Passagens sobre ProvidĂȘncia

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Certa pessoa muito religiosa que dirigia uma escola dominical recebeu de um amigo o seguinte comunicado: ‘Comprei um ĂłrgĂŁo para ofertar Ă  sua escola dominical e estou tomando providĂȘncias para enviĂĄ-lo a vocĂȘ’. Perplexo, o religioso orou fervorosamente a Deus: ‘Senhor, uma criatura tĂŁo modesta como eu nĂŁo merece uma coisa tĂŁo valiosa’. Para ele, a escassez era bem-vinda mas o conforto nĂŁo era merecido.

Descobrir os VĂ­cios dos Outros

Eis agora um bom mĂ©todo para descobrir os vĂ­cios de uma pessoa. Começa por conduzir a conversa para os vĂ­cios mais correntes, depois aborda mais em particular os que pensas que possam afligir o teu interlocutor. Fica a saber que se mostrarĂĄ extremamente duro na reprovação e denĂșncia do vĂ­cio de que ele prĂłprio padece. Assim se vĂȘem muitas vezes pregadores fustigar com a maior veemĂȘncia os vĂ­cios que os aviltam.
Para desmascarar um falso, consulta-o acerca de um determinado assunto. Depois, passados alguns dias, volta a falar-lhe nesse mesmo assunto. Se, da primeira vez, te quis induzir em erro, a opiniĂŁo que desta segunda vez te darĂĄ serĂĄ diferente: quer a Diniva ProvidĂȘncia que depressa esqueçamos as nossas prĂłprias mentiras.
Finge-te bem informado acerca de um caso de que, na realidade, não sabes grande coisa, na presença de pessoas das quais tenhas motivos para crer que estão perfeitamente ao corrente: verås que se trairão, ao corrigirem o que disseres.
Quando vires um homem afectado por um grande desgosto, aproveita a ocasião para o lisonjear e consolar. É muitas vezes nestas circunstñncias que deixará transparecer os seus pensamentos mais secretos e ocultos.
Leva as pessoas –

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Desastre

Ele ia numa maca, em Ăąnsias, contrafeito,
Soltando fundos ais e trĂȘmulos queixumes;
CaĂ­ra dum andaime e dera com o peito,
Pesada e secamente, em cima duns tapumes.

A brisa que balouça as årvores das praças,
Como uma mĂŁe erguia ao leito os cortinados,
E dentro eu divisei o ungido das desgraças,
Trazendo em sangue negro os membros ensopados.

Um preto, que sustinha o peso dum varal,
Chorava ao murmurar-lhe: “Homem nĂŁo desfaleça!”
E um lenço esfarrapado em volta da cabeça,
Talvez lhe aumentasse a febre cerebral.

***
Findara honrosamente. As lutas, afinal,
Deixavam repousar essa criança escrava,
E a gente da provĂ­ncia, atĂŽnita, exclamava:
“Que providĂȘncias! Deus! LĂĄ vai para o hospital!”

Por onde o morto passa hĂĄ grupos, murmurinhos;
Mornas essĂȘncias vĂȘm duma perfumaria,
E cheira a peixe frito um armazém de vinhos,
Numa travessa escura em que nĂŁo entra o dia!

Um fidalgote brada e duas prostitutas:
“Que espantos! Um rapaz servente de pedreiro!”
Bisonhos, devagar, passeiam uns recrutas
E conta-se o que foi na loja dum barbeiro.

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É forçoso recorrer ao inconcebĂ­vel, ao sobrenatural, ao misticismo da providĂȘncia oculta para compreender o que vulgarmente se chama «fatalidade».

DependĂȘncia do Governo

Diz-se geralmente que, em Portugal, o pĂșblico tem ideia de que o Governo deve fazer tudo, pensar em tudo, iniciar tudo: tira-se daqui a conclusĂŁo que somos um povo sem poderes iniciadores, bons para ser tutelados, indignos de uma larga liberdade, e inaptos para a independĂȘncia. A nossa pobreza relativa Ă© atribuĂ­da a este hĂĄbito polĂ­tico e social de depender para tudo do Governo, e de volver constantemente as mĂŁos e os olhos para ele como para uma ProvidĂȘncia sempre presente.

