Passagens sobre Desejos

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Em qualquer circunstância, o sábio não emprega palavras fúteis, nem se deixa levar pelo desejo; a dor e a alegria não o alteram.

O Verdadeiro e o Falso Ciúme

O ciúme é uma espécie de temor, que se relaciona com o desejo de conservarmos a posse de algum bem; e não provém tanto da força das razões que levam a julgar que podemos perdê-lo, como da grande estima que temos por ele, a qual nos leva a examinar até os menores motivos de suspeita e a tomá-los por razões muito dignas de consideração.
E como devemos empenhar-nos mais em conservar os bens que são muito grandes do que os que são menores, em algumas ocasiões essa paixão pode ser justa e honesta. Assim, por exemplo, um chefe de exército que defende uma praça de grande importãncia tem o direito de ser zeloso dela, isto é, de suspeitar de todos os meios pelos quais ela poderia ser assaltada de surpresa; e uma mulher honesta não é censurada por ser zelosa de sua honra, isto é, por não apenas abster-se de agir mal como também evitar até os menores motivos de maledicência.
Mas zombamos de um avarento quando ele é ciumento do seu tesouro, isto é, quando o devora com os olhos e nunca quer afastar-se dele, com medo que ele lhe seja furtado; pois o dinheiro não vale o trabalho de ser guardado com tanto cuidado.

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Sou o abismo perdido entre o não-ser e a escuridão. Sou o desejo e alma, correndo nua na meia-noite esquecida, procurando aquilo que não é, mas pode vir a ser; o verdadeiro anseio, a paixão.

Em Plena Vida e Violência

Em plena vida e violência
De desejo e ambição,
De repente uma sonolência
Cai sobre a minha ausência.
Desce ao meu próprio coração.

Será que a mente, já desperta
Da noção falsa de viver,
Vê que, pela janela aberta,
Há uma paisagem toda incerta
E um sonho todo a apetecer ?

Falo de Ti às Pedras das Estradas

Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que e louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;

Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;

Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!

O desejo de dominação é uma besta voraz. Nunca há corpos quentes suficientes para saciar sua fome monstruosa. Uma vez viva, essa besta cresce e cresce, se alimentando de toda vida ao seu redor, percorrendo a terra para encontrar novas fontes de nutrição. Essa besta vive em cada homem que refestela-se na servidão feminina.

Rosas Vermelhas

Que estranha fantasia!
Comprei rosas encarnadas
às molhadas
dum vermelho estridente,
tão rubras como a febre que eu trazia…
– E vim deitá-las contente
na minha cama vazia!

Toda a noite me piquei
nos seus agudos espinhos!
E toda a noite as beijei
em desalinhos…

A janela toda aberta
meu quarto encheu de luar…
– Na roupa branca de linho,
as rosas,
são corações a sangrar…

Morrem as rosas desfolhadas…
Matei-as!
Apertadas
às mãos-cheias!

Alvorada!
Alvorada!
Veio despertar-me!
Vem acordar-me!

Eu vou morrer…
E não consigo desprender
dos meus desejos,
as rosas encarnadas,
que morrem esfarrapadas,
na fúria dos meus beijos!

Ex-Voto

Anda a tua saudade ao pé de mim,
E porque a tenho já por companheira,
Eu começo a pensar, e penso, enfim,
Que te hei-de ver um dia à minha beira.

Posso lá acreditar que toda a tua esperança,
O teu grande desejo de viver,
Hão-de caber num berço de criança!
Eu posso lá pensar em nunca mais te ver!

Posso lá acreditar que no ingrato caminho
Da minha vida que esta dor consome,
Nunca mais te hei-de ouvir, mesmo baixinho,
Pronunciar o meu nome!

Posso lá acreditar que a infinita poesia,
Que descia, ao falares, da tua voz,
Não seja agora mais do que uma sinfonia,
A pairar, a vibrar, longe de nós!

Posso lá acreditar! Então a vida,
O que era para mim, assim, o que era?
Ah! Não valia a pena ser vivida,
E não chegava mesmo a ser uma quimera!

Uma paixão forte por qualquer objeto assegurará o sucesso, porque o desejo pelo objetivo mostrará os meios.

Vencer o Mundo da Vida Banal

De início creio, como Schopenhauer, que um dos motivos mais fortes conduzindo à arte e à ciência é o desejo de evasão da existência terra a terra com a sua aspereza dolorosa e o seu desolado vazio, de libertação das peias dos próprios desejos eternamente volúveis. É uma força impelindo os que a ela são sensíveis a sair da existência pessoal para o mundo da contemplação e da compreensão objectiva; esse motivo é semelhante à atracção, que leva o habitante da cidade irresistivelmente a sair do seu ambiente barulhento e confuso e procurar a paisagem calma dos altos montes, onde o olhar se espraia pelo ar tranquilo e puro e acaricia as linhas calmas, que parecem ter sido criadas para a eternidade. A esse motivo negativo, porém, alia-se outro positivo. O homem procura formar para si, de qualquer modo adequado, uma imagem simples e clara do Mundo e vencer assim o mundo da vida banal tentando substituí-lo, até certo grau, por essa mesma imagem. É o que faz o pintor, o poeta, o filósofo especulativo e o cientista da natureza, cada um à sua maneira. É dessa imagem e da sua conformação que ele faz o centro da sua vida afectiva,

