Os Amigos dos Outros
Faz grandes elogios de alguém na presença de um terceiro. Se este se mantém calado, é porque não é amigo do primeiro. O mesmo poderás adivinhar se ele desviar a conversa para outro assunto, se mal responde, se se esforça por moderar os teus elogios, se se diz mal informado acerca da pessoa em causa ou ainda se se lança no elogio de pessoas que nada têm que ver.
Podes igualmente mencionar um acto admirável praticado por essa pessoa – um acto acerca do qual sabes que o teu interlocutor está perfeitamente ao corrente – para veres se aproveita ou não para o valorizar. Reagirá, talvez, dizendo que, nesse caso, foi uma questão de sorte ou que a Divina Providência é, por vezes, muito pródiga. Ou então aproveitará para gabar proezas ainda mais notáveis de outros. Pode ainda afirmar que essa tua pessoa se limitou a seguir um bom conselho.
Passagens sobre Pessoas
3265 resultadosA razão pela qual algumas pessoas acham tão difícil serem felizes é porque estão sempre a julgar o passado melhor do que foi, o presente pior do que é e o futuro melhor do que será.
O comportamento que é admirado pelos outros
é o caminho para o poder entre as pessoas, em toda a parte.
Para eliminar a desarmonia do lar é preciso que o marido, a mulher, os pais, os filhos, a sogra, a nora, etc. se coloquem um no lugar do outro. O marido deve pensar: ‘Colocando-me no lugar de minha mulher, percebo quão desastrado tenho sido como marido. Perdoe-me, querida’. A mulher deve pensar: ‘ Colocando-me no lugar de meu marido, percebo o quanto tenho sido incompetente como esposa. Perdão, querido’. Deste modo, cada um deve abrir o coração e pedir perdão. O ser humano não perde a dignidade só porque pediu perdão. Se alguém se sente diminuído quando pede perdão é porque não conhece a Verdade. Pedir perdão significa anular o ‘falso eu’ e fazer renascer o ‘Eu verdadeiro’ (filho de Deus). Nesse momento, a pessoa se torna verdadeiramente forte.
O único modo que já se descobriu de ter muitas pessoas cooperando entre si voluntariamente é através do livre mercado. É por isso que é tão essencial preservar a liberdade individual.
É preciso correr riscos, seguir certos caminhos e abandonar outros. Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo.
Um Amor Verdadeiro
Admitamos: o amor é um assunto que já foi falado e voltado a falar, trivializado e dramatizado ao ponto de as pessoas não saberem já o que é e o que não é. A maioria de nós não consegue vê-lo porque temos as nossas ideias preconcebidas sobre o que é (é suposto ser mais forte do que nós e arrebatar-nos) e como aparece (num embrulho alto, magro, bem-humorado e charmoso). Por isso, se o amor não aparecer envolvido na nossa fantasia, não o conseguimos reconhecer.
Mas tenho a certeza do seguinte: o amor está em todo o lado. É possível amar e ser amado independentemente do sítio onde estamos. O amor existe sob todas as formas. Às vezes vou até ao jardim da minha casa e sinto o amor a vibrar em todas as minhas árvores. Está sempre disponível.
Já vi tantas mulheres (incluindo eu) confundidas pela ideia de um romance, acreditando que só serão pessoas completas se encontrarem alguém que complete as suas vidas. Se pensarmos bem, não é uma ideia maluca? Você, sozinho, tem de preencher com amor esses espaços vazios e destruídos. Como diz Ralph Waldo Emerson: «Nada lhe poderá dar paz a não ser você mesmo.»
Nunca esquecerei o momento em que estava a limpar uma gaveta e me deparei com doze páginas que me obrigaram a parar.
As pessoas fracas não podem ser sinceras.
No meu ofício de escritor, penso não me ter afastado nunca da minha consciência de cidadão. Defendo que aonde vai um, deve ir o outro. Não recordo ter escrito uma só palavra que estivesse em contradição com as minhas convicções políticas, mas isso não significa que alguma vez tenha posto a literatura ao serviço da minha ideologia. O que significa, isso sim, é que no momento em que escrevo estou expressando a totalidade da pessoa que sou.
A Tolerância é Com as Pessoas, Não Com os Actos
Grande arte é saber corrigir a tempo, oportunamente, abrindo uma porta; sem esmagar a pessoa mas ajudando a superar o erro. Quem sabe fazer esta distinção não deve ter medo de ter opinião nem cai na ratoeira de se calar dizendo que é tolerante. A tolerância é com as pessoas, não com os actos.
Não tenho muitos amigos. Meu ponto de vista é como o de Mark Twain: tirando uma por uma, as pessoas são legais.
