Passagens sobre Coração

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A velhice não se me afigura, de modo algum, (…) o melancólico vestíbulo da morte, mas antes como as verdadeiras férias grandes, depois do esgotamento dos sentidos, do coração e do espírito que foi a vida.

As Desvantagens do Ateísmo

Parece-nos que o homem feliz não colhe vantagem alguma em ser ateu. É-lhe tão agradável cismar que os seus dias se prolongarão além da vida! Com que desespero não deixaria ele este mundo, se acreditasse separar-se para sempre da felicidade! Debalde sobre a sua cabeça se acumulariam todos os bens do século, que serviriam apenas para lhe tornar mais tormentoso o nada.
O rico pode também contar com que a religião lhe amplie os prazeres, mesclando-os com inexplicável ternura; não se lhe endurecerá o coração, o gozo, escolho inevitável das grandes prosperidades, não o infastiará; que a religião refrigera as sequidões da alma: é o que representa esse óleo santo com que o cristianismo consagrava a realeza, a infância, e a morte, para as salvar da esterilidade.
O guerreiro arremessa-se ao combate: será ateu esse filho da glória? O que busca uma vida infinita consentirá em terminá-la? Aparecei sobre as vossas nuvens fulminantes, soldados inumeráveis, antigas legiões da pátria! Famosas milícias de França, e agora milícias do céu, aparecei! Dizei aos heróis da nossa idade, do alto da cidade santa, que o bravo não cai inteiro no tumulo, e que, após ele, permanece alguma coisa mais que um vão renome.

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A Negra Fúria Ciúme

Morre a luz, abafa os ares
Horrendo, espesso negrume,
Apenas surge do Averno
A negra fúria Ciúme.

Sobre um sólio cor da noite
Jaz dos Infernos o Nurne,
E a seus pés tragando brasas
A negra fúria Ciúme.

Crespas víboras penteia,
Dos olhos dardeja lume,
Respira veneno e peste
A negra fúria Ciúme.

Arrancando à Morte a fouce
De buído, ervado gume,
Vem retalhar corações
A negra fúria Ciúme.

Ao cruel sócio de Amor
Escapar ninguém presume,
Porque a tudo as garras lança
A negra fúria Ciúme.

Todos os males do Inferno
Em si guarda, em si resume
O mais horrível dos monstros,
A negra fúria Ciúme.

Amor inda é mais suave,
Que das rosas o perfume,
Mas envenena-lhe as graças
A negra fúria Ciúme.

Nas asas de Amor voamos
Do prazer ao áureo cume,
Porém de lá nos arroja
A negra fúria Ciúme.

Do férreo cálix da Morte
Prova o funesto azedume
Aquele a quem ferve n’alma
A negra fúria Ciúme.

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De Duas Maneiras Cega a Fortuna

No golfo de uma privança, nunca o perigo é mais certo, que quando a fortuna é mais próspera. De duas maneiras cega a fortuna, porque cega como luz e cega como fouce; com uma mão abraça, e com outra corta; com a que abraça introduz a cegueira, e com a que corta mostra o desengano. Consiste a prudência em que se temam os resplendores da luz, para que se não cegue aos rigores do golpe. Não faz mal à embarcação o penedo que sobressai por cima da água; porque para evitar o perigo sabe o piloto desviar a nau, por ver manifesto o perigo. Nos penedos que as águas escondem, aí naufraga sempre o baixel; porque cobriu com capa de cristal uma ruína de penhasco, e os que, navegando pelo mar, caminham com os olhos nas ondas, facilmente se esvaem, e quanto maior é na cabeça o esvaecimento, vem a ser mais no coração a fraqueza. Não sabe o que navega quanto tem vencido de distância, se do mesmo mar não tira os olhos, e só fazendo balizas na terra sabe o quanto no mar caminham. É um golfo grande o da privança, e a maior prudência consiste em que se divirtam de alguma vez os olhos,

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Só existe uma religião: a religião do amor. Só existe uma linguagem: a linguagem do coração. Só existe um Deus: e Este é Onipresente.

Oh Retrato da Morte, oh Noite Amiga

Oh retrato da morte, oh noite amiga
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha do meu pranto,
Des meus desgostos secretária antiga!

Pois manda Amor, que a ti somente os diga,
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:

E vós, oh cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.

Saudades

Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?…
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?… Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!

Quando a vida não encontra um cantor para cantar seu coração, produz um filósofo para falar de sua mente.

O amor retorna sempre ao coração nobre
como o pássaro aos ramos da selva;
a natureza não fez o amor antes do coração nobre,
nem o coração nobre antes do amor.

O Erro de Querer Ser Igual a Alguém

Aqui, neste misérrimo desterro
Onde nem desterrado estou, habito,
Fiel, sem que queira, àquele antigo erro
Pelo qual sou proscrito.
O erro de querer ser igual a alguém
Feliz em suma — quanto a sorte deu
A cada coração o único bem
De ele poder ser seu.

O amor que deixamos morrer, não morre completamente. Há sempre por resquício uma pequena raiz ou semente sepultada. E um dia, na primavera do coração, ela renasce como as flores no campo: vivazes, belas, esplendorosas!

Até aos quarenta anos, a mulher apenas tem no coração quarenta primaveras; mas, depois dos quarenta, tem quarenta invernos.

Escute seu coração. Ele conhece todas as coisas, porque veio da alma do mundo e um dia retornará para ela.

Segue o Teu Destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nos queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-proprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.