Passagens sobre Consciência

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O Inferno de Ser Eu

Ficarei o Inferno de ser Eu, a Limitação Absoluta, Expulsão-Ser do Universo longínquo! Ficarei nem Deus, nem homem, nem mundo, mero vácuo-pessoa, infinito de Nada consciente, pavor sem nome, exilado do próprio mistério, da própria Vida. Habitarei eternamente o deserto morto de mim, erro abstracto da criação que me deixou atrás. Arderá em mim eternamente, inutilmente, a ânsia (estéril) do regresso a ser.
Não poderei sentir porque não terei matéria com que sinta, não poderei respirar alegria, ou ódio, ou horror, porque não tenho nem a faculdade com que o sinta, consciência abstracta no inferno do não conter nada, não-Conteúdo Absoluto, [Sufocação] absoluta e eterna! Oco de Deus, sem universo, (…).

O Problema da Especialização

O domínio dos factos explicáveis pela ciência alargou enormemente, e o conhecimento teórico em todos os campos da ciência tem sido aprofundado, para além do que podia esperar-se. A capacidade de compreensão humana, porém, é e será sempre muito limitada. Assim não podia deixar de acontecer que a actividade do investigador individual tivesse que restringir-se a um sector, cada vez mais limitado, do conhecimento científico geral. Mas o mais grave é que esta especialização faz que a compreensão geral da ciência como um todo — sem a qual o verdadeiro investigador cristaliza forçosamente — tenha de marcar passo com a evolução, o que se torna cada vez mais difícil. Cria-se, assim, uma situação idêntica àquela que, na Bíblia, é simbolicamente representada pela História da torre de Babel. Todo o investigador honesto tem a dolorosa consciência dessa limitação involuntária a um círculo de compreensão cada vez mais apertado, que ameaça roubar as grandes perspectivas ao investigador e o reduz a simples obreiro.

A Luta para a Supressão Radical das Guerras

A minha participação na produção da bomba atómica consistiu numa única acção: assinei uma carta dirigida ao presidente Roosevelt, na qual se sublinhava a necessidade de levar a cabo experiências em grande escala, para investigação das possibilidades de produção duma bomba atómica.
Tive bem consciência do grande perigo que significava para a Humanidade o êxito desse empreendimento. Mas a probabilidade de que os Alemães trabalhassem no mesmo problema e fossem bem sucedidos, obrigou-me a dar este passo. Não tinha outra solução, embora tivesse sido sempre um pacifista convicto. Foi, portanto, uma reacção de legítima defesa.
Enquanto, porém, as nações não estiverem resolvidas a trabalhar em comum para suprimir a guerra, a resolverem os seus conflitos por decisão pacífica e a protegerem os seus interesses de maneira legal, vêem-se obrigadas a preparar-se para a guerra. Vêem-se, mais, obrigadas a preparar todos os meios, mesmo os mais detestáveis, para não se deixarem ficar para trás, na corrida geral aos armamentos. Este caminho conduz fatalmente à guerra que, nas condições actuais, significa destruição geral.
Nestas condições, a luta contra os meios não tem probabilidades de êxito. Só ainda pode valer a supressão radical das guerras e do perigo de guerra.

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Nasce o ideal da nossa consciência da imperfeição da vida. Tantos, portanto, serão os ideais possíveis, quantos forem os modos por que é possível ter a vida por imperfeita.

A Encomenda do Silêncio

Já reparaste que tens o mundo inteiro
dentro da tua cabeça
e esse mundo em brutal compressão dentro da tua cabeça
é o teu mundo
e já reparaste que eu tenho o mundo inteiro
dentro da minha cabeça
e esse mundo em brutal compressão dentro da minha cabeça
é o meu mundo
o qual neste momento não te está a entrar pelos olhos
mas através dos nomes
pois o que tu tens dentro da tua cabeça
e o que eu tenho dentro da minha cabeça
são os nomes do mundo em brutal compressão
como um filtro ou coador
de forma que nem és tu que conheces o mundo
nem sou eu que conheço o mundo
mas os nomes que tu conheces é que conhecem o mundo
e os nomes que eu conheço é que conhecem o mundo
o qual entra em ti e o qual entra em mim
através dos nomes que já tem
de forma que o que entra pelos meus olhos não pode
entrar pelos teus olhos
mas só pela tua cabeça através
dos nomes dados pela minha cabeça
àquilo que entrou pelos meus olhos já com nomes
e do mesmo modo
o que entra pelos teus olhos não pode
entrar pelos meus olhos
mas só pela minha cabeça através
dos nomes dados pela tua cabeça
àquilo que entrou pelos teus olhos já com nomes
e assim o que tu vês
já está normalmente dentro de ti antes de tu o veres
e assim o que eu vejo
já está normalmente dentro de mim antes de eu o ver
e tudo quanto tu possas ver para aquém ou para além dos nomes
é indizível e fica dentro de ti
e tudo quanto eu possa ver para aquém ou para além dos nomes
é indizível e fica dentro de mim
e é assim que vamos construindo a nós mesmos pela segunda vez
tu a ti e eu a mim…

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Toda a tua vida estás, na realidade, a escrever um livro, que é uma tentativa de compreender a consciência do teu tempo e lugar – um único livro escrito a partir de diferentes etapas das tuas capacidades.

