Passagens sobre Veneno

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Frases sobre veneno, poemas sobre veneno e outras passagens sobre veneno para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Febre Vermelha

Rozas de vinho! Abri o calice avinhado!
Para que em vosso seio o labio meu se atole:
Beber até cair, bebedo, para o lado!
Quero beber, beber até o ultimo gole!

Rozas de sangue! Abri o vosso peito, abri-o!
Montanhas alagae! deixae-as trasbordar!
As ondas como o oceano, ou antes como um rio
Levando na corrente Ophelias de luar…

Camelias! Entreabri os labios de Eleonora!
Desabrochae, á lua, a ancia dos vossos calis!
Dá-me o teu genio, dá! ó tulipa de aurora!
E dá-me o teu veneno, ó rubra digitalis…

Papoilas! Descerrae essas boccas vermelhas!
Apagae-me esta sede estonteadora e cruel:
Ó favos rubros! os meus labios são abelhas,
E eu ando a construir meu cortiço de mel…

Rainunculos! Corae minhas faces-de-terra!
Que seja sangue o leite e rubins as opalas!
Tal se vêm pelo campo, em seguida a uma guerra,
Tintos da mesma cor os corações e as balas!…

Chagas de Christo! Abri as petalas chagadas!
N’uma raiva de cor, n’uma erupção de luz!
Escancarae a bocca, ás vermelhas rizadas,
Cancros de Lazaro!

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O génio é a insanidade tornada sã pela diluição no abstracto, como um veneno convertido em remédio mediante mistura.

Sexta-Feira Santa

Lua absíntica, verde, feiticeira,
Pasmada como um vício mosntruoso…
Um cão estranho fuça na esterqueira,
Uivando para o espaç fabuloso.

É esta a negra e santa Sexta-Feira!
Cristo está morto, como um vil leproso,
Chagado e frio, na feroz cegueira
Da morte, o sangue roxo e tenebroso.

A serpente do mal e do pecado
Um sinistro veneno esverdeado
Verte do Morto na mudez serena.

Mas da sagrada Redenção do Cristo,
Em vez do grande Amor, puro, imprevisto,
Brotam fosforescências de gangrena!

Um Mover D’olhos, Brando E Piadoso

Um mover d’olhos, brando e piadoso,
sem ver de quê; um riso brando e honesto,
quase forçado; um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;

um despejo quieto e vergonhoso;
um repouso gravíssimo e modesto;
üa pura bondade, manifesto
indício da alma, limpo e gracioso;

um encolhido ousar; üa brandura;
um medo sem ter culpa; um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento;

esta foi a celeste fermosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar meu pensamento.

O Crime da Palavra

Nenhum código, nenhuma instituição humana pode prevenir o crime moral que mata com uma palavra. Nisso consta a falha das justiças sociais; aí está a diferença que há entre os costumes da sociedade e os do povo; um é franco, outro é hipócrita; a um, a faca, à outra, o veneno da linguagem ou das ideias; a um a morte, à outra a impunidade.

A Guerra

Musa, pois cuidas que é sal
o fel de autores perversos,
e o mundo levas a mal,
porque leste quatro versos
de Horácio e de Juvenal,

Agora os verás queimar,
já que em vão os fecho e os sumo;
e leve o volúvel ar,
de envolta como turvo fumo,
o teu furor de rimar.

Se tu de ferir não cessas,
que serve ser bom o intento?
Mais carapuças não teças;
que importa dá-las ao vento,
se podem achar cabeças?

Tendo as sátiras por boas,
do Parnaso nos dois cumes
em hora negra revoas;
tu dás golpes nos costumes,
e cuidam que é nas pessoas.

Deixa esquipar Inglaterra
cem naus de alterosa popa,
deixa regar sangue a terra.
Que te importa que na Europa
haja paz ou haja guerra?

Deixa que os bons e a gentalha
brigar ao Casaca vão,
e que, enquanto a turba ralha,
vá recebendo o balcão
os despojos da batalha.

Que tens tu que ornada história
diga que peitos ferinos,

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Eu me utilizo de todos os meios da Sociedade de consumo, penetro no Sistema, mas como um veneno.

Classicismo

Longínquo descendente dos helenos
pelo espírito claro, a alma panteísta,
– amo a beleza esplêndida de Vênus
com uma alegria singular de artista!

Amo a aventura e o belo, amo a conquista!
Nem receio os traidores e os venenos…
– Trago na alma engastada uma ametista,
– meus olhos de esmeraldas são serenos!

Com os pés na terra tenho o olhar no céu;
a alma, pura e irrequieta como as linfas
soltas no chão; nos lábios, tenho mel…

Meu culto é a liberdade e a vida sã.
E ainda hoje sigo e persigo as ninfas
com a minha flauta mágica de Pã!

Beladona, n. Em Italiano, uma mulher bela; em Português, um veneno mortal. Um exemplo assinalável da semelhança entre estas duas línguas.

Fui Gostar De Você

“Fui Gostar de Você”
III
Fui gostar de você… Eu, que dizia:
– jamais hei de gostar! Gostar é crer,
e crer é quase amar – e amar é a via
mais curta entre o bom senso e o enlouquecer.. .

Fui gostar de você… Certo a ironia
da sorte nos obriga a desdizer…
Ontem, zombava de quem chora, e ria;
– hoje, inverso afinal é o meu viver. ..

