Passamos boa parte de nossa vida suprimindo aquilo que deixamos entrarem nosso coração durante a adolescĂȘncia. Essa operação chama-se ‘adquirir experiĂȘncia’.
CitaçÔes sobre AdolescĂȘncia
28 resultadosDa Duração das Obras
Algumas obras morrem porque nada valem; estas, por morrerem logo, sĂŁo natimortas. Outras tĂȘm o dia breve que lhes confere a sua expressĂŁo de um estado de espĂrito passageiro ou de uma moda da sociedade; morrem na infĂąncia. Outras, de maior escopo, coexistem com uma Ă©poca inteira do paĂs, em cuja lĂngua foram escritas, e, passada essa Ă©poca, elas tambĂ©m passam; morrem na puberdade da fama e nĂŁo alcançam mais do que a adolescĂȘncia na vida perene da glĂłria. Outras ainda, como exprimem coisas fundamentais da mentalidade do seu paĂs, ou da civilização, a que ele pertence, duram tanto quanto dura aquela civilização; essas alcançam a idade adulta da glĂłria universal. Mas outras duram alĂ©m da civilização, cujos sentimentos expressam. Essas atingem aquela maturidade de vida que Ă© tĂŁo mortal como os Deuses, que começam mas nĂŁo acabam, como acontece com o Tempo; e estĂŁo sujeitas apenas ao mistĂ©rio final que o Destino encobre para todo o sempre (…)
O Conceito de NĂłs PrĂłprios
Cada homem, desde que sai da nebulose da infĂąncia e da adolescĂȘncia, Ă© em grande parte um produto do seu conceito de si mesmo. Pode dizer-se sem exagero mais que verbal, que temos duas espĂ©cies de pais: os nossos pais, propriamente ditos, a quem devemos o ser fĂsico e a base hereditĂĄria do nosso temperamento; e, depois, o meio em que vivemos, e o conceito que formamos de nĂłs prĂłprios – mĂŁe e pai, por assim dizer, do nosso ser mental definitivo.
Se um homem criar o hĂĄbito de se julgar inteligente, nĂŁo obterĂĄ com isso, Ă© certo, um grau de inteligĂȘncia que nĂŁo tem; mas farĂĄ mais da inteligĂȘncia que tem do que se julgar estĂșpido. E isto, que se dĂĄ num caso intelectual, mais marcadamente se dĂĄ num caso moral, pois a plasticidade das nossas qualidades morais Ă© muito mais acentuada que a das faculdades da nossa mente.
Ora, ordinariamente, o que Ă© verdade da psicologia individual – abstraindo daqueles fenĂłmenos que sĂŁo exclusivamente individuais – Ă© tambĂ©m verdade da psicologia colectiva. Uma nação que habitualmente pense mal de si mesma acabarĂĄ por merecer o conceito de si que anteformou. Envenena-se mentalmente.
O primeiro passo passou para uma regeneração,
NĂŁo podemos rectificar os nossos actos passados e praticĂĄ-los de novo correctamente. Talvez os deuses possuam este poder, mas nĂŁo os homens e as mulheres, o que, provavelmente, Ă© uma sorte. A nĂŁo ser assim, as pessoas morreriam de velhas a tentar reescrever a sua adolescĂȘncia.
Ă raro que os poetas da nossa adolescĂȘncia sejam os da nossa maturidade.
SĂł Dependes de Ti para Ser Feliz
SĂł dependes de ti para ser feliz.
A felicidade encontra-se dentro de ti. Este Ă© o teu princĂpio. O fim serĂĄ aquele que tu quiseres.
