Passagens sobre ProvidĂȘncia

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Frases sobre providĂȘncia, poemas sobre providĂȘncia e outras passagens sobre providĂȘncia para ler e compartilhar. Leia as melhores citaçÔes em Poetris.

Quando a Fortuna Encetou com Desgraças

Quando a Fortuna, de inconstante aviso,
Encetou com desgraças
O varĂŁo que nĂŁo veio humilde, abjecto
Adorar o seu Nume,
Na refalsada Corte, ou ante os cofres
Chapeados de Pluto;
Levando avante, o seu empenho, e acinte,
Maléfica lhe emborca
Sobre a cabeça a mågoas devotada,
Toda a Urna infelice,
Que Jove encheu colĂ©rico co’as penas
De atormentado inferno.
Dos ombros do VarĂŁo constante e justo
Resvalam debruçadas
Perdas de bens, desonras mal sofridas
A lhe aferrar o peito
Co’as garras afaimadas da pobreza;
Logo os tristes Pesares
Em torno ao coração serpeiam, mordem,
Trajando a rojo lutos.
Vem a mĂĄ nova, de agouradas falas,
Que se compÔe sequela
De tibiezas, senÔes, desconfianças,
Desamparo de amigos.
A Doença, com mão finada abrange
Os fatigados membros
E no Ăąmago do peito as amargaras
VĂŁo assentar morada.
Com Ă­ndice maligno a ProvidĂȘncia
Lhe aponta no futuro,
Em nebuloso quadro hĂłrridas formas
De sinistros sucessos.
Quem nĂŁo quisera, com melhor semblante
Despedir-se do dia,
E fraudar, com as sombras do jazigo,

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A maioria das pessoas de ação estĂŁo inclinadas ao fatalismo, a maioria dos pensadores acredita na providĂȘncia.

Feliz foi SĂŁo Francisco que conseguiu ver as mĂŁos da providĂȘncia Divina atĂ© mesmo por trĂĄs dos atos de SatanĂĄs.

A Perenidade do Nosso Fundamento

O ser-nos evidente o nosso fundamento e o ser evidente outro para outros significa que para nĂłs e para eles hĂĄ uma harmonia totalizadora de ser, de pensar, que em si mesma integra cada elemento que escolhamos cada forma de organizar um modo de explicarmos e de nos explicarmos em face do todo harmĂłnico do nosso tempo, cuja harmonia se nos nĂŁo esclarece porque a nĂŁo podemos objectivar e apenas a podemos viver.
Que se explique o acontecer humano pela ProvidĂȘncia divina ou pela HistĂłria, que se determine o modo de ser dessa ProvidĂȘncia ou o tipo de forças que actuam na HistĂłria e a realizam como HistĂłria que Ă©, que se entenda a Justiça e a Moral e a Arte em função dos mais variados tipos de ser, que se abordem todas essas determinaçÔes pelos modos mais diversos de os abordar, que nos entendamos adentro delas pelas mais diversas formas de exercer o entendimento – a realidade Ășltima que nos reabsorve e orienta todos esses modos de compreender e de ser Ă© a explicação derradeira porque jĂĄ nĂŁo explica nada.
Porque se explicasse, se fosse algo determinĂĄvel pelo que Ă© e pelo modo como actua, exigir-nos-ia ainda uma outra dimensĂŁo,

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A providĂȘncia tempera as coisas deste mundo de modo que se podem simbolizar todas as felicidades dele numa ameixa saragoçana. Doçura, suco, beleza externa, sim senhor; tudo quanto quiserem: mas, no fim de contas, travo e mais travo ao pĂ© do caroço.

As pessoas reclamam muito, mas se acovardam na hora de tomar providĂȘncias. Querem que tudo mude, mas elas mesmas se recusam a mudar.

RuĂ­nas

I

E Ă© triste ver assim ir desfolhando,
VĂȘ-las levadas na amplidĂŁo do ar,
As ilusÔes que andåmos levantando
Sobre o peito das mĂŁes, o eterno altar.

Nem sabe a gente jĂĄ como, nem quando,
HĂĄ-de a nossa alma um dia descansar!
Que as almas vĂŁo perdidas, vĂŁo boiando
Nesta corrente elĂ©ctrica do mar!…

Ó ciĂȘncia, minha amante, Ăł sonho belo!
És fria como a folha dum cutelo…
Nunca o teu lĂĄbio conheceu piedade!

Mas caia embora o velho paraĂ­so,
Caia a fé, caia Deus! sendo preciso,
Em nome do Direito e da Verdade.

II

Morreu-me a luz da crença — alva cecĂ©m,
Pålida virgem de luzentas tranças
Dorme agora na campa das crianças,
Onde eu quisera repousar também.

A graça, as ilusÔes, o amor, a unção,
Doiradas catedrais do meu passado,
Tudo caiu desfeito, escalavrado
Nos tremendos combates da razĂŁo.

Perdida a fé, esse imortal abrigo,
Fiquei sozinho como herĂłi antigo
Batalhando sem elmo e sem escudo.

A implacĂĄvel, a rĂ­gida ciĂȘncia
Deixou-me unicamente a ProvidĂȘncia,

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Aprendendo a Viver

Thoreau era um filĂłsofo americano que, entre coisas mais difĂ­ceis de se assimilar assim de repente, numa leitura de jornal, escreveu muitas coisas que talvez possam nos ajudar a viver de um modo mais inteligente, mais eficaz, mais bonito, menos angustiado.
Thoreau, por exemplo, desolava-se vendo seus vizinhos só pouparem e economizarem para um futuro longínquo. Que se pensasse um pouco no futuro, estava certo. Mas «melhore o momento presente», exclamava. E acrescentava: «Estamos vivos agora.» E comentava com desgosto: «Eles ficam juntando tesouros que as traças e a ferrugem irão roer e os ladrÔes roubar.»
A mensagem Ă© clara: nĂŁo sacrifique o dia de hoje pelo de amanhĂŁ. Se vocĂȘ se sente infeliz agora, tome alguma providĂȘncia agora, pois sĂł na sequĂȘncia dos agoras Ă© que vocĂȘ existe.

Cada um de nĂłs, aliĂĄs, fazendo um exame de consciĂȘncia, lembra-se pelo menos de vĂĄrios agoras que foram perdidos e que nĂŁo voltarĂŁo mais. HĂĄ momentos na vida que o arrependimento de nĂŁo ter tido ou nĂŁo ter sido ou nĂŁo ter resolvido ou nĂŁo ter aceito, hĂĄ momentos na vida em que o arrependimento Ă© profundo como uma dor profunda.
Ele queria que fizéssemos agora o que queremos fazer.

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NecrolĂłgio dos Desiludidos do Amor

Os desiludidos do amor
estĂŁo desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.

Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todas as providĂȘncias
para o remorso das amadas.

Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas nos veremos
seja no claro céu ou turvo inferno.

Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes coraçÔes eles possuíam.
VĂ­sceras imensas, tripas sentimentais
e um estĂŽmago cheio de poesia…

Agora vamos para o cemitério
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados competentemente
(paixÔes de primeira e de segunda classe).

Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Única fortuna, os seus dentes de ouro
nĂŁo servirĂŁo de lastro financeiro
e cobertos de terra perderĂŁo o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba
bravo, violento, sobre a tumba deles.

Defender a ideia de que os nossos sucessos nos sĂŁo concedidos pela ProvidĂȘncia, e nĂŁo pela astĂșcia, Ă© uma astĂșcia a mais para aumentar aos nossos olhos a importĂąncia desses sucessos.