O Ser entre o Interior e o Exterior
Era um tipo estranho. Digo bem «um tipo». Olho um homem, uma mulher, e nem sempre me é possível tentar sequer abordar-lhe a pessoa por dentro. Porque há indivíduos que irresistivelmente reduzimos a «objectos». São os indivíduos «característicos» com tiques, com uma aparência de traços nítidos. Compreendo a tentação da caricatura: a um olhar sem mistério, os homens são a caricatura do homem. Por isso o romance tem ignorado a outra zona. Ah, escrever um romance que se gerasse nesse ar rarefeito de nós próprios, no alarme da nossa própria pessoa, na zona incrível do sobressalto! Atingir não bem o que se é «por dentro», a «psicologia», o modo íntimo de se ser, mas a outra parte, a que está antes dessa, a pessoa viva, a pessoa absoluta. Um romance que ainda não há… Porque há só ainda romances de coisas – coisas vistas por fora ou coisas vistas por dentro. Um romance que se fixasse nessa iluminação viva de nós, nessa dimensão ofuscante do halo de nós…
Passagens sobre Mulheres
2015 resultadosQuando o homem ama a mulher, fala muito com ela, e sobre ela; quando deixa de a amar, fala com ela sobre ele.
A Importância da Mulher no Progresso da Civilização
Se na história não procurarmos só uma data ou um facto descarnado, mas tentarmos nela descobrir alguma coisa mais, um princípio harmónico e as leis que governam esses factos, ainda nas suas menores evoluções, veremos que a história da civilização da mulher, do seu desenvolvimento e da sua moralidade, anda sempre ligada aos factos do desenvolvimento da civilização e da moralidade dos povos: veremos que aonde a sua condição se amesquinha, onde desce em dignidade, onde a mulher em vez do triplo e sagrado carácter de amante, esposa e mãe passa a ser escrava sem liberdade nem vontade, só destinada a saciar as paixões brutais dum senhor devasso, aí também veremos descer o nível da civilização e moralidade: à doçura dos costumes suceder a fereza e a brutalidade; e em vez do amor, essa flor do sentimento pura e recatada, só apareceram a paixão instintiva e brutal, necessidade puramente física do animal que obedece à lei da reprodução, à devassidão e à poligamia!
Quando o amor ou o ódio não participa do jogo, a mulher é jogadora medíocre.
Há mulheres com quem fazemos amor, outras com quem falamos.
A mulher que não sabe ser feliz em casa não será nunca feliz.
Procura ser tão gentil, tão atraente e tão sedutor na intimidade de tua mulher, como se, de cada vez que te aproximares dela, tivesses de novo de a conquistar.
De Joelhos
“Bendita seja a Mãe que te gerou.”
Bendito o leite que te fez crescer
Bendito o berço aonde te embalou
A tua ama, pra te adormecer!Bendita essa canção que acalentou
Da tua vida o doce alvorecer …
Bendita seja a Lua, que inundou
De luz, a Terra, só para te ver …Benditos sejam todos que te amarem,
As que em volta de ti ajoelharem
Numa grande paixão fervente e louca!E se mais que eu, um dia, te quiser
Alguém, bendita seja essa Mulher,
Bendito seja o beijo dessa boca!!
É contra a lei matar uma mulher que nos traiu, mas nada nos impede de saborear o fato de que ela está envelhecendo a cada minuto.
Na mulher, é mais duradoiro o ódio do que o amor.
Às vezes, as mulheres que parecem mais frias, são tão-somente as mais tímidas.
Quem decide do futuro do homem, fora do comum das massas, que se mexem como máquinas, é a primeira mulher que se ama.
Só devemos escolher para esposa a mulher que escolheríamos para amigo, se fosse homem.
A beleza, em si mesma, traz sedução às mulheres. A inteligência traz, entretanto, uma beleza superior às mulheres.
O Machismo Português e as Traições Amorosas
Na gíria portuguesa, os palitos são a versão económica, e mais moderna, dos cornos. Os cornos, à semelhança do que aconteceu com os automóveis e os computadores, tornaram-se demasiado volumosos e pesados para as exigências do homem de hoje. Daí a crescente popularidade dos mais portáteis e menos onerosos palitos. Contudo, visto que se vive presentemente um período de transição, em que os novos palitos ainda se vêem lado a lado com os tradicionais cornos, continuam a existir algumas sobreposições. Uma delas, herdada do antigamente, deve-se ao facto dos palitos não se saldarem numa diminuição proporcional de sofrimento. Ou seja, não dão uma mera dor de palito — dão à mesma, incontrovertivelmente, dor de corno. Não é mais carinhoso, por isso, pôr os «palitos» a alguém — continua a ser exactamente o mesmo que pôr os outros.
Tudo isto vem a propósito da forma atípica, entre os povos latinos, que assume o machismo português. Não se trata do machismo triunfalmente dominador, género «Aqui quem manda sou eu!», do brutamontes que não dá satisfações à mulher. Não — o machismo português, imortalizado pelo fado «Não venhas tarde», é um machismo apologético, todo «desculpa lá ó Mafalda», que alcança os seus objectivos de uma maneira mais eficaz.
Fé de mulher é pena sobre a água.
A maioria das mulheres quase não têm princípios: conduzem-se pelo coração e, quanto aos seus costumes, dependem daqueles a quem amam.
Supõe-se que a mulher deve esperar, imóvel, até que ela é cortejada. Mas frequentemente, ela muitas vezes não espera imóvel. Isso é como a aranha esperando a mosca.
Sinto-me feliz por não ser homem, porque, se o fosse, teria de casar com uma mulher.
Acautela-te das mulheres até aos vinte anos, e afasta-te delas depois dos quarenta.