Passagens sobre VolĂșpia

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Excesso de VolĂșpia

A volĂșpia carnal Ă© uma experiĂȘncia dos sentidos, anĂĄloga ao simples olhar ou Ă  simples sensação com que um belo fruto enche a lĂ­ngua. É uma grande experiĂȘncia sem fim que nos Ă© dada; um conhecimento do mundo, a plenitude e o esplendor de todo o saber. O mal nĂŁo Ă© que nĂłs a aceitemos; o mal consiste em quase todos abusarem dessa experiĂȘncia, malbaratando-a, fazendo dela um mero estĂ­mulo para os momentos cansados da sua existĂȘncia.

Seios

IV

MagnĂłlias tropicais, frutos cheirosos
Das ĂĄrvores do Mal fascinadoras,
Das negras mancenilhas tentadoras,
Dos vagos narcotismos venenosos.

OĂĄsis brancos e miraculosos
Das frementes volĂșpias pecadoras
Nas paragens fatais, aterradoras
Do TĂ©dio, nos desertos tenebrosos…

Seios de aroma embriagador e langue,
Da aurora de ouro do esplendor do sangue,
A alma de sensaçÔes tantalizando.

Ó seios virginais, tálamos vivos
Onde do amor nos ĂȘxtases lascivos
Velhos faunos febris dormem sonhando…

Primeira ComunhĂŁo

Grinaldas e véus brancos, véus de neve,
VĂ©us e grinaldas purificadores,
VĂŁo as Flores carnais, as alvas Flores
Do Sentimento delicado e leve.

Um luar de pudor, sereno e breve,
De ignotos e de prĂŽnubos pudores,
Erra nos pulcros virginais brancores
Por onde o Amor parĂĄbolas descreve…

Luzes claras e augustas, luzes claras
Douram dos templos as sagradas aras,
Na comunhĂŁo das nĂ­veas hĂłstias frias…

Quando seios pubentes estremecem,
Silfos de sonhos de volĂșpia crescem,
Ondulantes, em formas alvadias…

Sem Esperança

Ó cñndidos fantasmas da Esperança,
Meigos espectros do meu vĂŁo Destino,
Volvei a mim nas leves ondas do Hino
Sacramental de Bem-aventurança.

Nas veredas da vida a alma nĂŁo cansa
De vos buscar pelo Vergel divino
Do céu sempre estrelado e diamantino
Onde toda a alma no PerdĂŁo descansa.

Na volĂșpia da dor que me transporta,
Que este meu ser transfunde nos Espaços,
Sinto-te longe, ó Esperança morta.

E em vĂŁo alongo os vacilantes passos
À procura febril da tua porta,
Da ventura celeste dos teus braços.

A Minha AusĂȘncia de Ti

Foi tal e qual o inverno a minha ausĂȘncia
de ti, prazer dum ano fugitivo:
dias nocturnos, gelos, inclemĂȘncia;
que nudez de dezembro o frio vivo.

E esse tempo de exĂ­lio era o do verĂŁo;
era a excessiva gravidez do outono
com a volĂșpia de maio em cada grĂŁo:
um seio viĂșvo, sem senhor nem dono.

Essa posteridade em seu esplendor
uma esperança de órfãos me parecia:
contigo ausente, o verĂŁo teu servidor

emudeceu as aves todo o dia.
Ou tanto as deprimiu, que a folha arfava
e no temor do inverno desmaiava.

Tradução de Carlos de Oliveira

A Elvira

(Lamartine)

Quando, contigo a sĂłs, as mĂŁos unidas,
Tu, pensativa e muda; e eu, namorado,
Às volĂșpias do amor a alma entregando,
Deixo correr as horas fugidias;
Ou quando ‘as solidĂ”es de umbrosa selva
Comigo te arrebato; ou quando escuto
—Tão só eu, — teus terníssimos suspiros;
E de meus lĂĄbios solto
Eternas juras de constĂąncia eterna;
Ou quando, enfim, tua adorada fronte
Nos meus joelhos trĂȘmulos descansa,
E eu suspendo meus olhos em teus olhos,
Como Ă s folhas da rosa ĂĄvida abelha;
Ai, quanta vez entĂŁo dentro em meu peito
Vago terror penetra, como um raio!
Empalideço, tremo;
E no seio da glĂłria em que me exalto,
LĂĄgrimas verto que a minha alma assombram!
Tu, carinhosa e trĂȘmula,
Nos teus braços me cinges, — e assustada,
Interrogando em vĂŁo, comigo choras!
“Que dor secreta o coração te oprime?”
Dizes tu, “Vem, confia os teus pesares…
Fala! eu abrandarei as penas tuas!
Fala! Eu consolarei tua alma aflita.”

