Citações sobre Conhecimento

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Femeeiro Lírico e Femeeiro Épico

Os homens que têm a mania das mulheres dividem-se facilmente em duas categorias. Uns procuram em todas as mulheres a ideia que eles próprios têm da mulher tal como ela lhe aparece em sonhos, o que é algo de subjectivo e sempre igual. Aos outros, move-os o desejo de se apoderarem da infinita diversidade do mundo feminino objectivo.
A obsessão dos primeiros é uma obsessão lírica; o que procuram nas mulheres não é senão eles próprios, não é senão o seu próprio ideal, mas, ao fim e ao cabo, apanham sempre uma grande desilusão, porque, como sabemos, o ideal é precisamente o que nunca se encontra. Como a desilusão que os faz andar de mulher em mulher dá, ao mesmo tempo, uma espécie de desculpa melodramática à sua inconstância, não poucos corações sensíveis acham comovente a sua perseverante poligamia.
A outra obsessão é uma obsessão épica e as mulheres não vêem nela nada de comovente: como o homem não projecta nas mulheres um ideal subjecitvo, tudo tem interesse e nada pode desiludi-lo. E esta impossibilidade de desilusão encerra em si algo de escandaloso. Aos olhos do mundo, a obsessão do femeeiro épico não tem remissão (porque não é resgatada pela desilusão).

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Estamos no apogeu da indústria do lazer, mas nunca houve uma geração tão triste e depressiva como a nossa. Estamos na era do conhecimento, da democratização da informação, mas nunca produzimos tantos repetidores de informações, em vez de pensadores.

Enquanto que a nossa honra vai até onde somos pessoalmente conhecidos, a glória, pelo contrário, precede o nosso conhecimento e leva-o até onde ela mesmo consegue ir.

Conhecimento Maduro

Passa-se com os livros uma coisa semelhante ao que sucede com um novo conhecimento que travamos com alguém. Num primeiro momento experimentamos um profundo prazer em encontrar coincidências gerais de opinião ou ao sentirmo-nos tocados num aspecto importante da nossa existência. Só depois, quando o conhecimento se aprofunda, começam a surgir as diferenças. Nessa altura, o comportamento inteligente caracteriza-se pela capacidade de não retroceder imediatamente, como muitas vezes acontece na juventude, e de pelo contrário reter o que há de coincidente enquanto se vão esclarecendo mutuamente todas as diferenças, sem se pretender chegar a acordo absoluto.

O que os outros pensam de nós teria pouca importância se não influenciasse tão profundamente o que pensamos de nós mesmos quando tomamos conhecimento da opinião alheia.

Lucidez sem Ignorância nem Sobranceria

Possivelmente não é sem razão que atribuímos à ingenuidade e ignorância a facilidade de crer e de se deixar persuadir: pois parece-me haver aprendido outrora que a crença era como uma impressão que se fazia na nossa alma; e, na medida em que esta se encontrava mais mole e com menor resistência, era mais fácil imprimir-lhe algo. Assim como, necessariamente, os pesos que nele colocamos fazem pender o prato da balança, assim a evidência arrasta a mente (Cícero). Quanto mais vazia e sem contrapeso está a alma, mais facilmente ela cede sob a carga da primeira persuasão. Eis porque as crianças, o vulgo, (…) e os doentes estão mais sujeitos a ser conduzidos pelas orelhas (ou seja, pelo que ouvem). Mas também, por outro lado, é uma tola presunção ir desdenhando e condenando como falso o que não nos parece verossímil; esse é um vício habitual nos que pensam ter algum discernimento além do comum. Outrora eu agia assim, e, se ouvia falar de espíritos que retornam, ou do prognóstico das coisas futuras, de encantamentos, de feitiçarias, ou contarem alguma outra história que eu não conseguisse compreender, vinha-me compaixão pelo pobre povo logrado por essas loucuras. Mas actualmente acho que eu próprio era no mínimo igualmente digno de pena;

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O Progresso Universal do Saber nunca é Imediato

Embora o progresso do saber humano, como a queda dos graves, adquira em cada instante maior celeridade, todavia é muito difícil acontecer que uma mesma geração de homens mude de opiniões ou reconheça os próprios erros, de maneira que acredite hoje no contrário daquilo em que acreditou num outro tempo. Prepara, sim, essas possibilidades para a que se lhe segue, a qual depois descobre e acredita, em muitos aspectos, no oposto daquela. Mas, assim como ninguém sente o movimento perpétuo que nos transporta em rotação juntamente com a Terra, também a generalidade dos homens não se apercebe do progresso contínuo que os seus conhecimentos fazem, nem da constante variação dos seus juízos. E nunca muda de opinião de tal modo que fique convencida de a ter mudado. Porém, não poderia deixar de ficar convencida e de dar por isso, sempre que concebesse de repente uma ideia muito contrária àquelas que vigoravam até àquele momento. Portanto, nenhuma verdade construída desta maneira, a não ser que seja palpável, será alguma vez unanimamente credível para os conemporâneos do primeiro que a descobriu.

