A Inevitabilidade das RevoluçÔes
As revoluçÔes nĂŁo sĂŁo factos que se aplaudam ou que se condenem. Havia nisso o mesmo absurdo que em aplaudir ou condenar as evoluçÔes do Sol. SĂŁo factos fatais. TĂȘm de vir. De cada vez que vĂȘm Ă© sinal de que o homem vai alcançar mais uma liberdade, mais um direito, mais uma felicidade. Decerto que os horrores da revolução sĂŁo medonhos, decerto que tudo o que Ă© vital nas sociedades, a famĂlia, o trabalho, a educação, sofrem dolorosamente com a passagem dessa trovoada humana. Mas as misĂ©rias que se sofrem com as opressĂ”es, com os maus regĂmens, com as tiranias, sĂŁo maiores ainda. As mulheres assassinadas no estado de prenhez e esmagadas com pedras, quando foi da revolução de 93, Ă© uma coisa horrĂvel; mas as mulheres, as crianças, os velhos morrendo de frio e de fome, aos milhares nas ruas, nos Invernos de 80 a 86, por culpa do Estado, e dos tributos e das finanças perdidas, e da fome e da morte da agricultura, Ă© pior ainda. As desgraças das revoluçÔes sĂŁo dolorosas fatalidades, as desgraças dos maus governos sĂŁo dolorosas infĂąmias.
Recentes
A lembrança é uma forma de encontro.
Quem dinheiro quer cobrar, muitas voltas hĂĄ-de dar.
E afinal o que quero é fé, é calma, e não ter essas sensaçÔes confusas.
Sou quem falhei ser.
O meu pai, um excelente homem, dizia-me: ‘Nunca percas a tua ignorĂąncia, pois jamais poderias arranjar outra’.
Use a sua luz, mas diminua o seu brilho.
O vento do meu espĂrito soprou sobre a vida. E tudo o que era efĂȘmero se desfez. e sĂł ficastes tu que Ă©s eterno.
NĂŁo Ă© possĂvel fazer um bom negĂłcio com uma pessoa ruim.
O Luar Através dos Altos Ramos
O luar através dos altos ramos,
Dizem os poetas todos que ele Ă© mais
Que o luar através dos altos ramos.
Mas para mim, que nĂŁo sei o que penso,
O que o luar através dos altos ramos
Ă, alĂ©m de ser
O luar através dos altos ramos,
Ă nĂŁo ser mais
Que o luar através dos altos ramos.
A vida Ă© em parte aquilo que nĂłs fazemos dela, e em parte aquilo que Ă© feito pelos amigos que escolhemos.
O aforismo deve ser a Ășltima colheita do uso da vida, e nĂŁo uma impertinĂȘncia ou uma afronta.
Onde quer que a virtude se encontre em grau eminente, Ă© perseguida; poucos ou nenhum dos famosos varĂ”es do passado deixou de ser caluniado pela malĂcia.
As lendas hĂŁo de sempre viver, como raios de luz na treva amontoada do passado, mas a beleza delas nĂŁo estĂĄ em sua verdade, que Ă© sempre pequena; estĂĄ no esforço que a humanidade faz para assim reter alguns episĂłdios de uma vida tĂŁo extensa que para abrangĂȘ-la nĂŁo hĂĄ memĂłria possĂvel…
A alma cativa e obcecada
enrola-se infinitamente numa espiral de desejo
e melancolia.
Infinita, infinitamente
A pior solidão é àquela em que percebemos ao meio das multidÔes
Dinheiro
Quem quiser ter filhos que doire primeiro
A jarra onde, inteira, caiba alguma flor!
Ai dos que tĂȘm filhos, mas nĂŁo tĂȘm herdeiro!
â Dinheiro! Dinheiro!
à canção de Amor!As noivas sorriem, talvez, aos vinte anos.
Os amantes sonham… Sonho passageiro!
MĂșsica de estrelas: Ătica de enganos;
IlusÔes, perdidas depois dos vinte anos..
E logo outras nascem: Dinheiro! Dinheiro!Teus pais, teus irmĂŁos e tua mulher
CercarĂŁo teu leito de herĂłi derradeiro
(Ai de quem, ouvindo-os, nada lhes trouxer!)
E hĂŁo-de ali pedir-te o que o mundo quer:
â Dinheiro! Dinheiro!Deixa-lhes os versos que um dia fizeste,
Amarrado ao lodo, porém verdadeiro.
E eles te dirĂŁo: â PĂĄssaro celeste,
Morreste? Morrendo, que bem que fizeste!à canção de amor!
Dinheiro! Dinheiro!
Imaginamos muitas vezes que a beleza Ă© sinĂłnimo do bem. Uma mulher bela diz coisas estĂșpidas e nĂłs acreditamos que sĂŁo coisas inteligentes. Comporta-se como uma tonta e sĂł reparamos no seu feitiço.
O jogo Ă©, talvez, o menos imoral dos meios de adquirir.
Ă preciso crer no bem, para poder praticĂĄ-lo.