A Racionalização das Emoções
O ponto de vista feminino tem sido muito mais difícil de expressar que o masculino. Se assim me posso exprimir, o ponto de vista feminino não passa pela racionalização por que o intelecto do homem faz passar os seus sentimentos. A mulher pensa emocionalmente; a sua visão baseia-se na intuição. Por exemplo, ela pode ter um sentimento em relação a qualquer coisa que nem sequer é capaz de articular.
A princípio, achei extremamente difícil descrever como me sentia. Porém, se fazemos psicanálise, a questão é sempre: «Como é que se sentiu em relação a isso?» e não «O que é que pensou?» E como muito frequentemente a mulher não deu o segundo passo, que é explicar a sua intuição – por que passos lá chegou, o a-b-c daquilo – ela não consegue ser tão articulada.
Ora eu tentei fazer isso (quer tenha conseguido quer não), e, porque estava a escrever um diário que pensava que ninguém leria, consegui anotar o que sentia acerca das pessoas ou o que sentia acerca do que via sem o segundo processo. O segundo processo veio através da psicanálise, que era igualmente um método de comunicar com o homem em termos de uma racionalização das nossas emoções de modo que pareçam fazer sentido ao intelecto masculino.
A Racionalidade Irracional
Eu digo muitas vezes que o instinto serve melhor os animais do que a razão a nossa espécie. E o instinto serve melhor os animais porque é conservador, defende a vida. Se um animal come outro, come-o porque tem de comer, porque tem de viver; mas quando assistimos a cenas de lutas terríveis entre animais, o leão que persegue a gazela e que a morde e que a mata e que a devora, parece que o nosso coração sensível dirá «que coisa tão cruel». Não: quem se comporta com crueldade é o homem, não é o animal, aquilo não é crueldade; o animal não tortura, é o homem que tortura. Então o que eu critico é o comportamento do ser humano, um ser dotado de razão, razão disciplinadora, organizadora, mantenedora da vida, que deveria sê-lo e que não o é; o que eu critico é a facilidade com que o ser humano se corrompe, com que se torna maligno.
Aquela ideia que temos da esperança nas crianças, nos meninos e nas meninas pequenas, a ideia de que são seres aparentemente maravilhosos, de olhares puros, relativamente a essa ideia eu digo: pois sim, é tudo muito bonito, são de facto muito simpáticos,
Títulos e Diplomas
Parece que a humanidade só se esforça enquanto tem a esperar diplomas idiotas, que pode exibir em público para obter proveitos, mas, quando já tem na mão tais diplomas idiotas em número suficiente, deixa-se levar. Ela vive em grande parte só para obter diplomas e títulos, não por qualquer outra razão, e, depois de ter obtido o número de diplomas e títulos que, na sua opinião, é suficiente, deixa-se cair na cama macia desses diplomas e títulos. Ela não parece ter qualquer outro objectivo para a vida. Não tem, segundo parece, qualquer interesse numa vida própria, independente, numa existência própria, independente, mas apenas nesses diplomas e títulos, sob os quais a humanidade há já séculos ameaça sufocar.
As pessoas não procuram independência e autonomia, não procuram a sua própria evolução natural, mas apenas esses diplomas e títulos e estariam, a todo o momento, prontas a morrer por esses diplomas e títulos, se lhos entregassem e dessem sem qualquer condição, esta é que é a verdade desmascaradora e deprimente. Tão pouco estimam elas a vida em si que só vêem os diplomas e títulos e nada mais. Elas penduram nas paredes das suas casas os diplomas e títulos, nas casas dos mestres talhantes e dos filósofos,
O Espírito da Conversação
Há pessoas que falam um momento antes de pensar; há outras que prestam fraca atenção ao que dizem, e com as quais sofremos, na conversação, todo o trabalho que a sua inteligência tem; estão como amassados de frases e jeitos de expressão, concertados nos gestos e em toda a sua atitude.
O espírito da conversação consiste muito menos em mostrar muito espírito que em fazer com que os outros o achem: quem sai de uma palestra contente consigo mesmo e com o seu espírito, sai perfeitamente contente com o orador. Os homens não gostam de admirar; querem agradar: procuram menos ser instruídos, e mesmo satisfeitos, que serem apreciados e aplaudidos; e o prazer mais delicado que há é o de causar o dos outros.
Dar auto-confiança às pessoas é, de longe, a coisa mais importante que se pode fazer. Porque então eles irão agir.
Devemos chorar as pessoas à nascença, e não aquando da sua morte.
A língua que calunia mata três pessoas ao mesmo tempo: a que profere a calúnia, a que escuta, e a pessoa sobre a qual se fala.
Sempre lamentei nunca ter sido capaz de falar abertamente com os meus pais, especialmente com o meu pai. Tenho ouvido e lido tantas coisas sobre a minha família que já não consigo acreditar em nada; qualquer pessoa da família que eu questione tem uma história completamente diferente da dos outros.
Estranho dizer que prazer, nós, pessoas casadas, temos em ver esses pobres tolos caindo na mesma armadilha que nós.