Passagens sobre Próprio

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Há os que fazem gentileza ao próximo com satisfação se for por iniciativa deles próprios, mas que se rebelam quando solicitados a praticá-la. A gentileza dessas pessoas não é verdadeira por que ainda contém ego. A gentileza só será verdadeira quando a pessoa for capaz de praticá-la docilmente, sem manifestar o ego. A gentileza é para vivificar o próximo, e não para vivificar o ego. Anulando-se o ego, vivifica-se o ‘Eu verdadeiro’.

Tanto as pessoas quanto as nações precisam livrar-se de seus preconceitos. Sinta-se falando diretamente com Deus: não leia o livro, leia sua alma; e então qualquer pequena capela ficará tão grande quanto a própria abóbada celeste.

Há em Cada Coisa Aquilo que Ela É que a Anima

Também sei fazer conjecturas.
Há em cada coisa aquilo que ela é que a anima.
Na planta está por fora e é uma ninfa pequena.
No animal é um ser interior longínquo.
No homem é a alma que vive com ele e é já ele.
Nos deuses tem o mesmo tamanho
E o mesmo espaço que o corpo
E é a mesma coisa que o corpo.
Por isso se diz que os deuses nunca morrem.
Por isso os deuses não têm corpo e alma
Mas só corpo e são perfeitos.
O corpo é que lhes é alma
E têm a consciência na própria carne divina.

Um conselho aos jovens escritores? Sempre o mesmo conselho: aprendam a confiar no vosso próprio julgamento, aprendam a serem independentes por dentro, aprendam a confiar que o tempo vai separar o que é bom do que é mau – incluindo o vosso próprio mau.

A razão é um formulário para se provar o que já provámos para nós próprios. E é por isso que a metafísica continua e a filosofia analítica vai ficando para trás.

Quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa própria de um justo

Quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa própria de um justo.

Todo discurso deve ser construído como uma criatura viva, dotado por assim dizer do seu próprio corpo; não lhe podem faltar nem pés nem cabeça; tem de dispor de um meio e de extremidades compostas de modo tal que sejam compatíveis uns com os outros e com a obra como um todo

Na proposição da “individualidade de cada alma humana”, feministas propõem que mulheres não são o seu sexo; nem seu sexo mais alguma coisinha — um aditivo liberal de personalidade, por exemplo; mas que cada vida — incluindo a vida de cada mulher — deve ser da própria pessoa, não predeterminada antes do nascimento dela por idéias totalitárias sobre a sua natureza e sua função, nem sujeita a tutela por alguma classe mais poderosa, nem determinada coletivamente, mas desenvolvida por ela mesma, para si mesma. Francamente, ninguém sabe muito o que feministas pretendem; a ideia de mulheres não definidas por sexo e reprodução é anátema ou desconcertante. Ela é a mais simples idéia revolucionária já concebida, e a mais desprezada.

Nasci de Novo

Terminei o poema e levei-te o terceiro acto. Conduziste-me junto da cadeira, defronte do canapé, abraçaste-me e disseste: «Agora já não desejo mais nada na vida». Nesse dia, a essa precisa hora, nasci de novo. Até então fora uma vida preparatória. Depois começou a minha vida póstuma. Mas nesse momento maravilhoso vivi o meu presente. Sabes bem como o recebi: não sobreexcitado, tempestuoso, inebriado, mas solenemente o recebi, doce, calorosa e profundamente perturbado, e como que olhando o infinito diante de mim. Cada vez me desligara mais dolorosamente do Mundo. Tudo em mim se tornara negação, recusa. As minhas próprias criações eram-me apenas sofrimento, nostalgia, e um insaciável desejo de opor a essa negação, a essa nostalgia, uma afirmação – além de poder desdobrar-me num outro eu. Esse momento único concedeu-mo. Uma mulher terna, tímida, receosa, lançou-se corajosamente no oceano do sofrimento para me oferecer esse instante adorável. Para me dizer: amo-te. Foi como se te tivesses dedicado à morte para me dares a vida; e eu recebi a vida para contigo sofrer e morrer.

É terrível uma pessoa sentir-se o centro do Mundo, mesmo para si própria. Dá um alívio bestial – a gente vê isso nas análises – quando um gajo descobre que deixa de ser o centro do Mundo e que as outras pessoas são iguais a ela, que ela deixa de ser realmente o centro, o sol, a coisa mais importante.

Como Fizeste, Pórcia, Tal Ferida?

Como fizeste, Pórcia, tal ferida?
Foi voluntária, ou foi por inocência?
-Mas foi fazer Amor experiência
se podia sofrer tirar me a vida.

-E com teu próprio sangue te convida
a não pores à vida resistência?
-Ando me acostumando à paciência,
porque o temor a morte não impida.

-Pois porque comes, logo, fogo ardente,
se a ferro te costumas?-Porque ordena
Amor que morra e pene juntamente.

E tens a dor do ferro por pequena?
-Si: que a dor costumada não se sente;
e eu não quero a morte sem a pena.

A Oportunidade de nos Vencermos a nós Próprios

Um povo de ociosos bem que se poderia divertir a construir obstáculos para si, exercitando-se nas ciências, nas artes, nos jogos; mas os esforços que procedem apenas da fantasia não constituem para o homem um meio de dominar as suas próprias fantasias. São os obstáculos com que deparamos e que é preciso superar que fornecem a oportunidade de nos vencermos a nós mesmos. Mesmo as actividades aparentemente mais livres, ciência, arte, desporto, só têm valor na medida em que imitam a exactidão, o rigor, o escrúpulo próprios dos trabalhos e até os exageram.