Aprendi isto enquanto escrevia o meu primeiro livro, âCarta Brancaâ. Um relato muito pessoal acerca da minha primeira grande viagem interior em busca dessa especĂfica descoberta. Iniciei-o numa fase muito conturbada da minha vida, em que a relação comigo era praticamente inexistente e quando existia nĂŁo passava de agressĂ”es a mim mesmo, baseadas, naturalmente, em muito daquilo que ouvira, aprendera e modelara na minha infĂąncia e adolescĂȘncia. Como costumo dizer, tinha muita dificuldade em estar ao meu lado. NĂŁo me conhecia, apenas sabia o que representava para os outros. NĂŁo sabia o que queria, apenas sabia o que os outros queriam de mim. E nĂŁo sabia para onde queria ir, apenas para onde todos queriam que eu fosse. Naturalmente que esta ausĂȘncia total de conhecimento nĂŁo podia germinar coisa boa. E assim era. Eu era revolta, angĂșstia, insegurança, permissividade e medo. E lembro-me, lembro-me perfeitamente, quando disse a mim mesmo que se a minha vida nĂŁo passasse disto nĂŁo valeria a pena estar vivo. Recordo-me da dor que vivia comigo. Mas recordo-me tambĂ©m que foi ela que me incentivou a escrever.
Algumas ProposiçÔes com Crianças
A criança estå completamente imersa na infùncia
a criança não sabe que hå-de fazer da infùncia
a criança coincide com a infùncia
a criança deixa-se invadir pela infùncia como pelo sono
deixa cair a cabeça e voga na infùncia
a criança mergulha na infùncia como no mar
a infùncia é o elemento da criança como a ågua
Ă© o elemento prĂłprio do peixe
a criança não sabe que pertence à terra
a sabedoria da criança é não saber que morre
a criança morre na adolescĂȘncia
Se foste criança diz-me a cor do teu paĂs
Eu te digo que o meu era da cor do bibe
e tinha o tamanho de um pau de giz
Naquele tempo tudo acontecia pela primeira vez
Ainda hoje trago os cheiros no nariz
Senhor que a minha vida seja permitir a infĂąncia
embora nunca mais eu saiba como ela se diz
Projecto de Bodas
Hoje apetece que uma rosa seja
o coração exterior do dia
e a tua adolescĂȘncia de cereja
no meu bico de Isolda cotovia.Hoje apetece a intuição dum cais
para a lucidez de nĂŁo chegar a tempo
e ficarmos violetas nupciais
com a lua a celebrar o casamento.Apetece uma casa cor-de-rosa
com um galo vermelho no telhado
e os degraus duma seda vagarosa
que nunca chegue Ă varanda do noivado.Hoje apetece que o cigarro saiba
a ter fumado uma cidade toda.
Ser o anel onde o teu dedo caiba
e faltarmos os dois Ă nossa boda.Hoje apetece um interior de esponja
E como estĂĄtua a que moldar o vento.
Deitar as sortes e, se sair monja,
Navegar ao acaso o meu convento.Hoje apetece o mundo pelo modo
Como vai despenhar-se um trapezista.
Abrir mais uma flor no nosso lodo:
Pedir-lhe um salto e retirar-lhe a pista.Hoje apetece que a cor dum automĂłvel
Seja o Egipto de novo em movimento;
E que no espaço duma gota imóvel
Caiba a possĂvel capital do vento.
A adolescĂȘncia Ă© um tribunal inesperado:
o julgamento do pai pelo filho,
o julgamento do filho pelo pai.
A adolescĂȘncia foi a Ășnica Ă©poca em que aprendi alguma coisa.
Apaixonaram-se como as pessoas se apaixonam na adolescĂȘncia, avassaladoramente e tambĂ©m por acaso.
Preocupar-se em ser adulto ou nĂŁo, admirar o adulto por ser adulto, corar de vergonha diante da insinuação de que se Ă© infantil: esses sĂŁo sinais caracterĂsticos da infĂąncia e da adolescĂȘncia.
A Grande Vantagem da Vida
– A grande vantagem da vida Ă© ensinar-nos outra vez a chorar. A vida infantiliza. Fica-se maior no que nos faz ser mais pequenos. Cresce-se fora o que se vai perdendo por dentro. Passamos a infĂąncia a querer crescer, a adolescĂȘncia a querer crescer. E depois percebemos que sĂł quer crescer quem ainda se sente pequeno. Um adulto sente-se pequeno mas pensa ao contrĂĄrio. Sente-se pequeno e quer ficar mais pequeno. Voltar ao tempo em que havia sonhos.
â Onde se perdem os sonhos?