Confiemos na ProvidĂȘncia Divina e aceitemos no serviço do bem a nossa mais bela e melhor oportunidade a que denominamos: agora.

Aquilo em que se Tem Mais Vaidade Ă© o Corpo

Aquilo em que se tem mais vaidade Ă© o corpo. Mesmo que aleijado, hĂĄ sempre um pormenor que nos envaidece. CompĂŽ-lo. ArranjĂĄ-lo. O careca puxa o cabelo desde o cachaço ou do olho do cĂș para tapar a degradação. O marreco faz peito. O espelho Ă© para todos o grande dialogante. Passa-se a uma vitrina e olha-se de soslaio a ver como se vai. Uma mulher perfeita (e um homem) nĂŁo inveja o intelectual, o artista. O inverso Ă© que Ă©. Muitas mulheres (e homens) cultivam a excepcionalidade do seu espĂ­rito ou engenho por complexo ou vingança. Quando se nĂŁo tem jĂĄ vaidade no corpo, estĂĄ-se no fim. Mas mesmo num leito de morte nos queremos «compostos». «NĂŁo me descomponhas» — disse a marquesa de TĂĄvora ao carrasco, uns momentos antes de ser decapitada. Tomam-se providĂȘncias para como se hĂĄ-de ir no caixĂŁo. A degradação do corpo Ă© a Ășltima coisa que se aceita. Hoje lavei o carro e vesti um calção para me nĂŁo molhar. Dei uma vista de olhos ao espelho. Grumos, tumefacçÔes pelas pernas. NĂŁo gostei. NĂŁo muito tempo. Lembrou-me um certo professor. Tinha a bossa da oratĂłria. E entĂŁo contava: escrevia um discurso e lia. Parecia-lhe pĂ©ssimo.

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A Boa Sorte

Os homens sĂĄbios, para declinarem a inveja que possa incidir sobre os seus mĂ©ritos, usam atribuĂ­-los Ă  providĂȘncia e Ă  fortuna (sorte); porque assim podem falar deles, e, alĂ©m disso, Ă© honroso para o homem ser benquisto dos poderes superiores. Foi por isso que na tempestade CĂ©sar disse ao piloto: Caesarem portas et fortunam ejus (Transportas CĂ©sar e a sua fortuna). Assim Sylla escolheu o cognome de Feliz e nĂŁo o de Magno. E tem sido notado, que aqueles que demasiadamente atribuem a sua felicidade Ă  ciĂȘncia e habilidade acabam infortunadamente.
Estå escrito que Timóteo, o ateniense, quando apresentara à assembleia o relatório da sua acção como governante, frequentemente intercalou a seguinte frase «e nisto não teve parte a fortuna»; nunca mais prosperou em coisa que empreendesse.

Adoração

Eu nĂŁo te tenho amor simplesmente. A paixĂŁo
Em mim não é amor; filha, é adoração!
Nem se fala em voz baixa Ă  imagem que se adora.
Quando da minha noite eu te contemplo, aurora,
E, estrela da manhĂŁ, um beijo teu perpassa
Em meus låbios, oh! quando essa infinita graça
do teu piedoso olhar me inunda, nesse instante
Eu sinto – virgem linda, inefável, radiante,
Envolta num clarĂŁo balsĂąmico da lua,
A minh’alma ajoelha, trĂ©mula, aos pĂ©s da tua!
Adoro-te!… NĂŁo Ă©s sĂł graciosa, Ă©s bondosa:
Além de bela és santa; além de estrela és rosa.
Bendito seja o deus, bendita a ProvidĂȘncia
Que deu o lĂ­rio ao monte e Ă  tua alma a inocĂȘncia,
O deus que te criou, anjo, para eu te amar,
E fez do mesmo azul o cĂ©u e o teu olhar!…

A uns Olhos Negros

Olhos negros, que da alma sois senhores
Duvido com razĂŁo desse atributo,
Que Ă© muito, que quem mata, traga o luto,
E Ă© muito ver na noite resplendores:

Se de negros, meus olhos, tendes cores,
Como as almas vos dĂŁo hoje tributo.
Quem viu que os negros com rigor astuto
Os brancos prenda com grilhÔes traidores.