Vida do meu viver, nĂŁo me interrogues!
Quando enlaçado nos teus níveos braços*
A confissão de amor te ouço,

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A Justa Medida do Esforço do Prazer

Os sĂĄbios bem ensinam a nos precavermos contra a traição dos nossos apetities e a discernir entre os prazeres verdadeiros e integrais e os prazeres dĂ­spares e mesclados com mais trabalhos. Pois a maioria dos prazeres, dizem eles, excitam e abraçam para nos estrangular (…). E, se a dor de cabeça nos viesse antes da embriaguez, evitarĂ­amos beber demais. Mas a volĂșpia, para nos enganar, caminha Ă  frente e oculta-nos o seu sĂ©quito. Os livros sĂŁo aprazĂ­veis; mas, se por frequentĂĄ-los perdemos afinal a alegria e a saĂșde, que sĂŁo as nossas melhores partes, abandonemo-los. Sou dos que julgam que o seu fruto nĂŁo pode contrabalançar essa perda. Como os homens que hĂĄ longo tempo se sentem enfraquecidos por alguma indisposição se entregam por fim Ă  mercĂȘ da medicina e deixam que lhes estabeleça artificialmente certas regras de viver para nĂŁo mais ultrapassĂĄ-las, assim tambĂ©m aquele que se isola, entediado e desgostoso da vida em comum, deve conformar esta Ă s regras da razĂŁo, deve organizĂĄ-la e ordenĂĄ-la com premeditação e reflexĂŁo.
Deve dizer adeus a toda a espĂ©cie de esforço, sob qualquer aparĂȘncia que se apresente; e fugir em geral das paixĂ”es que impedem a tranquilidade do corpo e da alma,

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Nervos D’Oiro

Meus nervos, guizos de oiro a tilintar
Cantam-me n’alma a estranha sinfonia
Da volĂșpia, da mĂĄgoa e da alegria,
Que me faz rir e que me faz chorar!

Em meu corpo fremente, sem cessar,
Agito os guizos de oiro da folia!
A Quimera, a Loucura, a Fantasia,
Num rubro turbilhĂŁo sinto-As passar!

O coração, numa imperial oferta.
Ergo-o ao alto! E, sobre a minha mĂŁo,
É uma rosa de pĂșrpura, entreaberta!

E em mim, dentro de mim, vibram dispersos,
Meus nervos de oiro, esplĂȘndidos, que sĂŁo
Toda a Arte suprema dos meus versos!

SĂł as crianças e os velhos conhecem a volĂșpia de viver dia-a-dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se estendem alĂ©m de cinco minutos…

O Sexo Ă© um Caso SĂ©rio

Pensai no casal mais belo, mais encantador, como ele se atrai e se repele, se deseja e foge um do outro com graça num belo jogo de amor. Chega o instante da volĂșpia, e toda a brincadeira, toda a alegria graciosa e doce de sĂșbito desapareceram. PorquĂȘ? Porque a volĂșpia Ă© bestial, e a bestialidade nĂŁo ri. As forças da natureza agem por toda a parte seriamente. A volĂșpia dos sentidos Ă© o oposto do entusiasmo que nos abre o mundo ideal. O entusiasmo e a volĂșpia sĂŁo graves e nĂŁo comportam a brincadeira.

