O Egoísta Homem Moderno
Um dos problemas mais complicados e mais difíceis dos nossos dias, o de encaminhar para um fim benéfico e utilitário, para o bem real da nossa sociedade, essa exuberância espantosa de prosperidade material, que muito é de temer não materialize excessivamente o espírito popular e não o lance na via de uma ambição desenfreada e subversiva. Esta questão considero-a como a única séria e vital que hoje resta resolver satisfatoriamente, porque a sua resolução é que há-de dizer a razão por que nós gozamos dos incalculáveis benefícios do vapor e das suas aplicações e do telégrafo eléctrico; porque é dela que depende a sorte futura da nossa sociedade, e essa resolução é tanto mais difícil que ela não pode ser a obra da violência, por isso que a violência apressaria o termo fatal do desengano sem que a sociedade estivesse suficientemente preparada para um choque tão violento, e tornaria sangüinária uma revolução que, longe de dever ser um cataclismo para a sociedade, deverá executar-se brandamente. O governo, que deve saber dirigir a verdadeira opinião pública, pode pela sua acção sobre a instrução das classes laboriosas ensinar-lhes a sua posição futura na sociedade e destruir as ambições desenfreadas dos pretendidos amigos do povo…
Textos sobre Bem
885 resultadosImagem Enevoada
Paradoxo: por um lado, a televisão fabrica-me representações de um mundo longínquo; por outro, esse é o mundo adequado ao meu mundo. É o que me convém: se as imagens do mundo não me dizem respeito, ou me dizem só longinquamente respeito, então está tudo bem assim, porque a minha imagem também só enevoada me diz respeito.
Eu nem me apercebo do «longe», do «afastamento», da «ausência de mim a mim». Não há paradoxo, porque não há consciência dele. Não há sobressalto de pensamento. Tudo se mistura, talvez.
O que é um Romance?
Um romance é aquilo que o autor quiser que seja. O Herberto Helder tem razão quando diz que está tudo misturado: não se sabe quando é que a poesia não dá origem a um romance, quando é que um ensaio não é um romance, quando é que no interior de um ensaio não aparece um poema… Não vejo por que é que essas coisas hão-de ser catalogadas. Há páginas de grandes romances que são grandes páginas de poesia. Bom, mas isto é mais um pressentimento que uma certeza, que o início de uma teoria… É uma interrogação. O meu problema é que sempre li mais prosa que poesia. Na verdade, a poesia aborrece-me mais. Não é bem isso… é no sentido de que ocupa um espaço muito menor nas minhas leituras.
A Companhia do Amor
O que eu sinto não seria para si uma coisa nova de que necessitasse uma clara afirmação; é o mesmo que eu sentia quando passeávamos ambos nas areias da Costa Nova. Ou antes, não é o mesmo sentimento: é outro mais belo, mais completo; porque tendo, apesar de tudo, ficado comigo, desde que nos separámos, e tendo sido o doce e fiel companheiro da minha vida desde então – esse sentimento penetrou-me de um modo mais absoluto e mais absorvente, exaltou-se e idealizou-se, e de tal sorte me invadiu todo que eu cheguei a não ter pensamento, ideia, esperança, plano, a que não estivesse misturada a sua imagem. E na Costa Nova ainda não era assim. Dizer porque é que eu, apesar de tudo, insistia em pensar em si, não sei. O facto de não serem dependentes da vontade os movimentos do coração não é uma suficiente explicação: porque eu podia resistir à importunidade desta ideia, e em lugar disso abandonava-me a ela como à minha única alegria. Devo portanto concluir que havia um pressentimento latente, uma vaga quase certeza, uma fé secreta de que a afinidade que existe entre as nossas naturezas se viria um dia a manifestar apesar de tudo,
Ser Feliz é uma Responsabilidade Muito Grande
Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem. Tenho coragem mas com um pouco de medo. Pessoa feliz é quem aceitou a morte. Quando estou feliz demais, sinto uma angústia amordaçante: assusto-me. Sou tão medrosa. Tenho medo de estar viva porque quem tem vida um dia morre. E o mundo me violenta. Os instintos exigentes, a alma cruel, a crueza dos que não têm pudor, as leis a obedecer, o assassinato — tudo isso me dá vertigem como há pessoas que desmaiam ao ver sangue: o estudante de medicina com o rosto pálido e os lábios brancos diante do primeiro cadáver a dissecar. Assusta-me quando num relance vejo as entranhas do espírito dos outros. Ou quando caio sem querer bem fundo dentro de mim e vejo o abismo interminável da eternidade, abismo através do qual me comunico fantasmagórica com Deus.