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Soberanos mas Escravos

Os homens que estão em altos lugares são escravos de três modos: escravos do soberano ou do Estado; escravos da reputação; e escravos dos negócios. Não gozam de liberdade, nem nas suas pessoas, nem nas suas acções, nem no seu tempo. Estranho desejo é o de ganhar o poder e perder a liberdade, ou de buscar o poder sobre os outros para perder o poder sobre si-próprio. A ascensão às altas funções é laboriosa; através de canseiras chega o homem a maiores canseiras; a ascensão é por vezes humilhante, e por meio de indignidades é que o homem chega às dignidades. Manter-se à altura é difícil, e a descida é uma queda vertical; ou pelo menos um eclipse, coisa melancólica.
Além disso, os homens não se podem retirar quando querem; nem querem quando seria razoável; não se compadecem com a aposentação por idade ou por doença, quando necessitam estar à sombra; tais como os velhos das vilas e das aldeias que querem estar sentados à porta de casa, expondo assim a velhice ao escárnio dos outros. Certamente, as altas personalidades necessitam de pedir aos outros homens opiniões que as façam felizes; porque a julgarem-se pelos próprios sentimentos jamais conseguirão a felicidade;

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Nunca precisei tanto de alguém como preciso de você, nunca desejei tanto um sorriso como desejo o seu, nunca esperei tanto por um beijo como espero pelo seu

Os Meios para Sermos Felizes

É comum pensarmos que é difícil ser-se feliz e existem boas razões para assim pensar; mas seria mais fácil sermos felizes se, nos homens, as reflexões e a pauta de comportamento precedessem as acções. Somos arrastados pelas circunstâncias e entregamo-nos às esperanças, que nos proporcionam apenas metade do que esperamos. Enfim, só nos damos claramente conta dos meios para sermos felizes quando a idade e os entraves que a nós próprios pusemos lhes colocam obstáculos.
(…) Para sermos felizes, é preciso termo-nos desembaraçado dos preconceitos, seremos virtuosos, gozarmos de boa saúde, termos gostos e paixões, sermos susceptíveis de ter ilusões, pois devemos a maior parte dos nossos prazeres à ilusão, e infeliz daquele que a perder. Longe, pois, de procurarmos fazê-la desaparecer sob o archote da razão, tratemos de passar mais uma camada do verniz que ela lança sobre a maior parte dos objectos; este é-lhe ainda mais necessário do que os cuidados e os adornos o são para os nossos corpos.
É preciso começarmos por dizer a nós próprios e por convencer-nos de que não temos nada mais a fazer neste mundo, para além de nele procurarmos sensações e sentimentos agradáveis. Os moralistas que dizem aos homens «reprimi as vossas paixões e dominai os vossos desejos se desejais ser felizes» não conhecem o caminho para a felicidade.

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Felicidade Independente

Das coisas que há no mundo, umas estão na nossa mão e outras não. Na nossa mão estão a opinião, a suspeita, o apetite, o aborrecimento, o desejo e, numa palavra, todas as obras que são nossas. Não estão na nossa mão o corpo, a fazenda, nem a honra (reputação), nem o senhorio, nem com efeito nenhuma das que não são obra nossa. As coisas que estão na nossa mão, de sua natureza são livres e senhoras sem impedimento nem embaraço. E as que não estão na nossa mão, de si são fracas, servis, embaraçadas e sujeitas.
Pois olha que, se tiveres por livre o que se sua natureza não o for, e por teu o que em efeito não o é, haverás de embaraçar-te, e lamentar-te, e queixar-te dos deuses e dos homens. Mas se só o que é teu tiveres por tal, e por alheio, como o é, o que não é teu, não haverá nunca quem te faça força; a ninguém acusarás; de ninguém te queixarás; nenhuma coisa farás contra tua vontade; não terás nenhum inimigo; ninguém te fará mal; nem receberás nenhum dano nem perda.
Se vires algum homem muito honrado, ou poderoso, ou por qualquer outra via engrandecido,

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Existem em todo o homem, a todo o momento, duas postulações simultâneas, uma a Deus, outra a Satanás. A invocação a Deus, ou espiritualidade, é um desejo de elevar-se; aquela a Satanás, ou animalidade, é uma alegria de precipitar-se no abismo.

Anda, Vem

Anda, vem… por que te négas,
Carne morêna, toda perfume?
Por que te cálas,
Por que esmoreces
Boca vermêlha, – rosa de lume!

Se a luz do dia
Te cóbre de pêjo,
Esperemos a noite presos n’um beijo.

Dá-me o infinito goso
De contigo adormecer,
Devagarinho, sentindo
O arôma e o calôr
Da tua carne, – meu amôr!

E ouve, mancebo aládo,
Não entristeças, não penses,
– Sê contente,
Porque nem todo o prazer
Tem peccado…

Anda, vem… dá-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos;

Tenho Saudades da vida!

Tenho sêde dos teus beijos!

Ver-te. Tocar-te

Ver-te. Tocar-te. Que fulgor de máscaras.
Que desenhos e rictus na tua cara
Como os frisos veementes dos tapetes antigos.
Que sombrio te tornas se repito
O sinuoso caminho que persigo: um desejo
Sem dono, um adorar-te vívidoo mas livre.
E que escura me faço se abocanhas de mim
Palavras e resíduos. Me vêm fomes
Agonias de grandes espessuras, embaçadas luas
Facas, tempestade. Ver-te. Tocar-te.
Cordura.
Crueldade.