Passagens sobre InĂșteis

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Frases sobre inĂșteis, poemas sobre inĂșteis e outras passagens sobre inĂșteis para ler e compartilhar. Leia as melhores citaçÔes em Poetris.

Lembra-te de que as coisas mais belas do mundo sĂŁo tambĂ©m as mais inĂșteis: os pavĂ”es e os lĂ­rios, por exemplo.

A Sabedoria e a Alegria

Vou ensinar-te agora o modo de entenderes que nĂŁo Ă©s ainda um sĂĄbio. O sĂĄbio autĂȘntico vive em plena alegria, contente, tranquilo, imperturbĂĄvel; vive em pĂ© de igualdade com os deuses. Analisa-te entĂŁo a ti prĂłprio: se nunca te sentes triste, se nenhuma esperança te aflige o Ăąnimo na expectativa do futuro, se dia e noite a tua alma se mantĂ©m igual a si mesma, isto Ă©, plena de elevação e contente de si prĂłpria, entĂŁo conseguiste atingir o mĂĄximo bem possĂ­vel ao homem! Mas se, em toda a parte e sob todas as formas, nĂŁo buscas senĂŁo o prazer, fica sabendo que tĂŁo longe estĂĄs da sabedoria como da alegria verdadeira. Pretendes obter a alegria, mas falharĂĄs o alvo se pensas vir a alcançå-la por meio das riquezas ou das honras, pois isso serĂĄ o mesmo que tentar encontrar a alegria no meio da angĂșstia; riquezas e honras, que buscas como se fossem fontes de satisfação e prazer, sĂŁo apenas motivos para futuras dores.
Toda a gente, repito, tende para um objectivo: a alegria, mas ignora o meio de conseguir uma alegria duradoura e profunda. Uns procuram-na nos banquetes, na libertinagem; outros, na satisfação das ambiçÔes, na multidão assídua dos clientes;

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Contentai-vos em conhecer as obras de Deus; pois,
se os homens tivessem podido conhecer todas as coisas,
teria sido inĂștil o parto de Maria;
e os vistes desejar, sem resultado,
conhecer a causa das coisas,
tanto que a insatisfação de seu desejo constitui, eternamente, a sua pena.

O Desejo de Discutir

Se as discussĂ”es polĂ­ticas se tornam facilmente inĂșteis, Ă© porque quando se fala de um paĂ­s se pensa tanto no seu governo como na sua população, tanto no Estado como na noção de Estado enquanto tal. Pois o Estado como noção Ă© uma coisa diferente da população que o compĂ”e, igualmente diferente do governo que o dirige. É qualquer coisa a meio caminho entre o fĂ­sico e o metafĂ­sico, entre a realidade e a ideia.
È a esse género de estirilidade que estão geralmente condenadas, tal como acontece com as discussÔes políticas, as que incidem sobre a religião, pois a religião pode ser sinónima de dogmas, ou de ritual, ou referir-se a posiçÔes pessoais do indivíduo sobre questÔes ditas eternas, o infinito e a eternidade, problemas do livre arbítrio e da responsabilidade ou, como se diz também: Deus.
E o mesmo acontece com as discussĂ”es que tĂȘm a ver com a maior parte dos assuntos abstractos, sobretudo a Ă©tica e os temas filosĂłficos, mas tambĂ©m com campos de anĂĄlise mais restritos, incidindo sobre os problemas mais imediatos, como por exemplo o socialismo, o capitalismo, a aristocracia, a democracia, etc…, em que as noçÔes sĂŁo tomadas tanto no sentido amplo como no restrito,

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Qualquer argumentação filosĂłfica que nĂŁo tenha como preocupação principal abordar terapeuticamente o sofrimento humano Ă© inĂștil

A Ociosidade

Assim como vemos as terras em repouso, se nĂ©dias e fĂ©rteis, dar origem Ă  proliferação de cem mil espĂ©cies de ervas selvagens e inĂșteis, sendo necessĂĄrio, para as manter cultivĂĄveis, domĂĄ-las e destinĂĄ-las a certas sementes por forma a que delas tiremos proveito; e assim como vemos as mulheres, que por si sĂłs produzem informes amontoados e pedaços de carne, terem, para proporcionar uma boa e natural geração, de ser fecundadas por outra semente, assim vemos que se passa o mesmo com os nossos espĂ­ritos. Se nĂŁo os ocuparmos com algum objecto que os freie e constranja, lançar-se-ĂŁo eles, desregrados, a percorrer Ă  toa os campos bravios da imaginação:

Tal como a ĂĄgua que tremula em vasilhas de bronze reflecte a luz do sol ou a imagem radiante da lua, cintilaçÔes voando pelos ares e atingindo os artesoados tectos – VirgĂ­lio, Eneida

E não hå loucura ou desvario que eles não produzam em tal agitação:

Inventam irreais apariçÔes como nos sonhos dos doentes – HorĂĄcio, Ars Poetica

A alma que nĂŁo tem um ponto de mira perde-se, pois, como sĂłi dizer-se, Ă© nĂŁo estar em parte nenhuma em todo o lado estar.

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Conhecimento sem PaixĂŁo seria Castrar a InteligĂȘncia

Como investigadores do conhecimento, nĂŁo sejamos ingratos com os que mudaram por completo os pontos de vista do espĂ­rito humano; na aparĂȘncia foi uma revolução inĂștil, sacrĂ­lega; mas jĂĄ de si o querer ver de modo diverso dos outros, nĂŁo Ă© pouca disciplina e preparação do entendimento para a sua futura «objectividade», entendendo por esta palavra nĂŁo a «contemplação desinteressada», que Ă© um absurdo, senĂŁo a faculdade de dominar o prĂł e o contra, servindo-se de um e de outro para a interpretação dos fenĂłmenos e das paixĂ”es. Acautelemo-nos pois, oh senhores filĂłsofos!
Desta confabulação das ideias antigas acerca de um «assunto do conheciemnto puro, sem vontade, sem dor, sem tempo», defendamo-nos das moçÔes contraditĂłrias «razĂŁo pura», «espiritualidade absoluta», «conhecimento subsistente» que seria um ver subsistente em si prĂłprio e sem ĂłrgĂŁo visual, ou um olho sem direcção, sem faculdades activas e interpretativas? Pois o mesmo sucede com o conhecimento: uma vista, e se Ă© dirigida pela vontade, veremos melhor, teremos mais olhos, serĂĄ mais completa a nossa «objectividade». Mas eliminar a vontade, suprimir inteiramente as paixĂ”es – supondo que isso fosse possĂ­vel – seria castrar a inteligĂȘncia.

MiserĂĄveis Macabros

É que nĂŁo foram tĂŁo poucas como isso as vezes que vi a piedade enganar-se. NĂłs, que governamos os homens, aprendemos a sondar-lhes os coraçÔes, para sĂł ao objecto digno de estima dispensarmos a nossa solicitude. Mais nĂŁo faço do que negar essa piedade Ă s feridas de exibição que comovem o coração das mulheres. Assim como tambĂ©m a nego aos moribundos, e alĂ©m disso aos mortos. E sei bem porquĂȘ.
Houve uma altura da minha mocidade em que senti piedade pelos mendigos e pelas suas Ășlceras. AtĂ© chegava a apalavrar curandeiros e a comprar bĂĄlsamos por causa deles. As caravanas traziam-me de uma ilha longĂ­nqua unguentos derivados do ouro, que tĂȘm a virtude de voltar a compor a pele ao cimo da carne. Procedi assim atĂ© descobrir que eles tinham como artigo de luxo aquele insuportĂĄvel fedor. Surpreendi-os a coçar e a regar com bosta aquelas pĂșstulas, como quem estruma uma terra para dela extrair a flor cor de pĂșrpura. Mostravam orgulhosamente uns aos outros a sua podridĂŁo e gabavam-se das esmolas recebidas.
Aquele que mais ganhara comparava-se a si prĂłprio ao sumo sacerdote que expĂ”e o Ă­dolo mais prendado. Se consentiam em consultar o meu mĂ©dico, era na esperança de que o cancro deles o surpreendesse pela pestilĂȘncia e pelas proporçÔes.