Mas ah, que foi discreta providĂȘncia
O fazĂȘ-lo da cor da minha sorte,
Por nĂŁo sentir rigor tĂŁo desabrido.

Para que veja assim toda a prudĂȘncia
Que foi prodĂ­gio grande, e pasmo forte,
Em duas noites ver o Sol partido.

O drama da Igreja e do mundo de hoje Ă© que pouca gente, dentro dela e dele, vai menos por uma metafĂ­sica da ProvidĂȘncia do que por uma fĂ­sica, uma fĂ­sica muito pragmĂĄtica, da PrevidĂȘncia.

Quando a Fortuna Encetou com Desgraças

Quando a Fortuna, de inconstante aviso,
Encetou com desgraças
O varĂŁo que nĂŁo veio humilde, abjecto
Adorar o seu Nume,
Na refalsada Corte, ou ante os cofres
Chapeados de Pluto;
Levando avante, o seu empenho, e acinte,
Maléfica lhe emborca
Sobre a cabeça a mågoas devotada,
Toda a Urna infelice,
Que Jove encheu colĂ©rico co’as penas
De atormentado inferno.
Dos ombros do VarĂŁo constante e justo
Resvalam debruçadas
Perdas de bens, desonras mal sofridas
A lhe aferrar o peito
Co’as garras afaimadas da pobreza;
Logo os tristes Pesares
Em torno ao coração serpeiam, mordem,
Trajando a rojo lutos.
Vem a mĂĄ nova, de agouradas falas,
Que se compÔe sequela
De tibiezas, senÔes, desconfianças,
Desamparo de amigos.
A Doença, com mão finada abrange
Os fatigados membros
E no Ăąmago do peito as amargaras
VĂŁo assentar morada.
Com Ă­ndice maligno a ProvidĂȘncia
Lhe aponta no futuro,
Em nebuloso quadro hĂłrridas formas
De sinistros sucessos.
Quem nĂŁo quisera, com melhor semblante
Despedir-se do dia,
E fraudar, com as sombras do jazigo,

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A maioria das pessoas de ação estĂŁo inclinadas ao fatalismo, a maioria dos pensadores acredita na providĂȘncia.

Feliz foi SĂŁo Francisco que conseguiu ver as mĂŁos da providĂȘncia Divina atĂ© mesmo por trĂĄs dos atos de SatanĂĄs.

A Perenidade do Nosso Fundamento

O ser-nos evidente o nosso fundamento e o ser evidente outro para outros significa que para nĂłs e para eles hĂĄ uma harmonia totalizadora de ser, de pensar, que em si mesma integra cada elemento que escolhamos cada forma de organizar um modo de explicarmos e de nos explicarmos em face do todo harmĂłnico do nosso tempo, cuja harmonia se nos nĂŁo esclarece porque a nĂŁo podemos objectivar e apenas a podemos viver.
Que se explique o acontecer humano pela ProvidĂȘncia divina ou pela HistĂłria, que se determine o modo de ser dessa ProvidĂȘncia ou o tipo de forças que actuam na HistĂłria e a realizam como HistĂłria que Ă©, que se entenda a Justiça e a Moral e a Arte em função dos mais variados tipos de ser, que se abordem todas essas determinaçÔes pelos modos mais diversos de os abordar, que nos entendamos adentro delas pelas mais diversas formas de exercer o entendimento – a realidade Ășltima que nos reabsorve e orienta todos esses modos de compreender e de ser Ă© a explicação derradeira porque jĂĄ nĂŁo explica nada.
Porque se explicasse, se fosse algo determinĂĄvel pelo que Ă© e pelo modo como actua, exigir-nos-ia ainda uma outra dimensĂŁo,

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A providĂȘncia tempera as coisas deste mundo de modo que se podem simbolizar todas as felicidades dele numa ameixa saragoçana. Doçura, suco, beleza externa, sim senhor; tudo quanto quiserem: mas, no fim de contas, travo e mais travo ao pĂ© do caroço.

As pessoas reclamam muito, mas se acovardam na hora de tomar providĂȘncias. Querem que tudo mude, mas elas mesmas se recusam a mudar.