Conta Comigo Sempre
Conta comigo sempre. Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue. Venho do silêncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes árvore, tantas vezes equilíbrio, outras tantas tempestade. A nossa memória é um mistério, recordo-me de uma música maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com clareza as flautas, os violinos, o oboé.
O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas. Estou entre vazios e plenitudes, encho as mãos com uma fragilidade que é um pássaro sábio e distraído que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.
Conta comigo sempre. Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível. Tu sabes onde estou.
Sabes como me chamo. Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar.
Alma e Corpo – A Ilusão da Integridade
Em qualquer momento em que a consideremos, a nossa alma total tem sempre um valor quase fictício, apesar do numeroso balanço das suas riquezas, pois ora umas, ora outras, são indisponíveis, quer se trate de riquezas efectivas como de riquezas da imaginação… Pois as perturbações da memória estão ligadas às intermitências do coração.
É sem dúvida a existência do nosso corpo, semelhante para nós a um vaso em que estaria encerrada a nossa espiritualidade, que nos induz a supor que todos os nossos bens interiores, as alegrias passadas, todas as nossas dores, estão perpetuamente em nossa possessão.
O Homem Honroso
O homem honroso dá atenção especial a nove coisas. Dedica-se a ver bem o que olha, a ouvir bem o que escuta; cuida para ter uma aparência afável, para ter uma atitude deferente, para ser sincero nas suas palavras, para ser diligente nas suas acções; no meio das suas dúvidas, tem o cuidado de interrogar; quando está descontente, pensa nas consequências desastrosas da cólera; frente a um bem a obter, lembra-se da justiça.
(…) Buscar o bem, como se temêssemos não conseguir alcançá-lo; evitar o mal, como se tivéssemos enfiado a mão na água fervente; é um princípio que eu vi ser posto em prática e que aprendi. Viver isolado na busca do seu ideal, praticar a justiça, a fim de realizar a sua Via, é um princípio que aprendi, mas ainda não vi ninguém segui-lo.
Ninguém pode nesta vida ter satisfeitas as suas aspirações
Ninguém pode nesta vida ter satisfeitas as suas aspirações, porque nunca um bem criado sacia as aspirações humanas de felicidade.
A Acção Mais Degradada
A acção mais degradada é a daquele que não age e passa procuração a outrem para agir – a dos frequentadores dos espectáculos de luta e a dos consumidores da literatura de violência. Ser herói e através de outrem, ser corajoso em imaginação, é o limite extremo da acção gratuita, do orgulho ou da vaidade que não ousa. Corre-se o risco sem se correr, experimenta-se como se se experimentasse, colhe-se o prazer do triunfo sem nada arriscar. E é por isso que os fIlmes de guerra, do heroísmo policial, de espionagem, têm de acabar bem. Porque o que aí se procura é justamente o sabor do triunfo e nâo apenas do risco. O gosto do risco procura-o o herói real, o jogador que pode perder. Mas o espectador da sua luta, degradado na sedução da acção, acentua a sua mediocridade no não poder aceitar a derrota, no fingir que corre o risco mesmo em ficção, mas com a certeza prévia de que o risco é vencido. O que ele procura é a pequena lisonja à sua vaidade pequena, a figuração da coragem para a sua cobardia, e só a vitória do herói a quem passou procuração o pode lisonjear.
E se o herói morre em grandeza,
O Meu Amor
[Citações da entrevista do jornal Público a Miguel Esteves Cardoso (MEC) e Maria João Pinheiro (MJ), no dia 21 de Abril de 2013]
MEC – Ela é sempre maravilhosa. Vivia muito desconfiado nos, sei lá, nos primeiros meses e anos. Desconfiava de que ela tivesse uma Maria João verdadeira que não fosse assim mágica. Que fosse prática e muito diferente. Que houvesse – há sempre – uma pessoa escondida dentro dela. Mas não. Não há.
(…)
MJ – O Miguel é uma pessoa. Uma pessoa maravilhosa. Um tesouro.
(…)
MJ – Foi conhecer a pessoa mais generosa, perfeita, bondosa. A alma mais pura.
MEC – Devíamos dar mais entrevistas. Eu nunca ouço isto. Estou inchado. Se achavas isso antes, por que é que não disseste?
(…)
MEC – Sim. E fiquei como nunca fiquei antes. Fiquei assim toinggg. Parecia extremamente feliz. E eu: «Ah!!» E luminosa. Risonha. Como se fosse um prémio. Sabe?, um prémio. «Aqui está a tua sorte.» Senti uma ausência de dúvida. Eh pá. Só queria que fosse minha.
(…)
MEC – É a mulher mais bonita que alguma vez vi. Era linda de morrer e podia ser uma víbora.