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Meu Coração é um Enorme Estrado

ConclusĂŁo a sucata !… Fiz o cĂĄlculo,
Saiu-me certo, fui elogiado…
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expĂ”e um pequeno animĂĄlculo…

A microscópio de desilusÔes
Findei, prolixo nas minĂșcias fĂșteis…
Minhas conclusĂ”es prĂĄticas, inĂșteis…
Minhas conclusĂ”es teĂłricas, confusĂ”es…

Que teorias hĂĄ para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou ?

Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou…

Metade da Vida Ă© uma PerdulĂĄria Expectativa

Vou fazendo horas – metade da vida Ă© uma perdulĂĄria expectativa. E tonta. E ansiosa. E inĂștil. Como quem se sentou numa gare de caminho-de-ferro, Ă  espera de um comboio que nĂŁo se sabe quando passarĂĄ e qual o seu destino. Certeza, e relativa, estĂĄ apenas no local de espera. E Ă s vezes na prĂłpria espera. Se chegamos a concretizar a viagem, o lugar aonde o comboio nos levou, desilude-nos. Isso, porĂ©m, nĂŁo impede que tudo venha a repetir-se. Desperdiça-se o instante real e concreto, mas que, como areia, se nos escapa das mĂŁos, em favor de uma ilusĂłria vez seguinte.

A sociedade prosseguirĂĄ em estado de violĂȘncia, porque o homem nĂŁo prescinde da sua enfermidade moral que Ă© achar-se inĂștil num mundo que nĂŁo criou.

LĂ -bas, Je Ne Sais OĂč…

VĂ©spera de viagem, campainha…
NĂŁo me sobreavisem estridentemente!
Quero gozar o repouso da gare da alma que tenho
Antes de ver avançar para mim a chegada de ferro
Do comboio definitivo,
Antes de sentir a partida verdadeira nas goelas do estĂŽmago,
Antes de pÎr no estribo um pé
Que nunca aprendeu a não ter emoção sempre que teve que partir.
Quero, neste momento, fumando no apeadeiro de hoje,
Estar ainda um bocado agarrado Ă  velha vida.
Vida inĂștil, que era melhor deixar, que Ă© uma cela?
Que importa?
Todo o Universo Ă© uma cela, e o estar preso nĂŁo tem que ver com o tamanho da cela.

Sabe-me a nĂĄusea prĂłxima o cigarro. O comboio jĂĄ partiu da outra estação…
Adeus, adeus, adeus, toda a gente que nĂŁo veio despedir-se de mim,
Minha famĂ­lia abstrata e impossĂ­vel…
Adeus dia de hoje, adeus apeadeiro de hoje, adeus vida, adeus vida!
Ficar como um volume rotulado esquecido,
Ao canto do resguardo de passageiros do outro lado da linha.
Ser encontrado pelo guarda casual depois da partida —
“E esta? EntĂŁo nĂŁo houve um tipo que deixou isto aqui?”

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O trabalho do pensamento humano deve resistir ao teste da realidade nĂșa e brutal. Se nĂŁo consegue, Ă© inĂștil. Provavelmente apenas valem a pena as coisas que preservam a sua validade aos olhos de um homem ameaçado de morte instantĂąnea.