A Hipocrisia do Amor-Próprio

A natureza do amor-próprio e deste eu humano é de só se amar a si e de só se considerar a si. Mas que há-de fazer? Não saberia impedir que este objecto que ama esteja cheio de defeitos e de misérias: quer ser grande e vê-se pequeno; quer ser feliz e vê-se miserável; quer ser perfeito – vê-se cheio de imperfeições; quer ser objecto do amor e da estima dos homens e vê que os seus defeitos só merecem a sua aversão e o seu desprezo. Este embaraço em que se encontra produz nele a mais injusta e a mais criminosa paixão que é possível imaginar; porque concebe um ódio mortal contra esta verdade que o repreende, e que o convence dos seus defeitos. Ele desejaria aniquilá-la, e não a podendo destruir em si mesma, destrói-a, tanto quanto pode, no seu conhecimento e no dos outros, isto é, põe todos os cuidados em encobrir os seus defeitos, aos outros e a si mesmo, e não suporta que lhos façam ver, nem que lhos vejam.
É sem dúvida um mal estar cheio de defeitos; mas é ainda um mal muito maior estar cheio e não os querer reconhecer, visto que é acrescentar-lhe ainda o de uma ilusão voluntária.

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Onde há uma grande vontade de aprender, haverá necessariamente muita discussão, muita escrita, muitas opiniões; pois as opiniões de homens bons são apenas conhecimento em bruto.

O Efeito da Verdadeira Maturidade

A alternância de amor e ódio caracteriza, durante muito tempo, a condição íntima de uma pessoa que quer ser livre no seu juízo acerca da vida; ela não esquece e guarda rancor às coisas por tudo, pelo bom e pelo mau. Por fim, quando, à força de anotar as suas experiências, todo o quadro da sua alma estiver completamente escrito, já não desprezará nem odiará a existência, mas tão-pouco a amará, antes permanecerá por cima dela, ora com o olhar da alegria, ora com o da tristeza, e, tal como a Natureza, a sua disposição ora será estival, ora outunal.
(…) Quem quiser seriamente ser livre perderá de mais a mais, sem qualquer constrangimento, a propensão para os erros e vícios; também a irritação e o aborrecimento o acometerão cada vez mais raramente. É que a sua vontade não quer nada mais instantaneamente do que conhecer e o meio para tanto, ou seja, a condição permanente em que ele está mais apto para o conhecimento.

Qualquer Conhecimento Vem a Partir da Experiência

Qualquer conhecimento vem a partir da experiência. Compreendam que aquele que só quisesse consultar o seu espírito e fechar todos os seus sentidos não poderia pensar absolutamente nada; encontraria ainda menos nessa meditação somente interior alguma verdade relativa ao mundo… na massa dos nossos conhecimentos, que não passam da massa das nossas experiências, deve-se contudo distinguir os que se baseiam na constatação segundo as regras, isto é, com avaliações, repetições, testemunhos, provas e contraprovas, e os que são possíveis de provar ou demonstrar à maneira do geómetra.

Nada há que tão notavelmente determine o auge de uma civilização, como o conhecimento, nos que a vivem, da esterilidade de todo o esforço, porque nos regem leis implacáveis, que nada revoga nem obstrui. Somos, porventura, servos algemados ao capricho de deuses, mais fortes porém não melhores que nós, subordinados, nós como eles, à regência férrea de um Destino abstracto, superior à justiça e à bondade, alheio ao bem e ao mal.

Conhecimento sem Paixão seria Castrar a Inteligência

Como investigadores do conhecimento, não sejamos ingratos com os que mudaram por completo os pontos de vista do espírito humano; na aparência foi uma revolução inútil, sacrílega; mas já de si o querer ver de modo diverso dos outros, não é pouca disciplina e preparação do entendimento para a sua futura «objectividade», entendendo por esta palavra não a «contemplação desinteressada», que é um absurdo, senão a faculdade de dominar o pró e o contra, servindo-se de um e de outro para a interpretação dos fenómenos e das paixões. Acautelemo-nos pois, oh senhores filósofos!
Desta confabulação das ideias antigas acerca de um «assunto do conheciemnto puro, sem vontade, sem dor, sem tempo», defendamo-nos das moções contraditórias «razão pura», «espiritualidade absoluta», «conhecimento subsistente» que seria um ver subsistente em si próprio e sem órgão visual, ou um olho sem direcção, sem faculdades activas e interpretativas? Pois o mesmo sucede com o conhecimento: uma vista, e se é dirigida pela vontade, veremos melhor, teremos mais olhos, será mais completa a nossa «objectividade». Mas eliminar a vontade, suprimir inteiramente as paixões – supondo que isso fosse possível – seria castrar a inteligência.