Pensar que o sofrimento seja infelicidade é um engano da mente apegada ao corpo carnal. Aquele que compreende o quanto o sofrimento é benéfico para o progresso da alma, consegue agradecer até memo a ele.
Passagens sobre Mente
730 resultadosAma mas nĂŁo cuida. Gosta mas nĂŁo fala. Beija mas nĂŁo sente. Diz que vem mas mente.
Tédio
Tenho as recordações d’um velho milenário!
Um grande contador, um prodigioso armário,
Cheiinho, a abarrotar, de cartas memoriais,
Bilhetinhos de amor, recibos, madrigais,
Mais segredos nĂŁo tem do que eu na mente abrigo.
Meu cer’bro faz lembrar descomunal jazigo;
Nem a vala comum encerra tanto morto!— Eu sou um cemitério estranho, sem conforto,
Onde vermes aos mil — remorsos doloridos,
Atacam de pref’rĂŞncia os meus mortos queridos.
Eu sou um toucador, com rosas desbotadas,
Onde jazem no chĂŁo as modas despresadas,
E onde, sĂłs, tristemente, os quadros de Boucher
Fuem o doce olor d’um frasco de GellĂ©.Nada pode igualar os dias tormentosos
Em que, sob a pressĂŁo de invernos rigorosos,
O TĂ©dio, fruto inf’liz da incuriosidade,
Alcança as proporções da Imortalidade.— Desde hoje, não és mais, ó matéria vivente,
Do que granito envolto em terror inconsciente.
A emergir d’um Saarah movediço, brumoso!
Velha esfinge que dorme um sono misterioso,
Esquecida, ignorada, e cuja face fria
Só brilha quando o Sol dá a boa-noite ao dia!Tradução de Delfim Guimarães
A mente acha sempre que Ă© mais fácil correr e lutar, porque assim tem alguma coisa para fazer. Se disser Ă mente: «NĂŁo faças nada», isso Ă© a coisa mais difĂcil.
Somente os tolos nunca mudam suas mentes.
Nunca se sinta um coitado diante dos seus problemas, caso contrário eles tornam-se um «monstro». Todas as doenças emocionais amam o «coitadismo» e florescem na alma de pessoas passivas. Seja um agente modificador da sua histĂłria. (…) Acredite na vida, reacenda as chamas da esperança e disponha-se a intervir no palco da sua mente. Tais atitudes começam a preparar o caminho da saĂşde emocional.
A Vida Ă© uma Busca
A vida Ă© uma busca — uma busca constante, uma busca desesperada, uma busca sem esperança, uma busca de algo que nĂŁo se sabe o que Ă©. Há um forte impulso para procurar, mas nĂŁo se sabe o que se procura. E há um certo estado de espĂrito em que nada daquilo que consegue lhe dará qualquer satisfação. A frustração parece ser o destino da humanidade, porque tudo aquilo que se obtĂ©m perde o sentido no momento exacto em que se consegue. Começa-se novamente a procurar.
A busca continua, quer se consiga alguma coisa ou nĂŁo. Parece ser irrelevante o que se tem e o que nĂŁo se tem, pois a busca continua de qualquer maneira. Os pobres andam Ă procura, os ricos andam Ă procura, os doentes andam Ă procura, os que estĂŁo bem andam Ă procura, os poderosos andam Ă procura, os estĂşpidos andam Ă procura, os sensatos andam Ă procura – e ninguĂ©m sabe exactamente de quĂŞ.Essa mesma procura — o que Ă© e porque existe — tem de ser compreendida. Parece haver um hiato no ser humano, na mente humana. Na prĂłpria estrutura da consciĂŞncia humana parece haver um buraco, um buraco negro.
Ensine seus filhos a fazer do palco da sua mente um teatro de alegria, e nĂŁo um palco de terror.
O sofrimento começa quando nos apegamos a algo. Isto porque nossa mente, que é originalmente livre, fica tolhida pelo nosso próprio pensamento.
A mente jungida aos sentidos vê romper-se o seu leme da sabedoria, tal qual uma nau na tormenta deriva para o naufrágio e morte.
A maquilagem nĂŁo consegue esconder a baixeza de sentimentos. Maquila-te com a mente.
É bom domesticar a mente que, de difĂcil domĂnio, e veloz, corre para onde lhe agrada; a mente domesticada traz felicidade.
Até mesmo um arbusto ou capim encerra em si a força misteriosa do Universo. Então, que dizer do ser humano? Não penses que os sofrimentos e as tristezas do ser humano não têm sentido. Eles são as trevas que antecedem a alvorada da alma, na qual a mente do homem desperta para a força misteriosa do Universo. Suportando os sofrimentos e as tristezas durante algum tempo, surgirá na alma a aurora da verdadeira alegria.
Quando a mente está pensando, está falando consigo mesma.
É preciso que a humanidade, da mesma forma que considera ignominioso o mau caráter, passe a considerar a doença como algo ignominioso. Isto porque a doença é sombra da distorção da mente.
Surpresa
Começamos assim: – eu, tendo em mente
fingir gostar apenas: namorar,
como chamam na vida comumente
aos primeiros encontros de algum par…Tu, disposta a prender-me ao teu olhar
por um mero capricho e, fatalmente,
depois que eu me curvasse a te adorar
trocar-me-ias por outro facilmente…Começamos assim – logo, no entanto
– aquilo que pensei, nĂŁo consegui,
nem conseguiste o que querias tanto…E afinal – que belĂssima surpresa!…
– Eu, de tanto fingir: – gostei de ti,
tu, querendo prender: – ficaste presa!…
A curiosidade de um mente nobre sinceramente cessa onde o amor pela verdade não a encoraja a ir além e o amor pelo seu semelhante a convida a parar.
Amar Ă© Conhecer Virtude Ardente
AMOR QUE, SEM DETER-SE NO ASPECTO SENSITIVO, PASSA AO INTELECTUAL
Mandou-me, ai Fábio!, que a amasse Flora,
e que nĂŁo a quisesse; meu cuidado,
obediente, confuso, torturado,
sem desejá-la, tal beleza adora.O que o humano afecto sente e chora
goza o entendimento, enamorado
do espĂrito eterno, encarcerado
neste claustro mortal que o entesoura.Amar Ă© conhecer virtude ardente;
o querer Ă© vontade interessada,
grosseira e rude, passageiramente.O corpo é terra, sê-lo-á, foi nada;
de Deus procede Ă eternidade a mente:
eterno amante sou de eterna amada.Tradução de José Bento
Tu, VĂŁ Filosofia
Tu, vĂŁ Filosofia, embora aviltes
Os crentes nas visões do pensamento,
Turvo clarĂŁo de raciocĂnios tristes
Por entre sombras nos conduz, e a mente,
Rastejando a verdade, a desencanta;
Nem doloroso espĂrito se ilude,
Se o que, dormindo, creu, crĂŞ, despertando.
Até no afortunado a vida é sonho
(Sonho, que lá no fim se verifica),
E ansioso pesadelo em mim, que a choro,
Em mim, que provo o fel da desventura,
Desde que levantei, que abri, carpindo,
Os olhos infantis Ă luz primeira;
Em mim, que fui, que sou de Amor o escravo,
E a vĂtima serei, e o desengano
Da suprema paixĂŁo, por ti cantada
Em versos imortais, como o princĂpio
Etéreo, criador, de que emanaram.
Sobre se os juĂzes de causas importantes devem ocupar cargos pela vida toda Ă© uma coisa discutĂvel, porque a mente envelhece, assim como o corpo.