Ninguém é Feliz quando Treme pela sua Felicidade
NinguĂ©m Ă© feliz quando treme pela sua felicidade. NĂŁo se apoia em bases sĂłlidas quem tira a sua satisfação de bens exteriores, pois acabarĂĄ por perder o bem-estar que obteve. Pelo contrĂĄrio, um bem que nasce dentro de nĂłs Ă© permanente e constante, e vai sempre crescendo atĂ© ao nosso Ășltimo momento; todos os demais bens ante os quais se extasia o vulgo sĂŁo bens efĂ©meros. “E entĂŁo? Quer isso dizer que sĂŁo inĂșteis e nĂŁo podem dar satisfação?” Ă evidente que nĂŁo, mas apenas se tais bens estiverem na nossa dependĂȘncia, e nĂŁo nĂłs na dependĂȘncia deles. Tudo quanto cai sob a alçada da fortuna pode ser proveitoso e agradĂĄvel na condição de o seu beneficiĂĄrio ser senhor de si prĂłprio em vez de ser servo das suas propriedades. Ă um erro pensar-se, LucĂlio, que a fortuna nos concede o que quer que seja de bom ou de mau; ela apenas dĂĄ a matĂ©ria com que se faz o bom e o mau, dĂĄ-nos o material de coisas que, nas nossas mĂŁos, se transformam em boas ou mĂĄs.
O nosso espĂrito Ă© mais poderoso do que toda a espĂ©cie de fortuna, ele Ă© quem conduz a nossa vida no bom ou no mau sentido,
Passagens sobre Ăltimos
618 resultadosRetrato de Mulher Triste
Vestiu-se para um baile que nĂŁo hĂĄ.
Sentou-se com suas Ășltimas jĂłias.
E olha para o lado, imóvel.Estå vendo os salÔes que se acabaram,
embala-se em valsas que não dançou,
levemente sorri para um homem.
O homem que não existiu.Se alguém lhe disser que sonha,
levantarå com desdém o arco das sobrancelhas,
Pois jamais se viveu com tanta plenitude.Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas,
e esperar que se apaguem duas infinitas lĂĄgrimas.
Lar: o sĂtio de Ășltimo recurso – aberto toda a noite.
Poeminha Sentimental
O meu amor, o meu amor, Maria
Ă como um fio telegrĂĄfico da estrada
Aonde vĂȘm pousar as andorinhas…
De vez em quando chega uma
E canta
(NĂŁo sei se as andorinhas cantam, mas vĂĄ lĂĄ!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A Ășltima que passou
Limitou-se a fazer cocĂŽ
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor Ă© sempre o mesmo:
As andorinhas Ă© que mudam.
Despondency
DeixĂĄ-la ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade…
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram…DeixĂĄ-la ir, a vela, que arrojaram
Os tufÔes pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul levantaram…DeixĂĄ-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
Ă morte queda, Ă morte silenciosa…DeixĂĄ-la ir, a nota desprendida
D’um canto extremo… e a Ășltima esperança…
E a vida… e o amor… DeixĂĄ-la ir, a vida!
A teoria da negação, que considera efĂȘmero o mundo fenomĂȘnico, quando nĂŁo se fundamenta na certeza da existĂȘncia do Eu divino (Imagem Verdadeira), degenera em pessimismo e niilismo. A mesma teoria da negação, quando se alicerça na certeza da existĂȘncia do Eu divino (Imagem Verdadeira), torna-se a maior das filosofias otimistas. Esta Ășltima Ă© a Seicho-No-Ie.
Saberei ConquistĂĄ-la AtravĂ©s de Todos os SacrifĂcios
Perdoe-me se me apaixonei a este ponto de si. Mas nĂŁo passarei daqui, nem ninguĂ©m me verĂĄ! Fechado num quarto da pousada, espero a sua resposta. Esperarei seis horas por umas linhas suas e depois volto para Paris. JĂĄ nem sei viver, vagueio por aĂ, ferido de morte. Prefiro cansar-me em longos passeios a cavalo, a consumir-me na solidĂŁo, ou no meio de pessoas que deixaram de me entender… Ordene-me que parta e nĂŁo tornarĂĄ a ser atormentada por um homem a quem um mĂȘs bastou para perder a razĂŁo.
Muito gostaria de surpreender o seu primeiro pensamento ao acordar; nĂŁo posso descrever-lhe o reconhecimento que me enche o coração, este coração que reclama apenas a sua amizade, que saberĂĄ conquistĂĄ-la atravĂ©s de todos os sacrifĂcios, que Ă© completamente vosso atĂ© ao seu Ășltimo alento.
NĂŁo me conformo com a ideia de ser abandonado. O seu interesse Ă©-me mil vezes mais preciso do que a prĂłpria vida, mas saberei moderar a expressĂŁo dos meus sentimentos e nĂŁo terei outras aspiraçÔes do que as que me forem permitidas; tambĂ©m saberei esconder-lhe os meus temores; respeitarei o seu repouso – mas vĂȘ-la-ei, e nunca mais haverĂĄ felicidade na minha vida se nĂŁo puder consagrar-lha inteiramente.
Como as coisas Ășltimas sĂŁo mais verdadeiras e mais manifestas que as primeiras
Como as coisas Ășltimas sĂŁo mais verdadeiras e mais manifestas que as primeiras, as futuras sĂŁo ainda mais verdadeiras.
