Quando os tiranos caem, os povos levantam-se.
Passagens sobre Povos
617 resultadosCada Cabeça, Cada Sentença
A ideia de ninguém ter razão (haja ou não haja pão) é portuguesíssima. Sobre qualquer assunto, Portugal garante-nos sempre pelo menos dez milhões de razões, cada uma com a sua diferençazinha, cada uma com a sua insolenciazeca do “eu cá é que sei”. Não há neste abençoado território um único sujeito, seja eu ou ele cego, surdo e mudo, que não reclame a sua inobjectivável subjectividade. Lá diz o raio do povo, por tratar-se da única coisa em que o povo todo está de acordo, «Cada cabeça, cada sentença». Basta fazer-se uma reunião ou um júri, um governo ou uma comissão, para assistir-se ao milagre da multiplicação das opiniões.
A justiça branda faz o povo rebelde.
Saudação aos que Vão Ficar
Como será o Brasil
no ano dois mil?
As crianças de hoje,
já velhinhas então,
lembrarão com saudade
deste antigo país,
desta velha cidade?
Que emoção, que saudade,
terá a juventude,
acabada a gravidade?
Respeitarão os papais
cheios de mocidade?
Que diferença haverá
entre o avô e o neto?
Que novas relações e enganos
inventarão entre si
os seres desumanos?
Que lei impedirá,
libertada a molécula
que o homem, cheio de ardor,
atravesse paredes,
buscando seu amor?
Que lei de tráfego impedirá um inquilino
– ante o lugar que vence –
de voar para lugar distante
na casa que não lhe pertence?
Haverá mais lágrimas
ou mais sorrisos?
Mais loucura ou mais juízo?
E o que será loucura? E o que será juízo?
A propriedade, será um roubo?
O roubo, o que será?
Poderemos crescer todos bonitos?
E o belo não passará então a ser feiura?
Haverá entre os povos uma proibição
de criar pessoas com mais de um metro e oitenta?
Mas a Rússia (vá lá,
O Belíssimo Sonho do Preguiçoso Português
Quem se importa porém com isso? Trabalhar o menos possível sob a tutela do Estado que lhe garanta o suficiente à vida —, eis o sonho, o belíssimo sonho do preguiçoso português!
Do preguiçoso português, não digo bem, do preguiçoso latino; porque em todos os países desta família se estão notando, em flagrante oposição aos anglo-saxónios, as mesmas tendências as quais, no que particularmente respeita à França, não há muito vi afirmadas num livro dum escritor daquela nacionalidade que vós talvez conheçais — Gustave Le Bon.
Eu quero admitir, meus senhores, que sobre nós influi o clima, a raça, as tradições, o passado, em tanto quanto a geografia e a história podem influir no carácter dum povo. Não podemos então transformar-nos completamente, e utópico mesmo me parece o desejo dum dos homens a quem o ensino secundário em França mais deve, Demolins, expresso na sua obra sobre as causas da superioridade anglo-saxónica: — inglesa, se assim me posso exprimir, as sociedades latinas.
Mas sem essa conversão completa, sem mudarmos mesmo grande parte das nossas ideias, sem irmos de encontro a algumas das nossas tendências, e pormos de lado alguns dos nossos sentimentos, nós podíamos, parece-me a mim,
A cultura é o que identifica um povo com a sua finalidade.
A música oferece à alma uma verdadeira cultura íntima e deve fazer parte da educação do povo.
Há povos que são felizes em não ter mais que um só tirano.
A ingratidão dos povos sempre corresponde à extensão dos benefícios recebidos.
Existem duas verdades que nunca podem ser separadas neste mundo: 1ª que a soberania reside no povo; 2ª que o povo nunca deve exercê-la.
Onde Começa o Bem
Há um limite a partir do qual a força visual do olho humano deixa de ser capaz de identificar o mau instinto tornado demasiado subtil para os seus fracos recursos; é aí que o homem faz começar o reino do bem; e a sensação de ter penetrado nesse reino desperta sincronicamente nele todos os instintos, os sentimentos de segurança, de bem-estar, e de benevolência, que o mal limitava e ameaçava. Por consequência: quanto mais o olhar é fraco, maior é o domínio do bem! Daí a eterna alegria do povo e das crianças! Daí o abatimento dos grandes pensadores, e o humor negro que é o seu, humor parente da má consciência.
A Maldade como Poderoso Elemento do Progresso Humano
Os sentimentos fixos e de forma constante qualificados de paixões constituem, também, possantes factores de opiniões, de crenças e, por conseguinte, de conduta. Certas paixões contagiosas tornam-se, por esse motivo, facilmente colectivas. A sua acção é, então, irresistível. Elas precipitaram muitos povos uns contra os outros nas diversas fases da história. As paixões podem excitar a nossa actividade, porém, alteram, as mais das vezes, a justeza das opiniões, impedindo de ver as coisas como realmente são e de compreender a sua génese. Se nos livros de história são abundantes os erros, é porque, na maior parte dos casos, as paixões ditam a sua narrativa. Não se citaria, penso eu, um historiador que haja relatado imparcialmente a Revolução.
O papel das paixões é, como vemos, muito considerável nas nossas opiniões e, por conseguinte, na génese dos acontecimentos. Não são, infelizmente, as mais recomendáveis que têm exercido maior acção. Kant reconheceu a grande força social das piores paixões. A maldade é, no seu juízo, um poderoso elemento do progresso humano. Parece, infelizmente, muito certo que, se os homens tivessem seguido o preceito do Evangelho “Amai-vos uns aos outros”, ao invés de obedecerem ao da Natureza, que os incita a se destruírem mutuamente,
Os povos livres são os únicos a ter uma história; os outros possuem apenas crónicas: são matéria para o erudito, e o género humano não os conhece.
A omissão de quem pode e não auxilia o povo, é comparável a um crime que se pratica contra a comunidade inteira.
Restaurar a democracia é restaurar a República. É edificar a Nova República, missão que estou recebendo do povo e se transformará em realidade pela força não apenas de um político, mas de todos os cidadãos brasileiros.
Tem o povo – mar violento
Por armas – o pensamento,
A verdade por farol
E o homem, vaga que nasce
No oceano popular,
Tem que impelir os espíritos,
Tem uma plaga a buscar.
Quando excede na afirmação do ego, o homem não se harmoniza com o ambiente. Mistura-se com o povo escondendo o brilho da própria sabedoria e virtudes, é uma forma de manifestar o amor.
Faço um brinde à ciência: enquanto ela não fizer mal ao povo.
Com Fúria e Raiva
Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavrasPois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiadaDe longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disseCom fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra
Quando as nações tiverem abandonado os seus prejuízos e visto a realidade, a Europa formará uma grande federação de povos que se compreendem e que realizam mutuamente os seus interesses.