Da Resistência
Cantarei versos de pedras.
Não quero palavras débeis
para falar do combate.
Só peço palavras duras,
uma linguagem que queime.Pretendo a verdade pura:
a faca que dilacere,
o tiro que nos perfure,
o raio que nos arrase.Prefiro o punhal ou foice
às palavras arredias.
Não darei a outra face.
Recentes
Gostava de estar no campo para poder gostar de estar na cidade.
Para ser adorado por uma mulher convém amá-la pouco, prometer muito e fingir sempre.
Aquilo que se aproxima, não é a comunhão das opiniões, mas a consanguinidade dos espíritos.
Tenho o direito de exigir obediência, porque as minhas ordens são sensatas.
E se você dormisse? E se você sonhasse? E se, em seu sonho você fosse ao paraíso e lá colhesse uma flor bela e estranha? E se, ao despertar, Você tivesse a flor entre suas mãos? Ah, e então?
Todo o cumprimento é uma sujeição. Obriga a um cumprimento maior.
Por vezes, custa-nos menos ser enganados pelas pessoas que amamos, que ser desenganados por elas.
A lei é igual para todos os miseráveis.
É livre quem deixou de ser escravo de si mesmo.
Amigos para Sempre
Os amigos cada vez mais se vêem menos. Parece que era só quando éramos novos, trabalhávamos e bebíamos juntos que nos víamos as vezes que queríamos, sempre diariamente. E, no maior luxo de todos, há muito perdido: porque não tínhamos mais nada para fazer.
Nesta semana, tenho almoçado com amigos meus grandes, que, pela primeira vez nas nossas vidas, não vejo há muitos anos. Cada um começa a falar comigo como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos.
Nada falha. Tudo dispara como se nos estivera – e está – na massa do sangue: a excitação de contar coisas e partilhar ninharias; as risotas por piadas de há muito repetidas; as promessas de esperanças que estão há que décadas por realizar.
Há grandes amigos que tenho a sorte de ter que insistem na importância da Presença com letra grande. Até agora nunca concordei, achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é mais sensível à lembrança do que à repetição. Enganei-me. O melhor que os amigos e as amigas têm a fazer é verem-se cada vez que podem. É verdade que, mesmo tendo passado dez anos, sente-se o prazer inencontrável de reencontrar quem se pensava nunca mais encontrar.
Se me obrigassem a dizer porque o amava, sinto que a minha única resposta seria: ”Porque era ele, porque era eu”.
Até mesmo para quem passou toda uma vida no mar, chega uma idade em que se deixa a embarcação.
Quem não tem marido, não tem amigo.
Na sociedade opulenta não se pode fazer nenhuma distinção válida entre os luxos e as necessidades.
A virtude não iria tão longe se a vaidade lhe não fizesse companhia.
Corte sua própria lenha. Assim, ela aquecerá você duas vezes.
A ciência é o grande antídoto do veneno do entusiasmo e da superstição.
Erro é pôr em perigo quem não é para se pôr nele.
No meio da dificuldade vive a oportunidade.