Perdi-me Dentro em Mim
Perdi-me dentro em mim, como em deserto,
Minha alma está metida em labirinto,
Contino contradigo o que consinto,
Cem mil discursos faço, em nada acerto.Vejo seguro o dano, o bem incerto;
Comigo porfiando me desminto,
O que mais atormenta, menos sinto,
O que me foge, quando está mais certo.E se as asas levanta o pensamento
Àquela parte, onde está escondida
A causa deste vario movimento,Transforma-se por nĂŁo ser conhecida,
Porque quer a pesar do sofrimento
PĂ´r as armas da morte em mĂŁo da vida.
Passagens sobre Cem
170 resultadosA natureza puxa mais que cem cavalos.
Chorarmos por daqui a cem anos não estarmos vivos é loucura semelhante à de chorarmos por não termos vivido há cem anos.
Quando És Atencioso e Comovente, Perco a Cabeça
Henry,
Acabaste de sair. Disse ao Hugh que tinha de acrescentar algo ao meu trabalho. Tive de voltar para cima, para o meu quarto, outra vez, e ficar sĂł. Estava tĂŁo cheia de ti que tinha medo de mostrar a minha cara. Henry, nenhuma partida tua me deixou tĂŁo abalada. NĂŁo sei o que foi hoje que me atraiu a ti, que me fez frenĂ©tica por estar perto de ti, para dormir contigo, para te abraçar… Uma ternura louca e terrĂvel… Um desejo de cuidar de ti… Foi uma grande dor para mim teres ido embora. Quando falas da maneira como falaste das Mädchen [in Uniform] , quando Ă©s atencioso e comovente, perco a cabeça.
Para ficar contigo por uma noite eu daria toda a minha vida, sacrificaria cem pessoas, deitaria fogo a Louveciennes, seria capaz de tudo. Isto nĂŁo Ă© para te preocupar, Henry, Ă© sĂł porque nĂŁo consigo impedir-me de o dizer, que estou a transbordar, desesperadamente enamorada por ti como nunca estive por alguĂ©m. Mesmo que fosses embora amanhĂŁ de manhĂŁ, a ideia de estares a dormir na mesma casa teria sido um doce alĂvio do tormento que suporto esta noite, o tormento de ser cortada ao meio quando fechaste o portĂŁo atrás de ti.
Um grande homem, que representa um paĂs e uma Ă©poca, que personifica numa potentĂssima sinergia cada uma das energias dos indivĂduos vulgares, Ă© um espelho mágico, em que vemos reproduzida a nossa imagem, mas cem vezes mais bela do que a real.
Qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo, irá florescer em cem talentos e capacidades inesperadas, simplesmente por lhe ser dada a oportunidade de o fazer.
Males de Anto
A Ares n’uma aldeia
Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lá! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes nĂŁo ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ás vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Camões!
Sei de cór e salteado as minhas afflicções:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pĂ©s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, á noite, só, bebia a noite ás taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mĂŁos… Perdoae-me,
Aldeões! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.Mas, atravez da minha dor,
A maior felicidade que pode acontecer a um grande homem Ă© ele, cem anos apĂłs a sua morte, ainda ter inimigos.
Tenho mais medo de trĂŞs jornais do que de cem baionetas.
Velho que de si cura, cem anos dura.