Passagens sobre Amor

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Frases sobre amor, poemas sobre amor e outras passagens sobre amor para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Despois Que Quis Amor Que Eu SĂł Passasse

Despois que quis Amor que eu sĂł passasse
quanto mal já por muitos repartiu,
entregou me Ă  Fortuna, porque viu
que nĂŁo tinha mais mal que em mim mostrasse.

Ela, porque do Amor se avantajasse
no tormento que o Céu me permitiu,
o que para ninguém se consentiu,
para mim sĂł mandou que se inventasse.

Eis me aqui vou com vário som gritando,
copioso exemplário para a gente
que destes dous tiranos Ă© sujeita,

desvarios em versos concertando.
Triste quem seu descanso tanto estreita,
que deste tão pequeno está contente!

Do Poema

O problema nĂŁo Ă©
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas, vegetação. Nem
tĂŁo-pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e Ă  morte, ao sol, ao vĂ­cio,
aos corpos nus dos amantes —

o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja
mais sĂł
do que as palavras
acompanhadas
no poema.

Minha MĂŁe

Beijo-te a mĂŁo, que sobre mim se espalma
Para me abençoar e proteger,
Teu puro amor o coração me acalma;
Provo a doçura do teu bem-querer.

Porque a mĂŁo te beijei, a minha palma
Olho, analiso, linha a linha, a ver
Se em mim descubro um traço de tua alma,
Se existe em mim a graça do teu ser.

E o M, gravado sobre a mĂŁo aberta,
Pela sua clareza, me desperta
Um grato enlevo, que jamais senti:

Quer dizer – MĂŁe! este M tĂŁo perfeito,
E, com certeza, em minha mĂŁo foi feito
Para, quando eu for bom, pensar em ti.

A Vida se origina de Deus. Deus Ă© Amor. Um ato que expressa o amor vivifica o homem muito mais do que mil fortificantes.

Colar De Pérolas

A F’licidade Ă© um colar de pĂ©rolas,
Pérolas caras, de valor pujante,
Belas estrofes de Petrarca e Dante
Mais cintilantes que as manhãs mais cérulas.

Para que enfim esse colar bendito,
Perdure sempre, inteiramente egrégio,
Como uma tela do pintor Correggio,
Sem resvalar no lodaçal maldito:

Faz-se preciso umas paixões bem retas,
Cheias de uns tons de muito sol — completas…
Faz-se preciso que do amor na febre,

Nos grandes lances de vigor preclaro,
Desse colar esplendoroso e raro,
Nem uma pĂ©rola, uma sĂł se quebre!…

O grande amor nunca pode acabar bem. Mesmo que ambos morram ao mesmo tempo, num desastre, será sempre uma tragédia. Assim é com todos os amores que temos: morremos enquanto os amamos. Morre quem amamos e, ao mesmo tempo, quem nos amava.

Bastava-nos Amar

Bastava-nos amar. E nĂŁo bastava
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.

Bastava-nos ficar. E nĂŁo bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.

Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava. Bastava respirar

a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.
Fazer amor contigo sobre a areia.

Inefável!

Nada há que me domine e que me vença
Quando a minh’alma mudamente acorda…
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.

Sou como um Réu de celestial Sentença,
Condenado do Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no SilĂŞncio borda
D’estrelas todo o cĂ©u em que erra e pensa.

Claros, meus olhos tornam-se mais claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outra mais serenas madrugadas!

todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim, porque eu as amo
Na minh’alma volteando arrebatadas!

A Sombra da Pessoa

(…) Uma pessoa nĂŁo está… nĂ­tida e imĂłvel diante dos nossos olhos, com as suas qualidades, os seus defeitos, os seus projectos, as suas intenções para connosco (como um jardim que contemplamos, com todos os seus canteiros, atravĂ©s de um gradil), mas Ă© uma sombra em que nĂŁo podemos jamais penetrar, para a qual nĂŁo existe conhecimento directo, a cujo respeito formamos inĂşmeras crenças, com auxĂ­lio de palavras e atĂ© de actos, palavras e actos que sĂł nos fornecem informações insuficientes e aliás contraditĂłrias, uma sombra onde podemos alternadamente imaginar, com a mesma verosimilhança, que brilham o Ăłdio e o amor.

Os homens sĂŁo animais estranhos, pensamos e sentimos com lĂłgicas diferentes, e muitas vezes o que sentimos opõe-se ao que nos convĂ©m. O amor, a paixĂŁo, os sentimentos – e atĂ©, porque nĂŁo, o Ăłdio – que podem arruinar-nos, mas avançamos em direcção Ă  ruĂ­na deliberadamente, temos necessidade de continuar a fazĂŞ-lo e ninguĂ©m sabe explicar porquĂŞ.

Quando se ama alguém, ama-se, e quando não se tem nada mais para lhe dar, ainda se lhe dá amor.

Dinheiro

Quem quiser ter filhos que doire primeiro
A jarra onde, inteira, caiba alguma flor!
Ai dos que tĂŞm filhos, mas nĂŁo tĂŞm herdeiro!
— Dinheiro! Dinheiro!
Ó canção de Amor!

As noivas sorriem, talvez, aos vinte anos.
Os amantes sonham… Sonho passageiro!
Música de estrelas: Ética de enganos;
Ilusões, perdidas depois dos vinte anos..
E logo outras nascem: Dinheiro! Dinheiro!

Teus pais, teus irmĂŁos e tua mulher
CercarĂŁo teu leito de herĂłi derradeiro
(Ai de quem, ouvindo-os, nada lhes trouxer!)
E hĂŁo-de ali pedir-te o que o mundo quer:
— Dinheiro! Dinheiro!

Deixa-lhes os versos que um dia fizeste,
Amarrado ao lodo, porém verdadeiro.
E eles te dirão: — Pássaro celeste,
Morreste? Morrendo, que bem que fizeste!

Ó canção de amor!
Dinheiro! Dinheiro!

Gosto desta ideia: que o amor é uma forma de conversação em que as palavras agem em vez de serem faladas.

Todos nós, em algum momento, já dissemos entre lágrimas: ?estou sofrendo por um amor que não vale a pena?. Sofremos porque achamos que damos mais do que recebemos.