Como Provar a Vida
Com a idade, como castigo dos excessos da juventude mas também como consolação, começa-se a provar as coisas que dantes se consumiam sem pensar. Até quase morrer de uma hepatite alcóolica eu bebia «whiskey» como se fosse água: o «uisce beatha» gaélico; a água da vida. Agora, com o fígado restaurado por anos de abstinência, apenas provo.
Suspeito que seja assim com todos os prazeres – até o de acordar bem disposto ou passar um dia sem dores ou respirar como se quer ou não precisar de mais ninguém para funcionar. Parecem prazeres pequenos quando ainda temos prazeres maiores com os quais podemos compará-los. Mas tornam-se prazeres enormes quando são os únicos de que somos capazes.
Sei que a última felicidade de todos nós será repararmos no último momento em que conseguimos provar a vida que vivemos e achá-la – não tanto apesar como por causa de tudo – boa.
Posses e Capacidade atrapalham a Felicidade
Foi observado em todas as épocas que as vantagens da natureza, ou da fortuna, contribuíram muito pouco para a promoção da felicidade; e que aqueles a quem o esplendor da sua classe social, ou a extensão das suas capacidades, colocou no topo da vida humana não deram muitas vezes ocasião justa de inveja por parte dos que olham para eles de uma condição mais baixa; quer seja que a aparente superioridade incite a grandes desígnios e os grandes desígnios corram naturalmente o risco de insucessos fatais; ou que o destino da humanidade seja a miséria, os infortúnios daqueles cuja eminência atraiu sobre eles a atenção universal foram mais cuidadosamente registados, porque, em geral, eram mais bem observados e foram, na realidade, mais conspícuos do que outros, mas não com maior frequência nem severidade.
Todos Pensam de Forma Diferente, e Muitas Vezes Efémera
Cada indivíduo vê o mundo – e o que este tem de acabado, de regular, de complexo e de perfeito – como se se tratasse apenas de um elemento da Natureza a partir do qual tivesse que constituir um outro mundo, particular, adaptado às suas necessidades. Os homens mais capazes tomam-no sem hesitações e procuram na medida do possível comportar-se de acordo com ele. Há outros que não se conseguem decidir e que ficam parados a olhar para ele. E há ainda os que chegam ao ponto de duvidar da existência do mundo.
Se alguém se sentisse tocado por esta verdade fundamental, nunca mais entraria em disputas e passaria a considerar, quer as representações que os outros possam fazer das coisas, quer a sua, como meros fenómenos. Porque de facto verificamos quase todos os dias que aquilo que um indivíduo consegue pensar com toda a facilidade pode ser impossível de pensar para um outro. E não apenas em relação a questões que tivessem uma qualquer influência no bem estar ou no sofrimento das pessoas, mas também a propósito de assuntos que nos são totalmente indiferentes.
A Audácia é Má no Conselho e boa na Execução
A audácia é filha da ignorância e da rudeza, e muito inferior a todos os outros dons. Ela fascina, porém, atando-lhes os pés e as mãos, aos que são débeis de entendimento e falhos de coragem que formam a maioria; e prevalece até sobre os homens sábios nas horas da fraqueza. Por isso vemos que ela fez maravilhas nos Estados populares, menos do que nos governados por Senados ou por Príncipes; e muito mais ao primeiro arranco das pessoas audaciosas, do que depois, porque a audácia é má cumpridora de promessas.
(…) Certamente aos homens de grande entendimento, os audacciosos dão um espectáculo de muito gozo; e até mesmo para o vulgo, a audácia não deixa de ser ridícula. Porque se o absurdo é o fundamento do riso não duvideis de que uma grande audácia raramente existe sem absurdo.
(…) Deve ser bem considerado que a audácia é sempre cega, para não ver os perigos e as inconveniências. Por isso ela é má no conselho e boa na execução; para bem aproveitar e utilizar as pessoas audacciosas é preciso que elas nunca estejam na chefia do comando, mas em segundo lugar, sob a direcção de outros. Porque no conselho é bom ver os perigos,
A Adopção de Novas Ideias
Que um ou vários homens inventem uma nova ideia ou um novo sentimento não faz alterar o cariz da história, o tom dos tempos, como a cor do Atlântico não muda porque um pintor de marinhas limpa nele o seu pincel carregado de vermelhão. Mas se, de súbito, uma massa ingente de homens adopta aquela ideia e vibra com aquele sentimento, então a ária da história, a face dos tempos tinge-se de um novo colorido. Pois bem: as massas ingentes de homens não adoptam uma ideia nova, não vibram com o seu peculiar sentimento simplesmente porque se lhes faça prédicas. É preciso que essa ideia e esse sentimento se achem neles pré-formados, inatos, prontos. Sem essa predisposição radical, espontânea da massa, todo o pregador seria um pregador no deserto.
