Adote o hábito de dizer algo amável ao pronunciar as primeiras palavras pela manhã. Isso estabelecerá sua disposição mental e emocional para todo o dia
Passagens sobre Primeiros
1521 resultadosMuito cuidado com os elogios rápidos. Aqueles que, na primeira tarde, são capazes de ver qualidades que não tens, também rapidamente descobrem defeitos que nunca possuístes.
A Ilusão do Presente
O mundo presente não merece que se faça nada por ele, uma vez que aquilo que subsiste num momento pode desaparecer no momento seguinte. Temos que trabalhar, sim, em benefício do mundo passado e do mundo futuro: do primeiro, para podermos reconhecer-lhe os méritos, do segundo, para tratarmos de elevar o respectivo valor.
Quando revejo alguns dos meus primeiros escritos e discursos, fico horrorizado pelo seu pedantismo, artificialidade e falta de originalidade. É muito visível a necessidade de impressionar.
O ouvido é a segunda porta da verdade, e a primeira da mentira.
Gaivota
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.Que perfeito coração
morreria no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
O Belíssimo Sonho do Preguiçoso Português
Quem se importa porém com isso? Trabalhar o menos possível sob a tutela do Estado que lhe garanta o suficiente à vida —, eis o sonho, o belíssimo sonho do preguiçoso português!
Do preguiçoso português, não digo bem, do preguiçoso latino; porque em todos os países desta família se estão notando, em flagrante oposição aos anglo-saxónios, as mesmas tendências as quais, no que particularmente respeita à França, não há muito vi afirmadas num livro dum escritor daquela nacionalidade que vós talvez conheçais — Gustave Le Bon.
Eu quero admitir, meus senhores, que sobre nós influi o clima, a raça, as tradições, o passado, em tanto quanto a geografia e a história podem influir no carácter dum povo. Não podemos então transformar-nos completamente, e utópico mesmo me parece o desejo dum dos homens a quem o ensino secundário em França mais deve, Demolins, expresso na sua obra sobre as causas da superioridade anglo-saxónica: — inglesa, se assim me posso exprimir, as sociedades latinas.
Mas sem essa conversão completa, sem mudarmos mesmo grande parte das nossas ideias, sem irmos de encontro a algumas das nossas tendências, e pormos de lado alguns dos nossos sentimentos, nós podíamos, parece-me a mim,
Confesso
Confesso que te amei, confesso
Não coro de o dizer, não coro
Pareço outra mulher, pareço
Mas lá chorar por ti, não choroFugir do amor tem seu preço
E a noite em claro atravesso
Longe do meu travesseiro
Começo a ver que não esqueço
Mas lá perdão não te peço
Sem que me peças primeiroDe rastos a teus pés
Perdida te adorei
Até que me encontrei
Perdida
Agora já não és
Na vida o meu senhor
Mas foste o meu amor
Na vidaNão penses mais em mim, não penses
Não estou nem p’ra te ouvir por carta
Convences as mulheres, convences
Estou farta de o saber, estou fartaNão escrevas mais nem me incenses
Quero que tu me diferences
Dessas que a vida te deu
A mim já não me pertences
Mas lá vencer-me não vences
Porque vencida estou euDe rastos a teus pés
Perdida te adorei
Até que me encontrei
Perdida
Agora já não és
Na vida o meu senhor
Mas foste o meu amor
Na vida.
O primeiro amor que entra no coração é o último que sai da memória.
Tempo e Idade
A jovialidade e a coragem da vida, características da juventude, devem-se em parte ao facto de estarmos a subir a colina, sem ver a morte situada no sopé do outro lado. Porém, ao transpormos o cume, avistamos de facto a morte, até então conhecida só de ouvir dizer. Ora, como ao mesmo tempo a força vital começa a diminuir, a coragem também decresce, de modo que, nesse momento, uma seriedade sombria reprime a audácia juvenil e estampa-se no nosso rosto. Enquanto somos jovens, digam o que quiserem, consideramos a vida como sem fim e usamos o nosso tempo com prodigalidade. Contudo, quanto mais velhos ficamos, mais o economizamos. Na velhice, cada dia vivido desperta uma sensação semelhante à do delinquente ao dirigir-se ao julgamento.
Do ponto de vista da juventude, a vida é um futuro infinitamente longo; do da velhice, é um passado bastante breve. Desse modo, o começo apresenta-se-nos como as coisas ao serem vistas pela lente objectiva do binóculo de opera; o fim, entretanto, como se vistas pela ocular. É preciso ter envelhecido, portanto ter vivido muito, para reconhecer como a vida é breve. O próprio tempo, na juventude, dá passos bem mais lentos. Por conseguinte, o primeiro quartel da vida é não só o mais feliz,
O que distingue o homem insensato do sensato é que o primeiro anseia morrer orgulhosamente por uma causa, enquanto o segundo aspira viver humildemente por ela.
Indulgência com os Outros
Para sobreviver por este mundo afora, é conveniente levar consigo uma grande provisão de precaução e indulgência. Pela primeira seremos protegidos de danos e perdas, pela segunda, de disputas e querelas. Quem tem de viver entre os homens não deve condenar, de maneira incondicionada, individualidade alguma, nem mesmo a pior, a mais mesquinha ou a mais ridícula, pois ela foi definitivamente estabelecida e ofertada pela natureza. Deve-se, antes, tomá-la como algo imutável que, em virtude de um princípio eterno e metafísico, tem de ser como é. Quanto aos casos mais lamentáveis, deve-se pensar: «É preciso que haja também tais tipos no mundo.» Do contrário, comete-se uma injustiça e desafia-se o outro a uma guerra de vida ou morte, já que ninguém pode mudar a sua própria individualidade, isto é, o seu carácter moral, as suas faculdades de conhecimento, o seu temperamento, a sua fisionomia, etc. Ora, se condenarmos o outro em toda a sua essência, então nada lhe restará a não ser combater em nós um inimigo mortal, pois só lhe reconhecemos o direito de existir sob a condição de tornar-se uma pessoa diferente da que invariavelmente é.
Portanto, para vivermos entre os homens, temos de deixar cada um existir como é,
As Três Fases da Moralidade
Temos o primeiro sinal de que o animal se tornou homem, quando a sua actuação já não se relaciona com o bem-estar momentâneo, mas com o duradouro, prova de que o homem adquire o sentido do “útil”, do “adequado”: é então que, pela primeira vez, irrompe o livre senhorio da razão. Um estádio ainda mais elevado é alcançado, quando ele age consoante o princípio da honra; graças ao mesmo, ele adapta-se, submete-se a sentimentos comuns, e isso ergue-o muito acima da fase, em que só a utilidade entendida em termos pessoais o guiava: ele respeita e quer ser respeitado, isto é, entende o proveito como dependente do que ele opina acerca dos outros, do que os outros opinam acerca dele. Finalmente, na fase mais elevada da moralidade em uso até agora, ele age segundo o seu critério quanto às coisas e às pessoas, ele próprio determina para si e para outros o que é honroso, o que é útil; tornou-se o legislador das opiniões, em conformidade com o conceito cada vez mais desenvolvido do útil e do honroso. O conhecimento habilita-o a preferir o mais útil, ou seja, a colocar o proveito geral e duradouro à frente do pessoal, a respeitosa estima de valia geral e duradoura à frente da momentânea;
A diferença entre a Guerra e a Paz é a seguinte: na Guerra, os pobres sâo os primeiros a serem mortos; na Paz, os pobres são os primeiros a morrer. Para nós, mulheres, há ainda uma outra diferença: na Guerra, passamos a ser violadas por quem não conhecemos.
A Superficialidade dos Grandes Espíritos
Não há nada de mais perigoso para o espírito do que a sua relação com as grandes coisas. Alguém deambula por uma floresta, sobe a um monte e vê o mundo estendido a seus pés, olha para um filho que lhe colocam pela primeira vez nos braços, ou desfruta da felicidade de assumir uma posição invejada por todos. Perguntamos: o que se passa nele em tais momentos? Ele próprio certamente pensa que são muitas coisas, profundas e importantes; mas não tem presença de espírito suficiente para, por assim dizer, as tomar à letra. O que há de admirável, diante dele e fora dele, que o encerra numa espécie de gaiola magnética, arranca os pensamentos do seu interior. O seu olhar perde-se em mil pormenores, mas ele tem a secreta sensação de ter esgotado todas as munições. Lá fora, esse momento inspirado, solar, profundo, essa grande hora, recobre o mundo com uma camada de prata galvanizada que penetra todas as folhinhas e veias; mas na outra extremidade em breve se começa a notar uma certa falta de substância interior, e nasce aí uma espécie de grande «O», redondo e vazio. Este estado é o sintoma clássico do contacto com tudo o que é eterno e grande,
Primeiro apure os fatos. Depois, pode distorcê-los à vontade.
Ao que Viemos
Não tudo, mas alguma coisa depende da idade que temos agora e do jeito que temos de nos lembrarmos das idades que tivemos. Começamos por dizer “quando eu era novo” – mas nós nunca fomos simplesmente novos.
Mais do que termos sido novos, fomos antes vários tipos de novo. Até a tabela mais automática que seguimos começa aos cinco anos, idade das primeiras memórias certas, e continua, roboticamente: 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55, 60, 65, 70 e adiante, tomando o lustro como o equivalente pessoal da década da História.
Fala-se, com lassitude, de gerações. Nunca se fica a saber, mal ou bem, a qual pertencemos, mesmo que queiramos pertencer a alguma. Imagine-se a bandalheira correspondente se assim se falasse dos vinhos do Porto como sendo da geração dos anos 40, 50, 70 ou 90.
Não. Importa o ano em que se nasce. A idade, tal como no vinho, é relativa. Algumas pessoas ganham em consumir-se cedo. As melhores exigem que se espere. Resta vermos as nossas idades não como um percurso linear e previsível mas com a surpresa deliciosa dos anos vintage que não se adivinhar.
No ser humano, as idades importantes talvez sejam: 0 a 1,
Utopia
Uma utopia é mais ou menos o equivalente de uma possibilidade; o facto de uma possibilidade não ser uma realidade significa apenas que as circunstâncias com as quais a primeira está articulada num determinado momento a impedem de ser a segunda, porque de outra forma ela mais não seria do que uma impossibilidade. Se essa possibilidade for liberta das suas dependências e puder desenvolver-se, nasce a utopia. É um processo semelhante àquele que se verifica quando um investigador observa a transformação de um elemento num composto para daí tirar as suas conclusões. A utopia é a experiência na qual se observam a possibilidade de transformação de um elemento e os efeitos que ela provocaria naquele fenómeno composto a que chamamos vida.
Em primeiro lugar é o universo que deve ser interrogado sobre o homem e não o homem sobre o universo.
Efeito, n. O segundo de dois fenómenos que ocorrem sempre juntos e na mesma ordem. Do primeiro, ao qual se chama Causa, diz-se que gera o segundo — o que é tão sensato como dizer-se que, por se ter visto um cão a perseguir um coelho, o coelho é a causa do cão.