A Necessidade do Desarmamento
A realização do plano de desarmamento tem sido prejudicada principalmente por ninguém se dar verdadeiramente conta da enorme dificuldade do problema em geral. A maior parte dos objectivos só são atingidos a passos lentos. Basta pensar na substituição da Monarquia absoluta pela Democracia! É um objectivo que convém atingir depressa.
Com efeito, enquanto não for excluída a possibilidade de guerra, as nações não prescindirão de se prepararem militarmente o melhor possível, para poderem enfrentar vitoriosamente a próxima guerra. Nem tão-pouco se prescindirá de educar a juventude nas tradições guerreiras, de alimentar a comezinha vaidade nacional aliada à glorificação do espírito guerreiro, enquanto for preciso contar com a possibilidade de vir a fazer uso desse espírito dos cidadãos na resolução dos conflitos pelas armas. Armar-se significa precisamente afirmar e preparar a guerra e não a paz! Portanto, não interessa proceder ao desarmamento gradual mas radicalmente, de uma só vez, ou nunca.
A realização de tão profunda modificação na vida dos povos tem como condição um enorme esforço moral e o abandono de tradições profundamente enraizadas. Quem não estiver preparado para, em caso de conflito, fazer depender o destino da sua pátria incondicionalmente das decisões dum tribunal internacional de arbitragem,
Passagens sobre Problemas
558 resultadosPensando bem, acho que o problema está em você que vê todo o meu sacrifício pra estar contigo e mesmo assim vive fugindo de mim.
Um Cérebro Sempre Jovem
A sociedade está a ser varrida por um movimento chamado nova velhice. A norma social para as pessoas de idade era passiva e sombria; confinadas a cadeiras de baloiço, esperava-se que entrassem em declínio físico e mental. Agora o inverso é verdade. As pessoas mais velhas têm expetativas mais elevadas de que permanecerão ativas e com vitalidade. Consequentemente, a definição de velhice mudou. Num inquérito perguntou-se a uma amostra de baby boomers: “Quando tem início a velhice?” A resposta média foi aos 85. À medida que aumentam as expetativas, o cérebro deve claramente manter-se a par e adaptar-se à nova velhice. A antiga teoria do cérebro fixo e estagnado sustentava ser inevitável um cérebro que envelhecesse. Supostamente as células cerebrais morriam continuamente ao longo do tempo à medida que uma pessoa envelhecia, e a sua perda era irreversível.
Agora que compreendemos quão flexível e dinâmico é o cérebro, a inevitabilidade da perda celular já não é válida. No processo de envelhecimento — que progride à razão de 1% ao ano depois dos trinta anos de idade — não há duas pessoas que envelheçam de maneira igual. Até os gémeos idênticos, nascidos com os mesmos genes, terão muito diferentes padrões de atividade genética aos setenta anos,
A educação pública nunca resolve o difícil problema do desenvolvimento simultâneo do corpo e da inteligência.
Não temos nas nossas mãos as soluções para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo temos as nossas mãos.
O progresso técnico deixará apenas um problema: a fragilidade da natureza humana.
Não há plantas boas para comida que não o sejam também para cura. O excesso é que causa problemas.
Breve Explicação do Sentido da Vida
Como exprimir em duas linhas o que venho tentando explicar já não sei em quantos livros? A vida é um valor desconcertante pelo contraste entre o prodígio que é e a sua nula significação. Toda a «filosofia da vida» tem de aspirar à mútua integração destes contrários. Com uma transcendência divina, a integração era fácil. Mas mais difícil do que o absurdo em que nos movemos seria justamente essa transcendência. Há várias formas de resolver tal absurdo, sendo a mais fácil precisamente a mais estúpida, que é a de ignorá-lo.
Mas se é a vida que ao fim e ao cabo resolve todos os problemas insolúveis – às vezes ou normalmente, pelo seu abandono – nós podemos dar uma ajuda. Ora uma ajuda eficaz é enfrentá-lo e debatê-lo até o gastar… Porque tudo se gasta: a música mais bela ou a dor mais profunda. Que pode ficar-nos para já de um desgaste que promovemos e ainda não operamos? Não vejo que possa ser outra coisa além da aceitação, não em plenitude – que a não há ainda – mas em resignação. Filosofia da velhice, dir-se-á. Com a diferença, porém, de que a velhice quer repouso e nós ainda nos movemos bastante.
O Dilema do Conhecimento
Como todos sabemos, aprender pouco é algo perigoso. Mas o excesso de aprendizado altamente especializado também é uma coisa perigosa, e por vezes pode ser ainda mais perigoso do que aprender só um pouco. Um dos principais problemas da educação superior agora é conciliar as exigências da muita aprendizagem, que é essencialmente uma aprendizagem especializada, com as exigências da pouca aprendizagem, que é a abordagem mais ampla, mas menos profunda, dos problemas humanos em geral.
(…) O que precisamos fazer é arranjar casamentos, ou melhor, trazer de volta ao seu estado original de casados os diversos departamentos do conhecimento e das emoções, que foram arbitrariamente separados e levados a viver em isolamento nas suas celas monásticas. Podemos parodiar a Bíblia e dizer: “Que o homem não separe o que a natureza juntou”; não permitamos que a arbitrária divisão académica em disciplinas rompa a teia densa da realidade, transformando-a em absurdo.
