Passagens sobre Sorriso

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Frases sobre sorriso, poemas sobre sorriso e outras passagens sobre sorriso para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Quem é realmente forte consegue oferecer a outra face com serenidade e sorriso, assim como o adulto que olha sorridente para a criancinha que lhe bate na face.

Espera!

Uivaria de amor a féra bruta
Que pela grenha te sentisse a mão!
E eu não sou féra, pomba! Espera! Escuta!
Eu tenho coração!

Não é mais preto o ébano que as tranças
Que adornam o teu collo seductor!
Ai não me fujas, pomba! que me canças!
Não fujas, meu amor!

A mim nasceu-me o sol, rompeu-me o dia
Da noite escura d’olhos taes, mulher!
Não me apagues a luz que me alumia
Senão quando eu morrer!

Eu não te peço a ti que as mãos de neve,
Os dedos afusados d’essas mãos,
Me toquem estas minhas nem de leve…
Seriam rogos vãos!

Não te peço que os labios nacarados
Me deixem esses dentes alvejar,
Trocando, n’um sorriso, os meus cuidados
Em extasis sem par!

Mas uivando de amor a bruta féra
Que pela grenha te sentisse a mão,
Eu não sou féra, pomba! escuta, espera!
Eu tenho coração!

Minha Mãe, Minha Mãe!

Minha mãe, minha mãe! ai que saudade imensa,
Do tempo em que ajoelhava, orando, ao pé de ti.
Caía mansa a noite; e andorinhas aos pares
Cruzavam-se voando em torno dos seus lares,
Suspensos do beiral da casa onde eu nasci.
Era a hora em que já sobre o feno das eiras
Dormia quieto e manso o impávido lebréu.
Vinham-nos da montanha as canções das ceifeiras,
E a Lua branca, além, por entre as oliveiras,
Como a alma dum justo, ia em triunfo ao Céu!…
E, mãos postas, ao pé do altar do teu regaço,
Vendo a Lua subir, muda, alumiando o espaço,
Eu balbuciava a minha infantil oração,
Pedindo ao Deus que está no azul do firmamento
Que mandasse um alívio a cada sofrimento,
Que mandasse uma estrela a cada escuridão.
Por todos eu orava e por todos pedia.
Pelos mortos no horror da terra negra e fria,
Por todas as paixões e por todas as mágoas…
Pelos míseros que entre os uivos das procelas
Vão em noite sem Lua e num barco sem velas
Errantes através do turbilhão das águas.

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Ode para o Futuro

Falareis de nós como de um sonho.
Crepúsculo dourado. Frases calmas.
Gestos vagarosos. Música suave.
Pensamento arguto. Subtis sorrisos.
Paisagens deslizando na distância.
Éramos livres. Falávamos, sabíamos,
e amávamos serena e docemente.

Uma angústia delida, melancólica,
sobre ela sonhareis.

E as tempestades, as desordens, gritos,
violência, escárnio, confusão odienta,
primaveras morrendo ignoradas
nas encostas vizinhas, as prisões,
as mortes, o amor vendido,
as lágrimas e as lutas,
o desespero da vida que nos roubam
– apenas uma angústia melancólica,
sobre a qual sonhareis a idade de oiro.

E, em segredo, saudosos, enlevados,
falareis de nós – de nós! – como de um sonho.

Tive um Cavalo de Cartão

Mulher. A tua pele branca foi um verão que quis viver e me foi negado. Um caminho que não me enganou. Enganou-me a luz e os olhos foscos das manhãs revividas. Enganou-me um sonho de poder ser o filho que fui, a correr pelos campos todo o dia, a medir as searas pelo tamanho dos braços abertos; enganou-me um sonho de poder ser o filho que fui no teu homem e no teu rosto, no teu filho, nosso. Não há manhãs para reviver, sei-o hoje. Não se podem construir dias novos sobre manhãs que se recordam. Inventei-te talvez, partindo de uma estrela como todas estas. Quis ter uma estrela e dar-lhe as manhãs de julho. As grandes manhãs de julho diante de casa e a minha mãe a acabar o almoço bom e o meu pai a chegar e a ralhar, sem ser a sério, por o almoço não estar pronto e eu sentado na terra, talvez a fazer um barroco, talvez a brincar com o cavalo de cartão. Tive um cavalo de cartão. Nunca te contei, pouco te contei, mas tive um cavalo de cartão. Brincava com ele e era bonito. Gostava muito dele. Tanto. Tanto. Tanto. Quando o meu pai mo trouxe,

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Quero sempre poder ter um sorriso estampado em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre… E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Os Deuses Reclinados

… Por todos os lados as estátuas de Buda, de Lorde Buda… As severas, verticais, carcomidas estátuas, com um dourado de resplendor animal, com uma dissolução como se o ar as desgastasse… Crescem-lhes nas faces, nas pregas das túnicas, nos cotovelos, nos umbigos, na boca e no sorriso pequenas máculas: fungos, porosidades, vestígios excrementícios da selva… Ou então as jacentes, as imensas jacentes, as estátuas de quarenta metros de pedra, de granito areento, pálidas, estendidas entre as sussurrantes frondes, inesperadas, surgindo de qualquer canto da selva, de qualquer plataforma circundante… Adormecidas ou não adormecidas, estão ali há cem anos, mil anos, mil vezes mil anos… Mas são suaves, com uma conhecida ambiguidade ultraterrena, aspirando a ficar e a ir-se embora… E aquele sorriso de suavíssima pedra, aquela majestade imponderável, mas feita de pedra dura, perpétua, para quem sorriem, para quem, sobre a terra sangrenta?… Passaram as camponesas que fugiam, os homens do incêndio, os guerreiros mascarados, os falsos sacerdotes, os turistas devoradores…

E manteve-se no seu lugar a estátua, a imensa pedra com joelhos, com pregas na túnica de pedra, com o olhar perdido e não obstante existente, inteiramente inumana e de alguma forma também humana, de alguma forma ou de alguma contradição estatuária,

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Versos

Versos! Versos! Sei lá o que são versos…
Pedaços de sorriso, branca espuma,
Gargalhadas de luz, cantos dispersos,
Ou pétalas que caem uma a uma…

Versos!… Sei lá! Um verso é o teu olhar,
Um verso é o teu sorriso e os de Dante
Eram o teu amor a soluçar
Aos pés da sua estremecida amante!

Meus versos!… Sei eu lá também que são…
Sei lá! Sei lá!… Meu pobre coração
Partido em mil pedaços são talvez…

Versos! Versos! Sei lá o que são versos…
Meus soluços de dor que andam dispersos
Por este grande amor em que não crês…

O Deus Pã não Morreu

O Deus Pã não morreu,
Cada campo que mostra
Aos sorrisos de Apolo
Os peitos nus de Ceres —
Cedo ou tarde vereis
Por lá aparecer
O deus Pã, o imortal.

Não matou outros deuses
O triste deus cristão.
Cristo é um deus a mais,
Talvez um que faltava.
Pã continua a ciar
Os sons da sua flauta
Aos ouvidos de Ceres
Recumbente nos campos.

Os deuses são os mesmos,
Sempre claros e calmos,
Cheios de eternidade
E desprezo por nós,
Trazendo o dia e a noite
E as colheitas douradas
Sem ser para nos dar o dia e a noite e o trigo
Mas por outro e divino
Propósito casual.

Passei Ontem A Noite Junto Dela.

Passei ontem a noite junto dela.
Do camarote a divisão se erguia
Apenas entre nós – e eu vivia
No doce alento dessa virgem bela…

Tanto amor, tanto fogo se revela
Naqueles olhos negros! Só a via!
Música mais do céu, mais harmonia
Aspirando nessa alma de donzela!

Como era doce aquele seio arfando!
Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro-me chorando!

Mas o que é triste e dói ao mundo inteiro
É sentir todo o seio palpitando…
Cheio de amores! E dormir solteiro!

Venda da Alma e Venda do Corpo

Não só as mulheres que casam sem amor, mas apenas por conveniência; não só as esposas que continuam a comer o pão daquele que já não amam e enganam; não só as mulheres se prostituem. É prostituto o escritor que coloca a pena ao serviço das ideias em que não crê; o advogado que defende causas que reconhece injustas; quem finge a adesão aos mitos e interesses dos poderosos para obter recompensas materiais e morais; o actor e o bobo que se expõem diante dos idiotas pagantes para arrecadar aplausos e dinheiro; o poeta que abre aos estranhos os segredos da sua alma, amores e melancolias, para obter em compensação um pouco de fama, de dinheiro ou de compaixão; e, acima de tudo, é prostituto o político, o demagogo, o tribuno que todos devem acariciar, seduzir, a todos promete favores e felicidade e a todos se entrega por amor à popularidade – justamente chamado homem público, quase irmão de toda a mulher pública.
Mas quem de entre nós, pelo menos um dia da sua vida, não simulou um sentimento que não tinha e um entusiasmo que não sentia e repetiu uma opinião falsa para obter compensações, cumplicidades, sorrisos ou benefícios?

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Eu Planto no Teu Corpo

Como se arrasta no sol morno um verme
Por sobre a polpa de uma fruta, eu durmo
A tua carne e sinto o teu contorno
Entre os meus braços como um fruto morno.

E a minha boca sobre a pele, um verme,
Vai percorrendo o teu sorriso, e torno
Ao longo do nariz, depois contorno
Os teus olhos fechados por querer-me.

E desço o teu pescoço, feito um mono,
Para os teus seios mornos, como um verme
Por sobre os frutos prontos para o tombo.

Vertendo a unção da morte nos teus membros,
E estremecendo numa cruz de febre,
Eu planto no teu corpo a flor de um pombo.

Sou os Sonhos que não Realizei

A tristeza de não ser mais do que aquilo que deixei de ser. De não fazer mais do que aquilo que deixei por fazer. Sou os sonhos que não realizei, os passos que não dei. Sou a vida, sim, que não vivi. E é assim que vivo, entre pensamentos de que sou e a lucidez, sempre temporária mas sempre triste, de que não sou. De que não consigo ser. Os dias, lentos e parcimoniosos, são leves brisas de tempo, folhas que o vento, sem esforço, carrega para o destino final. Escrevo porque só sei escrever. Escrevo porque nada sei fazer. E aguardo que, letra a letra, se vá, imagem a imagem, o sonho prometido. E aguardo que, sonho a sonho, se vá, promessa a promessa, o destino ansiado. Sou, mais do que o que sou, o que não sou: o que não fui capaz de ser. Fiquei a meio, sempre a meio, do que desejei finalizar. Meio escritor, meio humano, meio poeta e meio insano, meio senhor, meio criança, meio sorriso na meia infância. Fiquei a meio, sempre a meio, do que desejei finalizar. Fui o quase génio, o quase artista, o quase pedinte, o quase louco. Fui quase feliz,

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Uma boa acção é aquela que faz aparecer um sorriso no rosto do outro

Uma boa acção é aquela que faz aparecer um sorriso no rosto do outro.

A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração.

Se Penso, Existo

Se penso, existo; se falo, existo para os outros, com os outros.

A necessidade é o lugar do encontro. Procuro os outros para me lembrar que existo. E existo, porque os outros me reconhecem como seu igual. Por isso, a minha vida é parte de outras vidas, como um sorriso é parte de uma alegria breve.

Breve é a vida e o seu rasto. A posteridade é apenas a memória acesa de uma vela efémera. Para que a memória não se apague, temos que nos dar uns aos outros, como elos de uma corrente ou pedras de uma catedral.

A necessidade de sobrevivência é o pão da fraternidade.
O futuro é uma construção colectiva.

A graça é o esplendor da beleza, é a beleza em movimento e moça, é o sorriso da infância, é a bondade da força, é o perfume do fruto saboroso, é a elegância da palmeira que se curva, ondeando, às carícias do vento; a graça é a poesia da beleza.