Passagens sobre Imaginação

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Frases sobre imaginação, poemas sobre imaginação e outras passagens sobre imaginação para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Não é tanto a fecundidade do espírito que nos leva a encontrar expedientes diversos em relação a um mesmo assunto, quanto a falta de inteligência que nos faz deter perante tudo o que se apresenta à nossa imaginação e nos impede de discernir com clareza o que é melhor.

Homens e mulheres cometem erros – erros, falhas, pecados, faltas – seres humanos semeiam com problemas suas própria terra, e tropeçam nas pedras de sua imaginação falsa e errada, e a vida é dura.

Que Amor Sigo?

Que amor sigo? Que busco? Que desejo?
Que enleo é este vão da fantasia?
Que tive? Que perdi? Quem me queria?
Quem me faz guerra? Contra quem pelejo?

Foi por encantamento o meu desejo,
e por sombra passou minha alegria;
mostrou-me Amor, dormindo, o que não via,
e eu ceguei do que vi, pois já não vejo.

Fez à sua medida o pensamento
aquela estranha e nova fermosura
e aquele parecer quase divino.

Ou imaginação, sombra ou figura,
é certo e verdadeiro meu tormento:
Eu morro do que vi, do que imagino.

Viver Sempre também Cansa

Viver sempre também cansa.

O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinzento, negro, quase-verde…
Mas nunca tem a cor inesperada.

O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.

As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.

Tudo é igual, mecânico e exacto.

Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.

A Antecipação da Fama Vindoura

Há homens que entregaram voluntariamente a vida visando adquirir, após a morte, um renome do qual não mais poderiam desfrutar. A sua imaginação, entrementes, antecipava a fama que lhes seria concedida em tempos vindouros. Os aplausos que jamais ouviriam soar nos seus ouvidos e os pensamentos daquela admiração, cujos efeitos jamais sentiriam, brincaram em torno dos seus corações, baniram dos seus peitos o mais forte dos medos naturais e levaram-nos a realizar acções que pareceriam quase fora do alcance da natureza humana.

Abrangência Literária

Lembremo-nos que a literatura, porque se dirige ao coração, à inteligência, à imaginação e até aos sentidos, toma o homem por todos os lados; toca por isso em todos os interesses, todas as ideias, todos os sentimentos; influi no indivíduo como na sociedade, na família como na praça pública; dispõe os espíritos; determina certas correntes de opinião; combate ou abre caminho a certas tendências; e não é muito dizer que é ela quem prepara o berço aonde se há-de receber esse misterioso filho do tempo – o futuro.

Aos Realistas

Ó seres frios que vos sentis tão couraçados contra a paixão e a quimera e que tanto gostaríeis de fazer da vossa doutrina um adorno e um objecto de orgulho, dais-vos o nome de realistas e dais a entender que o mundo é verdadeiramente tal como vos aparece; que sois os únicos a ver a verdade isenta de véus e que sois vós talvez a melhor parte dessa verdade… ó queridas imagens de Sais! Mas não sereis ainda vós próprios, mesmo no vosso estado mais despojado, seres surpreendentemente obscuros e apaixonados se vos compararmos aos peixes? Não sereis ainda demasiado parecidos com artistas apaixonados? E o que vem a ser a «realidade» aos olhos de um artista apaixonado? Ainda não deixaste de julgar as coisas como fórmulas que têm a sua origem nas paixões e nos complexos amorosos dos séculos passados! A vossa frieza está ainda cheia de uma secreta e inextirpável embriaguez!
O vosso amor pela «realidade», se for necessário escolher-vos um exemplo, que coisa antiga! Que velho «amor»! Não há sentimento, sensação, que não contenham uma certa dose, que não tenham sido, também, trabalhados e alimentados por qualquer exagero da imaginação, por um preconceito, uma sem-razão, uma incerteza,

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A Beleza Maior é a que não se Vê

– Hoje, durante o meu passeio matinal, vi uma linda mulher… Meu Deus, que linda que ela era! (…)
– Sério, sr. Spinell? Descreva-ma então.
– Não, não posso! Dar-lhe-ia uma imagem imperfeita dela. Ao passar, mal a vi; na verdade, não a vi. Apercebi-me, porém, da sua sombra esfumada, e isso bastou para me excitar a imaginação e guardar dela uma imagem de beleza. Meu Deus, que linda imagem!
A mulher do sr. Klöterjahn sorriu.
– É essa a sua maneira de olhar para as mulheres bonitas, senhor Spinell?
– Sim, minha senhora, é; é muito melhor do que olhá-las fixamente na cara, com uma grosseira avidez da realidade, para no fim ficarmos com uma impressão falsa…

O homem que empenha todo o seu trabalho e imaginação em oferecer por um dólar o mais possível, em vez de menos, está condenado ao sucesso.

A Verdade Universal Não Existe

Consultei os filósofos, folheei os seus livros, examinei as suas diversas opiniões; achei-os todos orgulhosos, afirmativos, dog­máticos – mesmo no seu pretenso cepticismo -, não ignorando nada, não demonstrando nada, troçando uns dos outros; e esse ponto, que é comum a todos eles, pareceu-me ser o único em que todos concordavam. Triunfantes quando atacam, não têm vigor quando se defendem. Se examinais as suas razões, só as têm pa­ra destruir; se contais os seus caminhos, cada um está limitado ao seu; só se põem de acordo para discutir; prestar-lhes ouvidos não era o meio de me livrar da minha incerteza. Compreendi que a insuficiência do espírito humano é a pri­meira causa dessa prodigiosa diversidade de sentimentos, e que o orgulho é a segunda.
Nós não temos a medida dessa imensa máqui­na, não podemos calcular as suas proporções; não lhe conhecemos nem as primeiras leis nem a causa final; ignoramo-nos a nós mes­mos; não conhecemos nem a nossa natureza nem o nosso princípio activo; mal sabemos se o homem é um ser simples ou composto: mistérios impenetráveis rodeiam-nos por todos os lados; pairam por cima da região sensível; para os compreendermos, supomos ter inteligência, e apenas temos imaginação. Cada um de nós abre­ através desse mundo imaginário –

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A Moral é uma Interpretação Falsa de Certos Fenómenos

O juízo moral tal como o juízo religioso baseia-se em realidades que não o são. A moral é unicamente uma interpretação de certos fenómenos, dito de forma mais precisa, uma interpretação falsa. O juízo moral, da mesma forma que o religioso, corresponde a um grau de ignorância ao qual ainda falta o conceito do real, a distinção entre o real e o imaginário: de tal forma que, a esse nível, a palavra «verdade» designa simplesmente coisas a que nós hoje chamamos «imaginações». O juízo moral, por conseguinte, não deve ser tomado nunca à letra: porque tal constituiria unicamente um contra-senso. Porém enquanto semiótica, não deixa de ser inestimável: revela, pelo menos para o entendido, as realidades mais valiosas das culturas e dos espíritos que não sabiam o bastante para se «compreenderem» a si mesmos. A moral é meramente um falar por sinais, meramente uma sintomatologia: há que saber já de que se trata para obtermos proveito dela.