Mas aqui deparamo-nos com um problema muito grave: qualquer forma de conhecimento superior exige especialização. Precisamos de nos especializar para entrar mais profundamente em certos aspectos separados da realidade. Mas se a especialização é absolutamente necessária, pode ser absolutamente fatal, se levada longe demais. Por isso, precisamos de descobrir algum meio de tirar o maior proveito de ambos os mundos –
A Esperança de uma Relação Profunda
Conhecemos as pessoas durante anos, até mesmo dezenas de anos, habituamo-nos a evitar os problemas pessoais e os assuntos verdadeiramente importantes, mas guardamos a esperança de que, mais tarde, em circunstâncias mais favoráveis, se possam justamente abordar esses assuntos e esses problemas. A esperança, sempre adiada, de um relacionamento mais humano e mais completo nunca desaparece completamente, porque nenhuma relação humana se contenta com limites definitivos, restritos e rígidos. Permanece, portanto, a esperança, de que haja um dia uma relação «autêntica e profunda». E permanece durante anos, até mesmo décadas, até que um acontecimento definitivo e brutal (em geral, uma coisa como a morte) vem dizer-nos que é demasiado tarde, que essa «relação autêntica e profunda», cuja imagem tínhamos amado, também não existirá; não existirá, tal como as outras.
Nascer em Nós
Depositamos pouca fé em nós mesmos. Acreditamos que as boas soluções só podem chegar-nos de fora, como se fossemos incapazes de as criar… Quantas vezes a fé e a esperança aparecem como uma desculpa confortável em que nos instalamos e desistimos de trabalhar!? Queremos muito que tudo mude (para melhor), de uma vez só, com uma só chave milagrosa e… enquanto estamos a dormir.
Outro é o desafio da existência humana. Para além de saber esperar, é preciso lutar e sofrer. Esperar não é ficar à espera, mas encontrar forma para que as coisas aconteçam. O melhor do mundo está no fundo de nós, mas é preciso que o façamos nascer e crescer…As soluções estão, na maior parte dos casos, no seio dos problemas, quase sempre no exato ponto onde eles nasceram. Os problemas não são becos sem saída, mas muros a transpor: não são algo acabado, mas sim processos… não são quês, são comos.
Deus pode nascer em nós, não vem de fora, como um forasteiro. É connosco. É-nos íntimo. São as nossas mãos que o encarnam… é pela nossa vida que Ele quer chegar ao mundo.
Há muitos que o querem no alto,
Nós Nunca Nos Entendemos
Após uma boa hora de conversa, entendemo-nos perfeitamente. Amanhã vem ter comigo com as mãos na cabeça, gritando:
– Como é possível? O que é que você percebeu? Não me disse isto e isto?
Isto e isto, perfeitamente. Mas o problema é que você, meu caro, nunca saberá nem eu lhe poderei nunca dizer como se traduz, em mim, aquilo que você me disse. Não falou turco, não. Eu e você usámos a mesma língua, as mesmas palavras. Mas que culpa temos nós de que as palavras, em si, sejam vazias? Vazias, meu caro. Ao dizê-las a mim, você preenche-as com o seu sentido; e eu, ao recebê-las, inevitavelmente preencho-as com o meu sentido. Pensámos que nos entendíamos; de facto, não nos entendemos.
E conto velho também é o facto de o sabermos. Eu não pretendo dizer nada de novo. Apenas volto a perguntar-lhe:
– Porque continua, então, a proceder como se não o soubesse? Porque continua a falar-me de si se sabe que para ser para mim como é para você mesmo e para eu ser, para si, como sou para mim, seria preciso que eu, dentro de mim, lhe desse a mesma realidade que você dá a si mesmo,
Penso que na discussão dos problemas da natureza deveríamos começar não pelas escrituras, mas antes pelas experiências e demonstrações.
A essência de haver um problema é não haver uma solução.
A detenção de Pinochet é moralmente justa, legalmente questionável e politicamente poderia criar muitos problemas dentro do Chile.
O Inconsciente
Nas discussões sobre o inconsciente nas quais, contra todas as autoridades estabelecidas e reconhecidas, jamais cedo uma polegada de terreno, existe mais do que um problema de palavras. Que um mecanismo semelhante ao instinto dos animais nos faça muitas vezes falar e agir e em seguida pensar, isto é conhecido e nem se discute. Mas trata-se de saber se o que sai assim das minhas entranhas, sem que eu o tenha composto, nem deliberado, é uma espécie de oráculo, isto é, um pensamento vindo das profundezas; ou se devo antes considerá-lo como um movimento da natureza que não tem mais sentido do que o movimento da folhagem do vento.
Amo-te Sem Saber Como
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou seta de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.
Para fugir ou para buscar. Os fugitivos cedo ou tarde descobrem que seus problemas são de natureza geográfica.
O Oportunismo
O oportunismo é, porventura, a mais poderosa de todas as tentações; quem reflectiu sobre um problema e lhe encontrou solução é levado a querer realizá-la, mesmo que para isso se tenha de afastar um pouco de mais rígidas regras de moral; e a gravidade do perigo é tanto maior quanto é certo que se não é movido por um lado inferior do espírito, mas quase sempre pelo amor das grandes ideias, pela generosidade, pelo desejo de um grupo humano mais culto e mais feliz.
Por outra parte, é muito difícil lutar contra uma tendência que anda inerente ao homem, à sua pequenez, à sua fragilidade ante o universo e que rompe através dos raciocínios mais fortes e das almas mais bem apetrechadas: não damos ao futuro toda a extensão que ele realmente comporta, supomos que o progresso se detém amanhã e que é neste mesmo momento, embora transigindo, embora feridos de incoerência, que temos de lançar o grão à terra e de puxar o caule verde para que a planta se erga mais depressa.
Seria bom, no entanto, que pensássemos no reduzido valor que têm leis e reformas quando não respondem a uma necessidade íntima, quando não exprimem o que já andava,
Ninguém é bom ou mau na cama. Se há um problema sexual, é outra coisa, mas senão há problemas concretos, basta que se goste muito de uma mulher; se isso acontece, ela é a melhor na cama.