A InteligĂȘncia e o Sentido Moral

A inteligĂȘncia Ă© quase inĂștil para aqueles que sĂł a possuem a ela. O intelectual puro Ă© um ser incompleto, infeliz, pois Ă© incapaz de atingir aquilo que compreende. A capacidade de apreender as relaçÔes das coisas sĂł Ă© fecunda quando associada a outras actividades, como o sentido moral, o sentido afectivo, a vontade, o raciocĂ­nio, a imaginação e uma certa força orgĂąnica. SĂł Ă© utilizĂĄvel Ă  custa de esforço.
Os detentores da ciĂȘncia preparam-se longamente realizando um duro trabalho. Submetem-se a uma espĂ©cie de ascetismo. Sem o exercĂ­cio da vontade, a inteligĂȘncia mantĂ©m-se dispersa e estĂ©ril. Uma vez disciplinada, torna-se capaz de perseguir a verdade. Mas sĂł a atinge plenamente se for ajudada pelo sentido moral. Os grandes cientistas tĂȘm sempre uma profunda honestidade intelectual. Seguem a realidade para onde quer que ela os conduza. Nunca procuram substituĂ­-la pelos seus prĂłprios desejos, nem ocultĂĄ-la quando se torna opressiva. O homem que quiser contemplar a verdade deve manter a calma dentro de si mesmo. O seu espĂ­rito deve ser como a ĂĄgua serena de um lago. As actividades afectivas, contudo, sĂŁo indispensĂĄveis ao progresso da inteligĂȘncia. Mas devem reduzir-se a essa paixĂŁo que Pasteur chamava deus inteiror, o entusiasmo.

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A Dificuldade de Estabelecer e Firmar RelaçÔes

A dificuldade de estabelecer e firmar relaçÔes. HĂĄ uma tĂ©cnica para isso, conheço-a. Nunca pude meter-me nela. Ser «simpĂĄtico». É realmente fĂĄcil: prestabilidade, autodomĂ­nio. Mas. Ser sociĂĄvel exige um esforço enorme — fĂ­sico. Quem se habituou, jĂĄ se nĂŁo cansa. Tudo se passa Ă  superfĂ­cie do esforço. Ter «personalidade»: nĂŁo descer um milĂ­metro no trato, mesmo quando por delicadeza se finge. Assumirmos a importĂąncia de nĂłs sem o mostrar. Darmo-nos valor sem o exibir. Irresistivelmente, agacho-me. E logo: a pata dos outros em cima. Bem feito. Pois se me pus a jeito. E entĂŁo reponto. O fim. Ser prestĂĄvel, colaborar nas tarefas que os outros nos inventam. ColĂłquios, conferĂȘncias, organizaçÔes de. Ah, ser-se um «inĂștil» (um «parasita»…). RazĂ”es profundas — um complexo duplo que vem da juventude: incompreensĂŁo do irmĂŁo corpo e da bolsa paterna. O segundo remediou-se. Tenho desprezo pelo dinheiro. Ligo tĂŁo pouco ao dinheiro que nem o gasto… Mas «gastar» faz parte da «personalidade». SaĂșde — mais difĂ­cil. Este ar apeurĂ© que vem logo ao de cima. A Ășnica defesa, obviamente, Ă© o resguardo, o isolamento, a medida.
É fĂĄcil ser «simpĂĄtico», difĂ­cil Ă© perseverar, assumir o artifĂ­cio da facilidade. Conservar os amigos. «NĂŁo Ă©s capaz de dar nada»,

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Um Poema

Um poema
Ă© a reza dum rosĂĄrio
imaginĂĄrio.
Um esquema
dorido.
Um teorema
que se contradiz.
Uma sĂșplica.
Uma esmola.

Dores,
vividas umas, sonhadas outras…
(InĂștil destrinçar.)

Um poema
Ă© a pedra duma escola
com palavras a giz
para a gente apagar ou guardar…

Enquanto outros Combatem

Empunhasse eu a espada dos valentes!
Impelisse-me a acção, embriagado,
Por esses campos onde a Morte e o Fado
Dão a lei aos reis trémulos e ås gentes!

Respirariam meus pulmÔes contentes
O ar de fogo do circo ensanguentado…
Ou caĂ­ra radioso, amortalhado
Na fulva luz dos glĂĄdios reluzentes!

JĂĄ nĂŁo veria dissipar-se a aurora
De meus inĂșteis anos, sem uma hora
Viver mais que de sonhos e ansiedade!

JĂĄ nĂŁo veria em minhas mĂŁos piedosas
Desfolhar-se, uma a uma, as tristes rosas
D’esta pĂĄlida e estĂ©ril mocidade!

A necessidade de ter determinada coisa – Ă s vezes algo pequeno e inĂștil – faz com que terminemos prisioneiros dela.