A confusĂŁo Ă© o primeiro estado da ordem e tambĂ©m o Ășltimo.
A Ășltima esperança Ă© modesta: aspirar Ă boa morte.
O primeiro suspiro de amor Ă© o Ășltimo da sabedoria.
Para Além do Hoje
Cada vez mais se vive o momento. Fugimos do passado e temos medo do futuro, o que implica que somos forçados a viver um presente demasiado pequeno.
Os tempos de descanso devem ser ocasião de trabalho interior. Mas, vai sendo cada vez mais raro encontrar gente com memória, assim com também é raro encontrar pessoas com discernimento suficiente para se comprometerem em projetos a longo prazo.
Navega-se Ă vista… sem riscos, sem sucessos nem fracassos… sem sentido. Vamos dando as respostas mĂnimas ao mundo e aos outros, em vez de sermos protagonistas dos nossos sonhos e herĂłis apesar das nossas derrotas.
O passado e o futuro nĂŁo sĂŁo mentira. SĂŁo partes da verdade. Sou o que fui e o que serei. Uma identidade que vive no tempo, uma coerĂȘncia que se constrĂłi atravĂ©s diferentes espaços e tempos, amando o que hĂĄ de eterno em cada momento. Elevando o espĂrito acima da realidade concreta do mundo.Uma existĂȘncia autĂȘntica â uma vida com valor â constrĂłi-se com uma estrutura sĂłlida, equilibrada e aberta a horizontes mais longĂnquos em termos temporais. Um presente maior, com mais passado e mais futuro. Sermos quem somos, de olhos abertos.
O fator em Ășltima anĂĄlise determinante da histĂłria Ă© a produção e a reprodução da vida imediata.
A ConsistĂȘncia do Ser
Diz-se que quem modifica de tempos a tempos as suas ideias nĂŁo merece qualquer confiança, porque faz supor que as suas Ășltimas afirmaçÔes sĂŁo tĂŁo errĂłneas como as anteriores. E, por outro lado, quem mantĂ©m as suas primeiras ideias e nĂŁo as abandona facilmente, passa por teimoso e iludido. Perante estes dois juĂzos opostos da crĂtica, hĂĄ sĂł uma opção a fazer: permanecer-se aquilo que se Ă©, e seguir-se apenas o prĂłprio juĂzo.
Tédio
Sobre minh’alma, como sobre um trono,
Senhor brutal, pesa o aborrecimento.
Como tardas em vir, Ășltimo outono,
Lançar-me as folhas Ășltimas ao vento!Oh! dormir no silĂȘncio e no abandono,
SĂł, sem um sonho, sem um pensamento,
E, no letargo do aniquilamento,
Ter, Ăł pedra, a quietude do teu sono!Oh! deixar de sonhar o que nĂŁo vejo!
Ter o sangue gelado, e a carne fria!
E, de uma luz crepuscular velada,Deixar a alma dormir sem um desejo,
Ampla, fĂșnebre, lĂșgubre, vazia
Como uma catedral abandonada!…
Conta Comigo Sempre
Conta comigo sempre. Desde a sĂlaba inicial atĂ© Ă Ășltima gota de sangue. Venho do silĂȘncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes ĂĄrvore, tantas vezes equilĂbrio, outras tantas tempestade. A nossa memĂłria Ă© um mistĂ©rio, recordo-me de uma mĂșsica maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com clareza as flautas, os violinos, o oboĂ©.
O sonho Ă©, e serĂĄ sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pĂŁo amadurecido da dĂșvida e a carne deslumbrada das pupilas. Estou entre vazios e plenitudes, encho as mĂŁos com uma fragilidade que Ă© um pĂĄssaro sĂĄbio e distraĂdo que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.
Conta comigo sempre. Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hĂŁo-de vir, contigo repartirei tambĂ©m a minha fome mas, e sobretudo, repartirei atĂ© o que Ă© indivisĂvel. Tu sabes onde estou.
Sabes como me chamo. Estarei presente quando jå mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar.
A mĂșsica Ă© o tipo de arte mais perfeita: nunca revela o seu Ășltimo segredo.
A ambição Ă© o Ășltimo refĂșgio do fracasso.
Como Provar a Vida
Com a idade, como castigo dos excessos da juventude mas tambĂ©m como consolação, começa-se a provar as coisas que dantes se consumiam sem pensar. AtĂ© quase morrer de uma hepatite alcĂłolica eu bebia «whiskey» como se fosse ĂĄgua: o «uisce beatha» gaĂ©lico; a ĂĄgua da vida. Agora, com o fĂgado restaurado por anos de abstinĂȘncia, apenas provo.
Suspeito que seja assim com todos os prazeres – atĂ© o de acordar bem disposto ou passar um dia sem dores ou respirar como se quer ou nĂŁo precisar de mais ninguĂ©m para funcionar. Parecem prazeres pequenos quando ainda temos prazeres maiores com os quais podemos comparĂĄ-los. Mas tornam-se prazeres enormes quando sĂŁo os Ășnicos de que somos capazes.
Sei que a Ășltima felicidade de todos nĂłs serĂĄ repararmos no Ășltimo momento em que conseguimos provar a vida que vivemos e achĂĄ-la – nĂŁo tanto apesar como por causa de tudo – boa.
O bom marido nunca deve ser o primeiro a adormecer Ă noite, nem o Ășltimo a acordar pela manhĂŁ.