Quantos São os que Sabem Ser Donos de Si Próprios?

Apenas julgamos comprar aquilo que nos custa dinheiro, enquanto consideramos gratuito o que pagamos com a nossa própria pessoa. Coisas que não quereríamos comprar se em troca devêssemos dar a nossa casa, ou uma quinta de recreio, ou de rendimento, estamos inteiramente dispostos a obtê-las a troco de ansiedades e de perigos, para tal sacrificando a honra, a liberdade, o tempo. A tal ponto é verdade que a nada damos menos valor do que a nós próprios! Façamos, portanto, em todas as nossas decisões e actos, o mesmo que fazemos ao abordar qualquer vendedor: perguntemos o preço da mercadoria que desejamos.
Frequentemente pagamos ao mais alto preço algo por que nada deveríamos dar. Posso indicar-te muitos bens cuja aquisição, mesmo por oferta, nos custa a liberdade: seríamos donos de nós próprios se não fôssemos possuidores de tais bens.
Deves meditar no que te digo, quer se trate de lucros quer de despesas. «Este objecto vai estragar-se». Ora, é uma coisa exterior; tão facilmente passarás sem ela como passaste antes de a ter. Se tiveste esse objecto bastante tempo, perde-lo depois de saciado; se pouco tempo, perde-lo antes de te habituares a ele. «Ganharás menos dinheiro». E menos preocupações,

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A Educação da Fé

Sendo a fé um dom, como pode ser motivo de educação? Não pode realmente ser ensinada, mas sim irradiada. Os que a possuem podem significar a estrela-guia, a perseverança num encontro difícil de suceder, mas cuja esperança comove todo o nosso ser. É possível que a Igreja se volte para esse apostolado da fé que foi extremamente importante no seu começo. Não o velho sistema de grupos sectários que são o modelo dos processos políticos e que, quando se afirma um movimento e este toma amplitude, se eliminam. Não é isso. Trata-se de focos de comunicação que dispensam a organização premeditada e até a linguagem elaborada, o discurso piedoso e a erudição duma exegese. Um interessar a alma na fé sem recorrer ao preconceito da santidade. Descobrir a imensa novidade da fé num mundo em que o próprio cristão vive de maneira pagã e singularmente a coberto dos antigos textos que esqueceu ou que desconhece completamente.

A prova de que o cristão vive como um bárbaro é o sentido que tomou a arte religiosa. Não é raro encontrar nas salas de convívio burguesas, juntamente com a televisão, ou a mesa de jogo, ou a instalação estereofónica para o gira-disco,

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O Perigo da Extinção do Individualismo

Ao contemplar nas grandes cidades essas imensas aglomerações de seres humanos, que vão e vêm pelas suas ruas ou se concentram em festivais e manifestações políticas, incorpora-se em mim, obsedante, este pensamento: pode hoje um homem de vinte anos formar um projecto de vida que tenha figura individual e que, portanto, necessitaria realizar-se mediante as suas iniciativas independentes, mediante os seus esforços particulares? Ao tentar o desenvolvimento desta imagem na sua fantasia, não notará que é, senão impossível, quase improvável, porque não há à sua disposição espaço em que possa alojá-la e em que possa mover-se segundo o seu próprio ditame? Logo advertirá que o seu projecto tropeça com o próximo, como a vida do próximo aperta a sua. O desânimo leva-lo-á com a facilidade de adaptação própria da sua idade a renunciar não só a todo o acto, como até a todo o desejo pessoal e buscará a solução oposta: imaginará para si uma vida standard, composta de desideratos comuns a todos e verá que para consegui-la tem de a solicitar ou exigir em coletividade com os demais. Daí a acção em massa.
A coisa é horrível, mas não creio que exagera a situação efectiva em que se vão achando quase todos os europeus.

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Crítica Efémera

Por muito alto que nos coloquemos para julgar a nossa época, nunca será tão alto como o historiador futuro; a montanha onde pensamos fazer o nosso ninho de águia não passará para ele dum ninho de toupeira; a sentença que demos à nossa época figurará entre as peças do nosso processo. Em vão tentaremos ser o nosso próprio historiador: o próprio historiador é personagem histórica. Devemos concentrar-nos em fazer a nossa história às cegas, dia a dia, escolhendo entre todos os partidos aquele que nos parecer ser presentemente o melhor; mas nunca poderemos tomar para com ela os ares altivos que fizeram a fortuna de Taine e Michelet; nós estamos dentro dela. O mesmo acontece com o crítico: é em vão que inveja o historiador das ideias.

Exactidão

Levam as frases sentido
que uma cadência lhes dá:
sentido do não-vivido
a que fica reduzido
o que, escolhido, não há.

Do imo do poder ser,
onde o não-sido se arrasta,
ouvi cadências crescer:
vaga música de ter,
na vida, quanto não basta –

quanto um sentido se entenda,
que nem verdade ou mentira.
(Que o que dele se aprenda
é como cobarde venda
para que a luz nos não fira.

Luz sem luz, brilho da treva
que tudo no fundo é;
e a certeza que se eleva
do fundo da própria treva,
de exacta que seja, é.)

Levam justiça consigo
as palavras que dissermos.
Por quanto sentido antigo,
nelas ficou por castigo
o futuro que tivermos.

Levam as frases sentido
que uma cadência lhes dá.
É justo, injusto – o escolhido?
Como quereis que, vivido,
ele não seja o que será?