Fui gostar de você – você no entanto
já tendo um grande amor, fez-me o veneno
do despeito tragar no amargo pranto…

E no fim disto tudo. . . – ninguém crê. . .
– Infeliz, muito embora eu me condeno
eu ainda defendo o que me fez você!…

A Loucura do Dinheiro

O dinheiro suscita a maior parte das vociferações que ouvimos: é o dinheiro que fatiga os tribunais, é ele que coloca pais e filhos em desavença, é ele que derrama venenos, é ele que põe a espada nas mãos dos assassinos e das legiões; ele está manchado de sangue nosso; é por causa dele que as discussões de marido e mulher ressoam na noite, é por causa dele que a turba aflui aos tribunais; por causa dele, os reis massacram, saqueiam e arrasam cidades que demoraram séculos a construir, para procurarem ouro e prata entre as cinzas. Vês os cofres arrumados a um canto? É por causa deles que se grita até os olhos saírem das suas órbitas e que os brados ressoam nos tribunais; é por causa deles que juízes vindo de regiões longínquas se reúnem para decidir qual é a avidez mais justa.
E quando, não por um cofre, mas por um punhado de ouro ou por um denário que se dispensaria a um escravo, se perfura o estômago de um velho que ia morrer sem herdeiros? E quando, possuindo vários milhares, um usurário de pés e mãos deformados, incapaz sequer de mexer no dinheiro, reclama, furioso,

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Aspectos da Virtude

O que tomamos por virtudes muitas vezes não passa de um conjunto de acções diversas e de diversos interesses que o acaso e a nossa indústria sabem ajustar; e nem sempre é por valentia e por castidade que os homens são valentes e as mulheres castas.
A virtude não iria longe se a vaidade não lhe fizesse companhia.
(…) Os vícios entram na composição das virtudes como os venenos na dos remédios. A prudência mistura-os, tempera-os, e serve-se deles eficazmente contra os males da vida.

A Amizade é Indispensável ao Nosso Ser

A amizade é a unica coisa cuja utilidade é unanimemente reconhecida. A própria virtude tem muitos detratores, que a acusam de ostentação e charlatanismo. Muitos desprezam as riquezas e, contentes de pouco, agradam-se da mediocridade. As honras, à procura da qual se matam tanto as pessoas, quantos outros as desdenham até olhá-las como o que há de mais fútil e de mais frívolo? E, assim, quanto ao mais! O que a uns parece admirável, ao juízo doutros nada é. Mas quanto à amizade, toda a gente está de acordo: os que se ocupam dos negócios públicos, os que se apaixonaram pelo estudo e pelas indagações sapientes, e os que, longe do bulício, limitam os seus cuidados aos seus interesses privados: todos enfim, aqueles mesmos que se entregaram todos inteiros aos prazeres, declaram que a vida nada é sem a amizade, por pouco que queiram reservar a sua para algum sentimento honorável.
Ela se insinua, com efeito, não sei como, no coração de todos os homens e não se admite que, sem ela, possa passar nenhuma condição da vida. Bem mais, se é um homem de natureza selvagem, muito feroz para odiar seus semelhantes e fugir do seu contacto, como fazia,

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Os Amantes

Amor, é falso o que dizes;
Teu bom rosto é contrafeito;
Busca novos infelizes
Que eu inda trago no peito
Mui frescas as cicatrizes;

O teu meu é mel azedo,
Não creio em teu gasalhado,
Mostras-me em vão rosto ledo;
Já estou muito escaldado,
Já d’águas frias hei medo.

Teus prémios são pranto e dor;
Choro os mal gastados anos
Em que servi tal senhor,
Mas tirei dos teus enganos
O sair bom pregador.

Fartei-te assaz a vontade;
Em vãos suspiros e queixas
Me levaste a mocidade,
E nem ao menos me deixas
Os restos da curta idade?

És como os cães esfaimados
Que, comendo os troncos quentes
Por destro negro esfolados,
Levam nos ávidos dentes
Os ossos ensanguentados.

Bem vejo a aljava dourada
Os ombros nus adornar-te;
Amigo, muda de estrada,
Põe a mira em outra parte
Que daqui não tiras nada.

Busca algum fofo morgado
Que, solto já dos tutores,
Ao domingo penteado,
Vá dizendo à toa amores
Pelas pias encostado;

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Contigo

Acordo na manhã de oiro
entre o teu rosto e o mar.

As mão afagam a luz,
prolongam o dia breve.

Entre o teu rosto e o mar
ninguém deseja ser neve.

Ninguém deseja o veneno
da noite despovoada.

Acorda-me a tua voz,
nupcial, branca, delgada.

Génio, Talento e Celebridade

Pode-se supor que a presença no mesmo homem de mais de um elemento intelectual facilitaria a sua imediata celebridade. Até certo limite é assim, mas o é até um limite menor do que se poderia conjecturar na ociosidade da hipótese. Um homem dotado ao mesmo tempo de grande génio e de grande inteligência (como Shakespeare), ou de grande génio e grande talento (como Milton), não acumula na sua época ou na seguinte os resultados do génio e os resultados de outra qualidade. É que estes diferentes elementos intelectuais estão misturados por coexistirem no homem, e derrama-se na substância da inteligência ou do talento o sagrado veneno do génio; a bebida é amarga, embora retenha algo do seu gosto comum. Os antigos misturavam mel com vinho e achavam isso gostoso; mas o néctar não pode fazer qualquer vinho gostoso ao paladar da gente comum.
Um homem que pudesse ter em si próprio, em certo grau, génio, talento e inteligência, estaria preparado para produzir impacto no seu tempo pela sua inteligência, na sua época pelo seu talento e na generalidade dos futuros tempos e épocas pelo seu génio. Mas como o seu génio afectaria o seu talento e o seu talento e o seu génio a sua inteligência –

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