Desde que alberguemos uma única vez o mal, este não volta a dar-se ao trabalho de pedir que lhe concedamos a nossa confiança.
Recentes
Aprender até morrer.
A vida é uma longa lesão que raramente dorme e nunca se cicatriza
Temos (os portugueses) muita dificuldade em fazer um trabalho consistente, demorado. Somos mais dados ao trabalho imediato.
Tem piada. Deus não tem moral nenhuma. O «tu deves» instaura uma distância entre o absoluto do dever e a finitude de quem é obrigado. Deus não pode ter distância de nada. E é porque ele é a-moral que nós não podemos julgá-lo imoral e pedir-lhe portanto satisfações.
Um autor, primeiro, é assunto. Mas a glória, mesmo, é quando ele vira falta de assunto…
Talvez eu tenha que chamar de mundo esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho da minha natureza?
Um homem sem propósito é como um navio sem leme.
Este é um mundo caído, e não há consonância entre os nossos corpos, as nossas mentes e as nossas almas.
…ele te amou e te plasmou na visão da manhã e do dia Na visão de todas as horas Ó hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas.
A alma humana é um abismo escuro e viscoso, um poço que se não usa na superfície do mundo.
Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.
Um ser humano só cumpre o seu dever quando tenta aperfeiçoar os dotes que a natureza lhe deu.
Promessa: isto e bons conselhos são óptimos presentes, que todos podemos comprar para oferecer a um pobrezinho.
A Desventura Máxima é a Solidão
A desventura máxima é a solidão. É tão verdade que o reconforto supremo – a religião – consiste em encontrar uma companhia que nunca falhe – Deus. A oração é um desabafo, como com um amigo. A obra equivale à oração, porque nos põe em contacto com os que dela tirarão proveito. O problema da vida é, portanto, o seguinte: como romper a nossa solidão, como comunicar com os outros. Assim se explica a existência do matrimónio, da paternidade, das amizades. Mas que a felicidade resida nisto, balelas! Porque se deva estar melhor comunicando com os outros do que só, é estranho. É talvez apenas uma ilusão: a maior parte do tempo, estamos muitíssimo bem sós. É agradável ter, de tempos a tempos, um odre em que nos possamos despejar e, em seguida, bebermo-nos a nós próprios: dado que pedimos aos outros apenas aquilo que já temos em nós. É um mistério o motivo por que não basta perscrutar e beber em nós próprios e seja preciso reavermo-nos por intermédio dos outros. (O sexo é um incidente: o que recebemos é momentâneo e casual; pretendemos algo de mais secreto e misterioso de que o sexo é apenas um sinal, um símbolo).
O homem superior é aquele que cumpre sempre o seu dever.
Todos são muito amáveis com A., como quando se procura proteger cuidadosamente uma excelente mesa de bilhar, mesmo de bons jogadores – pelo menos até ao momento em que chega o grande jogador, que examina com precisão a superfície, não tolera nenhum erro precipitado, mas depois, quando ele próprio começa a jogar, tem o mais brutal acesso de fúria.
A dor é o pai, e o amor é a mãe da sabedoria.
Réquiem Do Sol
Águia triste do Tédio, sol cansado,
Velho guerreiro das batalhas fortes!
Das ilusões as trêmulas coortes
Buscam a luz do teu clarão magoado…A tremenda avalanche do Passado
Que arrebatou tantos milhões de mortes
Passa em tropel de trágicos Mavortes
Sobre o teu coração ensangüentado…Do alto dominas vastidões supremas
Águia do Tédio presa nas algemas
Da Legenda imortal que tudo engelha…Mas lá, na Eternidade, de onde habitas,
Vagam finas tristezas infinitas,
Todo o mistério da beleza velha!
Para a maioria, quão pequena é a porção de prazer que basta para fazer a vida agradável!