Passagens sobre TĂ­midos

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Frases sobre tímidos, poemas sobre tímidos e outras passagens sobre tímidos para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Eu era muito tímido, reservado, tinha medo daquilo que dizia, medo que aquilo não fosse certo. Mas sobre o que era cinema, sabia muito bem o que queria e o que não queria, muito mais do que agora! Agora tenho mais dúvidas. O mundo mudou, as coisas mudaram e eu também mudei.

Critique os Seus Pensamentos Negativos

O «eu» representa a vontade consciente. Resgatar a liderança do «eu» é gerir a produção dos pensamentos. O «eu» precisa de deixar de ser passivo, tímido e submisso diante dos pensamentos. Um dos maiores erros educacionais é transformar o homem numa pessoa fraca no seu próprio mundo.

Critique diariamente os pensamentos negativos. Confronte-se com as ideias que o paralisam e o desanimam. NĂŁo Ă© obrigado a viver passivamente as ideias que sĂŁo encenadas no palco da sua mente.

Discorde frontalmente de todos os pensamentos e fantasias que o amedrontam, entristecem, deprimem. Cada pensamento que nos incomoda deve ser questionado com ousadia e determinação pelo «eu». Tentar parar de pensar ou distrair-se são técnicas usadas há milénios sem resultado. A única possibilidade que temos é de gerir os pensamentos.

Os homens tĂ­midos e despreparados sĂŁo grandes traidores de segredos; pois sĂŁo poucas as necessidades tĂŁo urgentes quanto aquela de encontrar algo para dizer.

A verdadeira humildade Ă© audaciosa e nĂŁo encolhida, Ă© generosa e nĂŁo cobarde. Os humildes nĂŁo sĂŁo os tĂ­midos, mas os artĂ­fices das grandes obras, precisamente porque sabem pouca coisa e, por isso, sĂŁo capazes de aprender e de arriscar, sem receio da opiniĂŁo alheia ou do fracasso.

Desculpem eu ser eu. Quero ficar sĂł! grita a alma do tĂ­mido que sĂł se liberta na solidĂŁo. Contraditoriamente quer o quente aconchego das pessoas.

Penetrália

Falei tanto de amor!… de galanteio,
Vaidade e brinco, passatempo e graça,
Ou desejo fugaz, que brilha e passa
No relâmpago breve com que veio…

O verdadeiro amor, honra e desgraça,
Gozo ou suplĂ­cio, no Ă­ntimo fechei-o:
Nunca o entreguei ao pĂşblico recreio,
Nunca o expus indiscreto ao sol da praça.

NĂŁo proclamei os nomes, que baixinho,
Rezava… E ainda hoje, tĂ­mido, mergulho
Em funda sombra o meu melhor carinho.

Quando amo, amo e deliro sem barulho;
E quando sofro, calo-me, e definho
Na ventura infeliz do meu orgulho.

ManhĂŁ de Inverno

Coroada de névoas, surge a aurora
Por detrás das montanhas do oriente;
Vê-se um resto de sono e de preguiça,
Nos olhos da fantástica indolente.

NĂ©voas enchem de um lado e de outro os morros
Tristes como sinceras sepulturas,
Essas que tĂŞm por simples ornamento
Puras capelas, lágrimas mais puras.

A custo rompe o sol; a custo invade
O espaço todo branco; e a luz brilhante
Fulge através do espesso nevoeiro,
Como através de um véu fulge o diamante.

Vento frio, mas brando, agita as folhas
Das laranjeiras Ăşmidas da chuva;
Erma de flores, curva a planta o colo,
E o chĂŁo recebe o pranto da viĂşva.

Gelo nĂŁo cobre o dorso das montanhas,
Nem enche as folhas trĂŞmulas a neve;
Galhardo moço, o inverno deste clima
Na verde palma a sua histĂłria escreve.

Pouco a pouco, dissipam-se no espaço
As névoas da manhã; já pelos montes
VĂŁo subindo as que encheram todo o vale;
Já se vão descobrindo os horizontes.

Sobe de todo o pano; eis aparece
Da natureza o esplêndido cenário;

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VisĂŁo Da Morte

Olhos voltados para mim e abertos
Os braços brancos, os nervosos braços,
Vens d’espaços estranhos, dos espaços
Infinitos, intĂ©rminos, desertos…

Do teu perfil os tĂ­midos, incertos
Traços indefinidos, vagos traços
Deixam, da luz nos ouros e nos aços,
Outra luz de que os céus ficam cobertos.

Deixam nos céus uma outra luz mortuária,
Uma outra luz de lĂ­vidos martĂ­rios,
De agonies, de mágoa funerária…

E causas febre e horror, frio, delĂ­rios,
Ó Noiva do Sepulcro, solitária,
Branca e sinistra no clarĂŁo dos cĂ­rios!

RuĂ­nas

Cobrem plantas sem flor crestados muros;
Range a porta anciĂŁ; o chĂŁo de pedra
Gemer parece aos pés do inquieto vate.
RuĂ­na Ă© tudo: a casa, a escada, o horto,
Sítios caros da infância.
Austera moça
Junto ao velho portĂŁo o vate aguarda;
Pendem-lhe as tranças soltas
Por sobre as roxas vestes.
Risos nĂŁo tem, e em seu magoado gesto
Transluz nĂŁo sei que dor oculta aos olhos;
— Dor que à face não vem, — medrosa e casta,
Íntima e funda; — e dos cerrados cílios
Se uma discreta muda
Lágrima cai, não murcha a flor do rosto;
Melancolia tácita e serena,
Que os ecos nĂŁo acorda em seus queixumes,
Respira aquele rosto. A mĂŁo lhe estende
O abatido poeta. Ei-los percorrem
Com tardo passo os relembrados sĂ­tios,
Ermos depois que a mĂŁo da fria morte
Tantas almas colhera. Desmaiavam,
Nos serros do poente,
As rosas do crepĂşsculo.
“Quem és? pergunta o vate; o sol que foge
No teu lânguido olhar um raio deixa;
— Raio quebrado e frio; — o vento agita
Tímido e frouxo as tuas longas tranças.

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Ser tímido é dar importância aos outros. Ser desinibido é dá-la a si próprio. Mas normalmente o tímido tem-na. O desinibido não.

As Janelas da MemĂłria

A memĂłria humana nĂŁo Ă© lida globalmente, como a memĂłria dos computadores, mas por áreas especĂ­ficas a que chamo de janelas. AtravĂ©s das janelas vemos, reagimos, interpretamos… Quantas vezes tentamos lembrar-nos de algo que nĂŁo nos vem Ă  ideia? Nesse caso, a janela permaneceu fechada ou inacessĂ­vel.

A janela da memória é, portanto, um território de leitura num determinado momento existencial. Em cada janela pode haver centenas ou milhares de informações e experiências. O maior desafio de uma mulher, e do ser humano em geral, é abrir o máximo de janelas em cada situação. Se ela abre diversas janelas, poderá dar respostas inteligentes. Se as fecha, poderá dar respostas inseguras, medíocres, estúpidas, agressivas. Somos mais instintivos e animalescos quando fechamos as janelas, e mais racionais quando as abrimos.

O mundo dos sentimentos possui as chaves para abrir as janelas. O medo, a tensão, a angústia, o pânico, a raiva e a inveja podem fechá-las. A tranquilidade, a serenidade, o prazer e a afetividade podem abri-las. A emoção pode fazer os intelectuais reagirem como crianças agressivas e as pessoas simples reagirem como elegantes seres humanos. Sob um foco de tensão, como perdas e contrariedades, uma mulher serena pode ficar irreconhecível.

