A leitura Ă© para a inteligĂȘncia o que Ă© o exercĂcio para o corpo.
Recentes
NĂŁo, nunca, disse a natureza uma coisa e a sabedoria outra.
Quando Eu Sonhava
Quando eu sonhava, era assim
Que nos meus sonhos a via;
E era assim que me fugia,
Apenas eu despertava,
Essa imagem fugidia
Que nunca pude alcançar.
Agora, que estou desperto,
Agora a vejo fixar…
Para quĂȘ? – Quando era vaga,
Uma ideia, um pensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vĂŁo sonho,
Eu sonhava – mas vivia:
Prazer nĂŁo sabia o que era,
Mas dor, nĂŁo na conhecia …
O que nunca foi posto em questĂŁo, nunca foi provado.
Para se saber um mĂnimo sobre si prĂłprio, Ă© necessĂĄrio saber tudo sobre os outros.
O Espaço Que a Tecnologia Expulsa
A tecnologia que inunda o mundo de hoje, e a ciĂȘncia que a serviu, nĂŁo o invadem apenas na parte exterior do homem mas ainda os seus domĂnios interiores. Assim o que daĂ foi expulso nĂŁo deixou apenas o vazio do que o preenchia, mas substituiu-o pelo que marcasse a sua presença. O mais assinalĂĄvel dessa presença Ă© por exemplo um computador.
A recordação é a esperança do avesso. Olha-se para o fundo do poço como se olhou para o alto da torre.
A posteridade Ă© um colegial condenado a decorar cem versos. Chega a aprender dez de cor, balbucia algumas sĂlabas do resto: os dez, sĂŁo a glĂłria; o resto, a histĂłria literĂĄria.
A vingança de quem deve é pagar.
Escrevo por ter nada a fazer no mundo: sobrei e nĂŁo hĂĄ lugar para mim na terra dos homens.
O que o homem mais receia é o que lhe convém mais.
Não hå homem de valor que permita que lhe arranquem do peito a fé na imortalidade.
A pobreza tudo alcança à força de braço e manha.
Perder a mĂŁe na infĂąncia Ă© perder o solo onde caminhar. Ă o Ășltimo estĂĄgio da dor de uma criança.
Cantar de Amigo
O claro pĂŁo
que repartimos
dĂĄ-nos um tĂtulo:
companheiros.A indagação
que aprofundamos
faz de nĂłs, artesĂŁos,
camaradas.O olhar sem visgo,
a voz precisa,
o gesto mundo,
eis-nos: amigos.Quantos, que marcham pela vida
como quem carrega uma estrada,
terĂŁo amigo, companheiro e camarada?
Ache belo tudo o que puder. A maioria das pessoas nĂŁo acha belo o suficiente
MĂŁezinha
Andam em mim fantasmas, sombras, ais…
Coisas que eu sinto em mim, que eu sinto agora;
NĂ©voas de dantes, dum longĂnquo outrora;
Castelos d’oiro em mundos irreais…Gotas d’ĂĄgua tombando… Roseirais
A desfolhar-se em mim como quem chora…
â E um ano vale um dia ou uma hora,
Se tu me vais fugindo mais e mais!…Ă meu Amor, meu seio Ă© como um berço
Ondula brandamente… Brandamente…
Num ritmo escultural d’onda ou de verso!No mundo quem te vĂȘ?! Ele Ă© enorme!…
Amor, sou tua mĂŁe! VĂĄ… docemente
Poisa a cabeça… fecha os olhos… dorme…
Quando hĂĄ casamento sem amor, hĂĄ amor sem casamento.
PaciĂȘncia: forma menor de desespero disfarçado de virtude.
As epidemias, como a saĂșde, carecem de critĂ©rio.