Passagens sobre Posteridade

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Quão Grande, Meus Amigos

Quão grande, meus amigos, não era o Povo em que um Poeta podia dizer isto, sem medo de que o mundo, nem a posteridade, o desmentisse!

E nós também, nós, os Portugueses, já houve um tempo, em que pouco menos fomos.

Ouvi como o nosso Camões o cantava:

Mas em tanto que cegos, e sedentos
andais do vosso sangue, ó gente insana,
não faltarão cristãos atrevimentos
nesta pequena casa Lusitana.
De África tem marítimos assentos;
é na Ásia mais que todas soberana;
na quarta parte nova os campos ara,
e, se mais mundo houvera, lá chegara.
Hoje… que são aquela Roma, e este Portugal?
Roma pereceu. Portugal, se não agoniza, enferma gravemente.
Mas para Roma não há já esperança; para nós há ainda uma. Sabeis qual?
Sois vós, vós mesmos, vós unicamente, ó Lavradores.

Os deuses fiaram a ruína dos homens, para que poemas fossem gerados à posteridade

O Preço da Riqueza

Não invejemos a certa espécie de gente as suas grandes riquezas: eles as têm à custa de um ónus que não nos daria bom cómodo. Estragaram o seu repouso, a sua saúde, a sua felicidade e a sua consciência, para as conseguir: isso é caro demais, e não há nada a ganhar por esse preço.
Quando se é novo, muitas vezes é-se pobre: ou ainda não se fez aquisições, ou as heranças ainda não vieram. A gente torna-se rico e velho ao mesmo tempo; tão raro é poderem os homens reunir todas as vantagens!
E se isso acontece a alguns, não há que invejá-los: eles têm a perder com a morte o bastante para serem lamentados. É preciso trinta anos para pensar na fortuna; aos cinquenta está feita; contrói-se na velhice e morre-se quando ainda se está às voltas com pintores e vidraceiros. Qual o fruto de uma grande fortuna, se não gozar a vaidade, indústria, trabalho e esforço dos que vieram antes de nós, e trabalharmos nós mesmos, plantando, construindo, adquirindo, para a posteridade?
Em todas as condições, o pobre está mais próximo do homem de bem, e o opulento não está longe da ladroeira. A capacidade e a habilidade não levam a grandes riquezas.

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Glória Efémera ou Eterna

Via de regra, a glória será tanto mais tardia quanto mais for durável, pois tudo aquilo que é excelente amadurece de maneira lenta. A glória que se tornará póstera assemelha-se a um carvalho que cresce bem lentamente a partir da sua semente; a glória fácil, efémera, assemelha-se às plantas anuais, que crescem rapidamente, e a glória falsa parece-se com erva daninha, que nasce num piscar de olhos e que nos apressamos em arrancar. Esse desenrolar das coisas relaciona-se com o facto de que, quanto mais alguém pertence à posteridade, ou seja, à humanidade geral e inteira, tanto mais estranho será à sua época, pois o que ele produz não é especialmente dedicado a ela como tal, mas só na medida em que a mesma é uma parte da humanidade; logo, as suas obras não são tingidas com a cor local do seu tempo; todavia, em consequência disso, pode acontecer que tal indivíduo passe facilmente como um estranho pela sua época.
Esta prefere apreciar aqueles que tratam os assuntos do seu dia-a-dia ou que servem ao humor do momento, portanto, os factos que pertencem integralmente a ela, que com ela vivem e com ela morrem. Por isso, a história da arte e da literatura ensina geralmente que as mais elevadas realizações do espírito humano,

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A Inteligência e o Carácter das Massas

O nosso tempo é rico em mentes inventivas, cujas invenções podem facilitar consideravelmente as nossas vidas. Estamos a atravessar os mares com potência e a utilizar a potência também para libertar a humanidade de todo o trabalho muscular cansativo. Aprendemos a voar e somos capazes de enviar mensagens e notícias sem qualquer dificuldade para todo o mundo através de ondas eléctricas.
Contudo, a produção e a distribuição de bens estão completamente desorganizadas, de tal forma que toda a gente vive com medo de ser completamente eliminada do ciclo económico, sofrendo deste modo do querer tudo. Para além disso, as pessoas que vivem em países diferentes matam-se umas às outras com intervalos de tempo irregulares, de tal modo que, também por esta razão, todo aquele que pensa no futuro vive no medo e no terror. Isto deve-se ao facto de a inteligência e o carácter das massas serem incomparavelmente menores do que a inteligência e o carácter dos poucos que produzem algo de verdadeiramente válido para a comunidade.
Tenho confiança em que a posteridade lerá estas afirmações com um sentimento de orgulho e superioridade justificada.