â Todos os sonhos se perdem. Mesmo aqueles que vais ganhar, e vais ganhar muitos, se vĂŁo perder. Porque jĂĄ deixaram de ser sonhos. Sonhaste aquilo, tiveste aquilo. E acabou. LĂĄ se foi o sonho. O segredo Ă© conseguir gerar novos sonhos. Sonhos que consigam ocupar o espaço em branco deixado pelo sonho perdido.
â Mesmo que tenha sido ganho.
â Mesmo que tenha sido ganho.
â Queria ser como tu.
â E eu queria ser como tu. Queria olhar para a frente e ver que o caminho nĂŁo acaba, o caminho a perder de vista.
â O teu nĂŁo se perde de vista?
â O meu faz-me perder a vista.
Com os Costumes andam os Aforismos
Com os costumes andam os aforismos. Assim, eis que eles tomam um carĂĄcter mais criticador e vibrante, isto na linguagem de Karl Kraus, homem sagaz e ventrĂloquo de certas causas que a sociedade nĂŁo confia Ă voz pĂșblica.
Ele diz, por exemplo: «As mulheres, no Oriente, tĂȘm maior liberdade. Podem ser amadas». Ou entĂŁo: «A vida de famĂlia Ă© um ataque Ă vida privada». Ou ainda: «A democracia divide os homens em trabalhadores e preguiçosos. NĂŁo estĂĄ destinada para aqueles que nĂŁo tĂȘm tempo para trabalhar». Tudo isto, como axioma, lembra Bernard Shaw, esse inglĂȘs azedo e endiabrado cujo Manual do RevolucionĂĄrio fez o encanto da nossa adolescĂȘncia.
Todavia, o aforimo do homem de letras, se impressiona, quase nunca comove ninguĂ©m. O autĂȘntico aforismo nĂŁo Ă© uma arte – Ă© uma espĂ©cie de pastorĂcia cultural. NĂŁo estĂĄ destinado a divertir nem a chocar as pessoas, mas, acima de tudo, propĂ”e-se transmitir uma orientação. Ă uma lição, e nĂŁo o pretexto para uma pirueta.
Os aforismos e paradoxos de Karl Kraus tĂȘm esse sabor irreverente que se diferencia da sabedoria, porque hĂĄ algo de precipitado na sua confissĂŁo. Precisam de ser situados num estado de espĂrito, para serem aceites e compreendidos;
ConclusĂŁo
Fui amante da morte
e da beleza. Vi a loucura,
acreditei na vida.
Da infĂąncia falei
como lugar de abismo.
O prazer
foi também a grande fonte
de perturbação e alegria.
Lembrei as mulheres
que recusaram submeter-se,
escrevi palavras fĂșnebres.NĂŁo poupei a adolescĂȘncia,
o coração magoado
e nĂŁo soube que fazer
de mim fora das palavras.
Escrevi para desistir
e depender
e ter identidade.
As adolescĂȘncias muito castas fazem as velhices dissolutas.
HĂĄ tantos mundos quantas as maneiras de o olhar e, por consequĂȘncia, de o entender. Isto Ă© muito evidente quando regresso ao meu quarto de infĂąncia e adolescĂȘncia, aquele onde, com catorze anos, me deitava a pensar, a imaginar. Hoje, se me deito nessa cama, nĂŁo tenho o mesmo tempo. Se me aproximo da janela e olho a paisagem, aquilo que vejo mudou, mudei eu.
Uma adolescĂȘncia libidinosa e desregrada entrega Ă velhice um corpo cansado.
Ă por Ti que Vivo
Amo o teu tĂșmido candor de astro
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescĂȘncia de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altivaPor ti eu sou a leve segurança
de um peito que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hĂĄlito de pĂĄssaro
ou à chuva das tuas pétalas de prataSe guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solarOfereço-te esta frĂĄgil ïŹor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto
A vida do homem divide-se em cinco perĂodos: infĂąncia, adolescĂȘncia, mocidade, virilidade e velhice. No primeiro perĂodo o homem ama a mulher como mĂŁe; no segundo, como irmĂŁ; no terceiro, como amante; no quarto, como esposa; no quinto, como filha.