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Fábula

Estavam ali diante dos meus olhos: era terrĂ­vel e ao mesmo tempo fascinante.
Ao princípio pensei que ele a estava a matar, logo a seguir percebi que não, que talvez ambos estivessem a morrer, só depois qualquer apelo distante se fez carne em mim. Então todo eu fiquei amarrado aos seus gestos, àquela respiração fatigada e difícil, àquele balbucio que lhes saía ralo da boca.
Os seio de Maria caíam nus da blusa. Uma das mãos do carpinteiro perdia-se nos seus cabelos emaranhados, a outra parecia ter-se enterrado na areia. O resto era aquele corpo todo dè homem: rígido e fremente, ao mesmo tempo, à força de concentrar todo o ímpeto nas nádegas, arco de onde a flecha partia, para se cravar exasperada nas entranhas da rapariga. Parecia um cavalo ofegante — os olhos cerrados, o suor escorrendo da raiz dos cabelos, espa-lhando-se pelas costas, pelos flancos, pelas pernas, quase todas descobertas. Um cavalo cego mordendo o céu branco de agosto. Mas a terra chamou-o, e um relincho prolongado encheu o leito do ribeiro, morreu no alto dos amieiros. Por fim a paz desceu ao mundo.
Maria olhava o carpinteiro com olhos rasos de espanto, como quem tivesse perdido tudo naquele instante.

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Natal

1

A voz clamava no Deserto.

E outra Voz mais suave,
Lírio a abrir, esvoaçar incerto,
TĂ­mido e alvente, de ave
Que larga o ninho, melodia
Nascente, docemente,
Uma outra Voz se erguia…

A voz clamava no Deserto…

Anunciando
A outra Voz que vinha:
Balbuciar de fonte pequenina,
Dando
Ă€ luz da Terra o seu primeiro beijo…
Inefável anúncio, dealbando
Entre as estrelas moribundas.

2

Das entranhas profundas
Do Mundo, eco do Verbo, a profecia,
– Ă€ distância de SĂ©culos, – dizia,
Pressentia
Fragor de sismos, o dum mundo ruindo,
Redimindo
Os cárceres do mundo…

A voz dura e ardente
Clamava no Deserto…

Natal de Primavera,
A nova Luz nascera.
Voz do céu, Luz radiante,
Mais humana e mais doce
E irmĂŁ dos Poetas
Que a voz trovejante
Dos profetas
Solitários.

3

A divina alvorada
Trazia
Lírios no regaço
E rosas.
Natal. Primeiro passo
Da secular Jornada,
Era um canto de Amor
A anunciar Calvários,

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Floripes

Fazes lembrar as mouras dos castelos,
As errantes visões abandonadas
Que pelo alto das torres encantadas
Suspiravam de trĂŞmulos anelos.

Traços ligeiros, tímidos, singelos
Acordam-te nas formas delicadas
Saudades mortas de regiões sagradas,
Carinhos, beijos, lágrimas, desvelos.

Um requinte de graça e fantasia
Dá-te segredos de melancolia,
Da Lua todo o lânguido abandono…

Desejos vagos, olvidadas queixas
VĂŁo morrer no calor dessas madeixas,
Nas virgens florescĂŞncias do teu sono.

Era uma criatura simpática e terna – o tipo de pessoa a quem o tímido se dirige, em busca de protecção, ao entrar numa sala que lhe parece hostil. Não haveria muitas qualidades francamente superiores a essa.

Menina Dos Olhos Verdes

Ă“! menina dos olhos verdes, que Ă  tardinha
estás sempre Ă  janela Ă  hora de minha volta…
Que cousas pensarás? Que fazes aí sozinha?
Por que regiões de sonho a tua alma se solta?

Sempre que dobro a esquina encontro o teu olhar
e o teu claro sorriso adolescente ainda…
Habituei-me a te ver – e Ă©s tĂŁo criança e tĂŁo linda
que sem querer, tambĂ©m sorrio ao te encontrar…

Menina dos olhos verdes… A quem esperas
com teus olhos gritando a cor das primaveras?
Queres versos? Pois bem, estes sĂŁo teus, recolhe-os!

Escrevi-os pensando em ti, tĂ­mida e bela,
– a menina dos olhos verdes da janela
debruçada à janela verde dos meus olhos!