O coração de um homem ou de uma mulher não obedece a imperativos de consciência. Ninguém namora por dever.

Escolher Melhor

Todos os dias somos convidados ou forçados a escolher, ou seja, o poder da escolha é algo inerente e insubstituível ao formato da nossa vida. Não há um caminho sem escolhas e não há passos dados sem que escolhamos avançar. Naturalmente que nem todas as escolhas que fazemos são as mais corretas, algumas tornam-se irreparáveis até, mas a verdade é que todas nos levam a algum lado e em todas se esconde algo maior por aprender ou simplesmente algo precioso que reforce uma qualquer convicção nossa. Assim é connosco, assim foi e é com os nossos pais, com todos os restantes elementos da nossa família e com todos aqueles que nos rodeiam. Esta tomada de consciência a nosso respeito e a respeito dos outros é um passo de mestre na nossa vida. Aprendemos a tolerar, a aceitar e sobretudo a perdoar. Só quando assumimos as nossas escolhas, tenham elas sido feitas cá ou lá, é que percebemos que a qualquer momento podemos escolher outra vez e escolher melhor.

A minha consciência tem milhares de vozes,
E cada voz traz-me milhares de histórias,
E de cada história sou o vilão condenado.

Moral para Psicólogos

Não cultivar uma psicologia de bisbilhoteiro! Nunca observar só por observar! Isso provoca uma óptica falsa, uma perspectiva vesga, algo que resulta forçado e que exagera as coisas. O ter experiências, quando é um querer-ter-experiências, — não resulta bem. Na experiência não é lícito olhar para si mesmo, todo o olhar se converte então num «mau-olhado». Um psicólogo nato guarda-se, por instinto, de ver por ver; o mesmo se pode dizer do pintor nato. Este não trabalha jamais «segundo a natureza», encomenda ao seu instinto, à sua câmara escura o crivar e exprimir o «caso», a «natureza», o «vivido»… Até à sua consciência chega só o universal, a conclusão, o resultado: não conhece esse arbitrário abstrair do caso individual. — Que é que resulta quando se procede de outro modo? Quando se cultiva, por exemplo, uma psicologia de bisbilhoteiro, à maneira dos romanciers parisienses, grandes e pequenos? Essa gente anda, por assim dizê-lo, à espreita da realidade, essa gente leva para casa cada noite um punhado de curiosidades… Porém veja-se o que acaba por sair daí — um montão de borrões, um mosaico no melhor dos casos, e de qualquer forma algo que é o resultado da soma de várias coisas,

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A Moral Pura é Impossível

A nossa moral é a cristalização de um movimento interior completamente diferente dela! Nada do que dizemos faz sentido. Pensa numa frase qualquer, ocorre-me, por exemplo, esta: «Numa prisão deve imperar o arrependimento!» É uma frase que se pode pronunciar com a melhor das consciências, mas ninguém a toma à letra, senão estávamos a pedir o fogo do inferno para os encarcerados! Como é que a entendemos então? Há com certeza muito poucos que saibam o que é o arrependimento, mas todos dizem onde ele deve imperar. Ou então pensa em algo de exaltante: como é que isso se mistura com a moral? Quando é que estivemos com o rosto tão mergulhado no pó que isso nos faça sentir a bem-aventurança do arrebatamento? Ou então toma à letra uma expressão como «ser assaltado por um pensamento»: no momento em que sentisses no corpo um tal contacto já estarias no limiar da loucura! Cada palavra quer então ser lida na sua literalidade para não degenerar em mentira, mas não podemos tomar nenhuma à letra, sob pena de o mundo se transformar num manicómio! Há uma qualquer grande embriaguez que se eleva daí sob a forma de uma obscura recordação, e de vez em quando imaginamos que todas as nossas experiências são partes soltas e destruídas de uma antiga totalidade que um dia se foi completando de maneira errada.

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O Maior Amor e as Coisas que Se Amam

Tomara poder desempenhar-me, sem hesitações nem ansiedades, deste mandato subjectivo cuja execução por demorada ou imperfeita me tortura e dormir descansadamente, fosse onde fosse, plátano ou cedro que me cobrisse, levando na alma como uma parcela do mundo, entre uma saudade e uma aspiração, a consciência de um dever cumprido.

Mas dia a dia o que vejo em torno meu me aponta novos deveres, novas responsabilidades da minha inteligência para com o meu senso moral. Hora a hora a (…) que escreve as sátiras surge colérica em mim. Hora a hora a expressão me falha. Hora a hora a vontade fraqueja. Hora a hora sinto avançar sobre mim o tempo. Hora a hora me conheço, mãos inúteis e olhar amargurado, levando para a terra fria uma alma que não soube contar, um coração já apodrecido, morto já e na estagnação da aspiração indefinida, inutilizada.

Nem choro. Como chorar? Eu desejaria poder querer (desejar) trabalhar, febrilmente trabalhar para que esta pátria que vós não conheceis fosse grande como o sentimento que eu sinto quando n’ela penso. Nada faço. Nem a mim mesmo ouso dizer: amo a pátria, amo a humanidade. Parece um cinismo supremo. Para comigo mesmo tenho um pudor em dizê-lo.

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O Vazio da Pressa e do Dinamismo

A pressa, o nervosismo, a instabilidade, observados desde o surgimento das grandes cidades, alastram-se nos dias de hoje de uma forma tão epidémica quanto outrora a peste e a cólera. Nesse processo manifestam-se forças das quais os passantes apressados do século XIX não eram capazes de fazer a menor ideia. Todas as pessoas têm necessariamente algum projecto. O tempo de lazer exige que se o esgote. Ele é planeado, utilizado para que se empreenda alguma coisa, preenchido com vistas a toda espécie de espectáculo, ou ainda apenas com locomoções tão rápidas quanto possível. A sombra de tudo isso cai sobre o trabalho intelectual. Este é realizado com má consciência, como se tivesse sido roubado a alguma ocupação urgente, ainda que meramente imaginária. A fim de se justificar perante si mesmo, ele dá-se ares de uma agitação febril, de um grande afã, de uma empresa que opera a todo vapor devido à urgência do tempo e para a qual toda a reflexão — isto é, ele mesmo — é um estorvo. Com frequência tudo se passa como se os intelectuais reservassem para a sua própria produção precisamente apenas aquelas horas que sobram das suas obrigações, saídas, compromissos, e divertimentos inevitáveis.

A Gravidade e a Seriedade nem Sempre andam Juntas

Tomar a verdade a sério! De quantas maneiras diferentes não entendem os homens esta frase! São as mesmas opiniões, as mesmas formas de exame e de demonstração que um pensador considera com uma ligeireza quando as aplica por si próprio – sucumbiu-lhes para sua vergonha, neste ou naquele momento da sua vida -, são essas mesmas opiniões, esses mesmos métodos que podem dar a um artista, quando com eles se choca e com eles vive algum tempo, a consciência de ter sido dominado pela profunda gravidade da verdade, de ter mostrado – coisa espantosa -, ainda que artista, a mais séria necessidade do contrário da aparência.
É assim que acontece que uma pomposa gravidade revele precisamente a ausência de seriedade com que um espírito que se contenta com pouco se tenha debatido até então no domínio do conhecimento… Não somos nós sempre traídos por aquilo que consideramos importante? A nossa gravidade mostra onde se encontram os nossos pesos e os casos em que temos falta deles.

A Mais Feliz Das Criaturas

Quem foi generosamente dotado pela natureza (aqui a expressão cabe no seu sentido intrínseco) não necessita de mais nada do exterior além do tempo livre para poder usufruir a sua riqueza interior. Se isso lhe bastar, essa pessoa será realmente a mais feliz das criaturas. Assim como é certo que o eu está infinitamente mais próximo de nós que o não-eu, tudo o que é externo é e permance não-eu. Somente o interior, a consciência e o seu estado constituem o eu, e é nele, exclusivamente, que residem o nosso bem-estar e o nosso mal-estar.

Quem tem a consciência de que é alto e o afirma a si próprio e aos outros com orgulho, efectivamente não o é, porque nem sabe o que é ser alto; que noção poderá ter de altura o que só olha para baixo?

Tu? Eu?

Não morres satisfeito.
A vida te viveu
sem que vivesses nela.
E não te convenceu
nem deu qualquer motivo
para haver o ser vivo.

A vida te venceu
em luta desigual.
Era todo o passado
presente presidente
na polpa do futuro
acuando-te no beco.
Se morres derrotado,
não morres conformado.

Nem morres informado
dos termos da sentença
de tua morte, lida
antes de redigida.
Deram-te um defensor
cego surdo estrangeiro
que ora metia medo
ora extorquia amor.

Nem sabes se és culpado
de não ter culpa. Sabes
que morres todo o tempo
no ensaiar errado
que vai a cada instante
desensinando a morte
quanto mais a soletras,
sem que, nascido, more
onde, vivendo, morres.

Não morres satisfeito
de trocar tua morte
por outra mais (?) perfeita.
Não aceitas teu
como aceitaste os muitos
fins em volta de ti.

Testemunhaste a morte
no privilégio de ouro
de a sentires em vida
através de um aquário.
Eras tu que morrias
nesse,

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