Daqui que as mudanças históricas supõem o nascimento de um tipo de homem diferente em mais ou menos do que antes havia; isto é, supõem a mudança de gerações.
O Pessimismo é Excelente para os Inertes
O Pessimismo é uma teoria bem consoladora para os que sofrem, porque desindividualiza o sofrimento, alarga-o até o tornar uma lei universal, a lei própria da Vida; portanto lhe tira o carácter pungente de uma injustiça especial, cometida contra o sofredor por um Destino inimigo e faccioso! Realmente o nosso mal sobretudo nos amarga quando contemplamos ou imaginamos o bem do nosso vizinho – porque nos sentimos escolhidos e destacados para a Infelicidade, podendo, como ele, ter nascido para a Fortuna. Quem se queixaria de ser coxo – se toda a humanidade coxeasse? E quais não seriam os urros, e a furiosa revolta do homem envolto na neve e friagem e borrasca de um Inverno especial, organizado nos céus para o envolver a ele unicamente – enquanto em redor toda a humanidade se movesse na benignidade de uma Primavera? (…) O Pessimismo é excelente para os Inertes, porque lhes atenua o desgracioso delito da Inércia.
Os Eternos Descontentes
‘Para que serve viver? Tudo é vão! Viver é trilhar palha. Viver, é consumir-se sem se aquecer.’
Estas cantilenas gastas passam ainda por sabedoria; quanto mais velha mais cheira a bafio, mais honrada é. A podridão é também um título de nobreza.
Para as crianças é que é bom falar assim! Receiam o lume porque nele se queimaram. Há muita infantilidade nos antigos livros da sabedoria!
E o que trilha eternamentente palha, com que direito troça de quantos manejam o mangal? Seria preciso amordaçar tais loucos, – os que se sentam à mesa sem levar nada, nem sequer um bom apetite, e que blasfemam em seguida: ‘Tudo é vão’.
Mas comer bem e beber bem, ó meus irmãos, é uma arte que não tem nada de vão.
O Homem Certo
Hoje, numa época em que se misturam todos os discursos, em que profetas e charlatães usam as mesmas fórmulas com mínimas diferenças, cujo percurso nenhum homem ocupado tem tempo de seguir, num tempo em que as redacções dos jornais são constantemente incomodadas por gente que acha que é um génio, é muito difícil ajuizar do valor de um homem ou de uma ideia. Temos de nos deixar guiar pelo ouvido para podermos perceber se os rumores, os sussurros e o raspar de pés diante da porta da redacção são suficientemente fortes para poderem ser admitidos como voz da polis. A partir desse momento, porém, o génio passa a outra condição. Deixa de ser matéria fútil da crítica literária ou teatral, cujas contradições os leitores que qualquer jornal deseja ter levam tão pouco a sério como a tagarelice de uma criança, para aceder ao estatuto de factos concretos, com todas as consequências que isso tem.
Certos fanáticos insensatos ignoram a necessidade desesperada de idealismo que se esconde por detrás de tal situação. O mundo dos que escrevem porque têm de escrever está cheio de grandes palavras e conceitos que perderam a substância. Os atributos dos grandes homens e das grandes causas sobrevivem ao que quer que seja que lhes deu origem,
A Adulação na Amizade
Pois que é próprio da verdadeira amizade dar e receber conselhos, dá-los com franqueza e sem azedume, recebê-los com paciência e sem repugnância, persuadamo-nos bem de que não ha defeito maior na amizade que a lisonja, a adulação, as baixas complacências. Com efeito, não se poderia dar bastantes nomes ao vício desses homens frívolos e enganadores, que falam sempre para agradar, e jamais para dizer a verdade.
A dissimulação é funesta em todas as coisas (pois corrompe e altera em nós o sentimento da verdade) mas é, sobretudo, contrária à amizade. Destrói a sinceridade, sem a qual não subsiste mesmo o próprio nome da amizade. Se a força da amizade consiste em fazer de várias almas uma só, como seria assim, se em cada homem a alma não é a mesma, não é constante, mas variável, mutável, tomando mil formas? De facto, que há de mais mutável, de mais versátil que a alma daquele que se transforma não apenas segundo o sentimento e a vontade dum outro, mas a um pequeno sinal deste, a um mínimo gesto seu? «Ele diz não? Eu digo não; ele diz sim? eu digo sim: numa palavra, eu me impus a obrigação de tudo aplaudir»,