O Cuidado pela Posteridade é Maior naqueles que não Deixam Posteridade

As alegrias dos pais são secretas, como também o são os desgostos e os receios: não sabem exprimir as primeiras, não querem exprimir os segundos. As crianças tornam mais suaves os nossos trabalhos, mas tornam amargas as nossas desgraças; acrescem os cuidados da vida, mas mitigam a lembrança da morte. A perpetuidade pela geração é comum aos animais; mas a glória, o mérito, e os nobres feitos são próprios do homem. E certamente observar-se-á que as obras e as instituições mais nobres provêm de homens sem filhos, homens que transmitiram as imagens do seu espírito, já que não transmitiram as dos seu corpo. Assim o cuidado pela posteridade é maior naqueles que não deixam posteridade.

Porque é que eu haveria de me preocupar com a posteridade? O que é que a posteridade alguma vez fez por mim?

A Glória em Função dos Feitos e das Obras

Enquanto a nossa honra vai até onde somos pessoalmente conhecidos, a glória, pelo contrário, precede o nosso conhecimento e leva-o até onde ela mesmo consegue ir. Todo o indivíduo tem direito à honra; à glória, apenas as excepções, pois apenas mediante realizações excepcionais é possível atingi-la. Tais realizações, por sua vez, são feitos ou obras. A partir deles, abrem-se dois caminhos para a glória. Antes de mais nada, é o grande coração que capacita para os feitos; para as obras, a grande cabeça. Ambas possuem as suas próprias vantagens e desvantagens. A diferença principal é que os feitos passam, e as obras permanecem.
Dos feitos, permanece apenas a lembrança, que se torna cada vez mais fraca, desfigurada e indiferente, e que está até mesmo fadada a extinguir-se gradualmente, caso a história não a recolha e a transmita para a posteridade em estado petrificado. As obras, pelo contrário, são imortais e podem, pelo menos as escritas, sobreviver em todos os tempos. O mais nobre dos feitos tem apenas uma influência temporária; a obra genial, pelo contrário, vive e faz efeito, de modo benéfico e sublime, por todos os tempos. De Alexandre, o Grande, vivem nome e memória, mas Platão e Aristóteles,

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Para o escritor que falhou o presente, o reconforto é a posteridade. E essa nunca falha porque nunca se sabe se falhou.

A posteridade conta sempre com a vantagem de desfrutar da obra dos escritores sem o incómodo de os aturar.

As pessoas não serão capazes de olhar para a posteridade, se não tiverem em consideração a experiência dos seus antepassados.

A Posteridade é uma Sobreposição de Minorias

Aquele que despreza o aplauso da multidão de hoje, é o que procura sobreviver em renovadas minorias, durante gerações. «A posteridade é uma sobreposição de minorias», dizia Gounod. Quer-se prolongar mais no tempo do que no espaço. Os ídolos das multidões são derrubados prontamente por elas mesmas, e a sua estátua desfaz-se ao pé do pedestal, sem que ninguém olhe para ela, enquanto que aqueles que conquistam o coração dos escolhidos receberão, por mais tempo, um culto fervoroso numa capela, ainda que recolhida e pequena, mas que salvará as avenidas do esquecimento. O artista sacrifica a grandeza da sua fama à sua duração; anseia mais por durar sempre num recôndito, do que que brilhar um segundo no universo todo; antes quer ser o átomo eterno e consciente de si mesmo, do que a momentânea consciência do universo todo; sacrifica a infinidade à eternidade.

A Glória Mais Genuína

A glória mais genuína, a póstera, nunca é ouvida por quem é seu objecto e, no entanto, ele é tido por feliz. Assim, a sua felicidade consistiu propriamente nas grandes qualidades que lhe conferiram a sua glória e no facto de que encontrou oportunidade para desenvolvê-las; logo, foi-lhe permitido agir como era adequado, ou praticar aquilo que praticava com prazer e amor. Pois só as obras assim nascidas alcançam glória póstera. A sua felicidade consistiu, pois, no grande coração, ou também na riqueza de um espírito cuja estampa, nas suas obras, recebe a admiração dos séculos vindouros. Tal felicidade consistiu nos seus próprios pensamentos, cuja meditação será a ocupação e o gozo dos espíritos mais nobres de um imenso futuro. O valor da glória póstera reside, portanto, em merecê-la, e isso é a sua recompensa verdadeira.
Se chegou a haver obras que adquiriram glória na posteridade e que também a obtiveram entre os seus contemprâneos, tratam-se de circunstâncias fortuitas, sem grande importância. Pois, como os homens, via de regra, são privados de juízo próprio e, sobretudo, não têm capacidade alguma para apreciar as realizações elevadas e difíceis, acabam sempre por seguir nesse domínio a autoridade alheia, e a glória de género superior,

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