O Futuro Ă© dos Virtuosos e dos Capazes

É preciso confessar, o presente Ă© dos ricos, e o futuro Ă© dos virtuosos e dos capazes. Homero ainda vive, e viverĂĄ sempre; os recebedores de direitos, os publicanos, nĂŁo existem mais: existiram algum dia? A sua pĂĄtria, os seus nomes, sĂŁo conhecidos? Houve arrecadores de impostos na GrĂ©cia? Que fim levaram essas personagens que desprezavam Homero, que sĂł pensavam, na rua, em evitĂĄ-lo, nĂŁo correspondiam Ă  sua saudação, ou o saudavam pelo nome, desdenhavam associĂĄ-lo Ă  sua mesa, olhavam-no como um home que nĂŁo era rico e fazia um livro?
O mesmo orgulho que faz elevar-se altivamente acima dos seus inferiores, faz rastejar vilmente diante dos que estĂŁo acima de si. É prĂłprio deste vĂ­cio, que nĂŁo se funda sobre o mĂ©rito pessoal nem sobre a virtude, e sim sobre as riquezas, cargos, crĂ©dito, e sobre ciĂȘncias vĂŁs, levar-nos igualmente a desprezar os que tĂȘm menos essa espĂ©cie de bens do que nĂłs e a apreciar demais aqueles que tĂȘm uma medida que excede a nossa.

HĂĄ almas sujas, amassadas com lama e sujidade, tomadas pelo desejo de ganho e interesse, como as belas almas o sĂŁo pelo da glĂłria e da virtude: capazes de uma Ășnica volĂșpia,

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MĂșsica Da Morte

A musica da Morte, a nebulosa,
Estranha, imensa musica sombria,
Passa a tremer pela minh’alma e fria
Gela, fica a tremer, maravilhosa…

Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
Letes sinistro e torvo da agonia,
Recresce a lancinante sinfonia,
Sobe, numa volĂșpia dolorosa…

Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
Tremenda, absurda, imponderada e larga,
De pavores e trevas alucina…

E alucinando e em trevas delirando,
Como um Ópio letal, vertiginando,
Os meus nervos, letĂĄrgica, fascina…

Amor Comparado

Queres ter uma ideia do amor, vĂȘ os pardais do teu jardim; vĂȘ os teus pombos; contempla o touro que se leva Ă  tua vitela; olha esse orgulhoso cavalo que dois valetes teus conduzem Ă  Ă©gua em paz que o espera, e que desvia a cauda para recebĂȘ-lo; vĂȘ como os seus olhos cintilam; ouve os seus relinchos; contempla os seus saltos, camabalhotas, orelhas eriçadas, boca que se abre com pequenas convulsĂ”es, narinas que se inflam, sopro inflamado que delas sai, crinas que se revolvem e flutuam, movimento imperioso com o qual o cavalo se lança para o objecto que a natureza lhe destinou; mas nĂŁo tenhas inveja, e pensa nas vantagens da espĂ©cie humana: elas compensam com amor todas as que a natureza deu aos animais, força, beleza, ligeireza, rapidez. HĂĄ atĂ© mesmo animais que nĂŁo sabem o que Ă© o gozo. Os peixes escamados sĂŁo privados dessa doçura: a fĂȘmea lança no lodo milhĂ”es de ovos; o macho que os encontra passa sobre eles e fecunda-os com a sua semente, sem saber a que fĂȘmea eles pertencem. A maior parte dos animais que copulam sĂł tĂȘm prazer por um sentido; e, assim que esse apetite Ă© satisfeito, tudo se extingue.

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Na cama estĂĄ deitada a deusa, a soberana dos sonhos. Mas como Ă© que ela veio aqui? Quem a trouxe, que poder mĂĄgico a instalou neste trono de fantasia e de volĂșpia?

DemĂŽnios

A lĂ­ngua vil, ignĂ­voma, purpĂșrea
Dos pecados mortais bava e braveja,
Com os seres impoluĂ­dos mercadeja,
Mordendo-os fundo injĂșria por injĂșria.

É um grito infernal de atroz luxĂșria,
Dor de danados, dor do Caos que almeja
A toda alma serena que viceja,
SĂł fĂșria, fĂșria, fĂșria, fĂșria, fĂșria!

SĂŁo pecados mortais feitos hirsutos
DemĂŽnios maus que os venenosos frutos
Morderam com volĂșpia de quem ama…

Vermes da Inveja, a lesma verde e oleosa,
AnÔes da Dor torcida e cancerosa,
Abortos de almas a sangrar na lama!

VolĂșpia

No divino impudor da mocidade,
Nesse ĂȘxtase pagĂŁo que vence a sorte,
Num frĂȘmito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido Ă  morte!

A sombra entre a mentira e a verdade…
A nuvem que arrastou o vento norte…
– Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volĂșpia e de maldade!

Trago dĂĄlias vermelhas no regaço…
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos
VĂŁo-te envolvendo em cĂ­rculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças…