem ter a sinceridade de o confessar, surja um certo grau de misologia, quer dizer de ódio à razão. E isto porque, uma vez feito o balanço de todas as vantagens que elas tiram, não digo já da invenção de todas as artes do luxo vulgar, mas ainda das ciências (que a elas lhes parecem no fim e ao cabo serem também um luxo do entendimento), descobrem contudo que mais se sobrecarregaram de fadigas do que ganharam em felicidade, e que por isso finalmente invejam mais do que desprezam os homens de condição inferior que estão mais próximos do puro instinto natural e não permitem à razão grande influência sobre o que fazem ou deixam de fazer. E até aqui temos de confessar que o juízo daqueles que diminuem e mesmo reduzem a menos de zero os louvores pomposos das vantagens que a razão nos teria trazido no tocante à felicidade e ao contentamento da vida, não é de forma alguma mal-humorado ou ingrato para com a vontade do governo do mundo,
O Grande Engano da Mediocridade
O grande engano da mediocridade! Este é um alerta para os nossos dias. O fácil, o imediato, o que dá para todos, o que passa por democrático, o que está ‘benzinho’ e mediano, parece, tantas vezes, a solução. Não fazer ondas, ceder, ir pelo mais ou menos, vale tudo desde que não chegue cá o incómodo: este é o retrato dos desiludidos! Nivelar por baixo não é caminho, é engano.
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