Passagens sobre Próprio

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Frases sobre próprio, poemas sobre próprio e outras passagens sobre próprio para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Há certo instante na alegria de poder que ultrapassa o próprio medo da morte. Duas pessoas que vivem juntas procuram talvez atingir esse instante.

Nós não ficamos a querer menos a quem conhece os nossos defeitos do que a nós próprios por sofremos deles.

A primeira etapa está transposta com muitas dificuldades e com tantas coisas estranhas que não posso narrar-lhas, mesmo a si. (…) Como gente que se vê perdida, os meus adversários recorrem a todas as armas, até mesmo as mais infames. Tudo lhes serviu. (…) A fenomenal inépcia da maior parte dos nossos adversários, que dá como resultado prático que, sendo-se um pouco hábil, quase todos os golpes se voltarão contra eles próprios. (…) Creio que com um pouco de firmeza e habilidade, assim continuará até ao fim.

Eu creio que, para ser escritor, basta ter algo para dizer em frases próprias ou alheias.

A razão pela qual as cabeças limitadas são tão propensas ao tédio provém do facto de que o seu intelecto nada mais ser senão o «intermediário dos motivos» para a vontade. Se não existirem motivos para serem levados em conta, então a vontade repousa e o intelecto folga; pois este, tão pouco quanto aquela, não entra em actividade por si próprio.

O Amor da Sabedoria Tem Falta de Amor

A sabedoria deve saber que traz em si uma contradição: é louco viver muito sabiamente. Devemos reconhecer que, na loucura que é o amor, há a sabedoria do amor. O amor da sabedoria – ou filosofia – tem falta de amor. O importante, na vida, é o amor. Com todos os perigos que carrega.
Isto não é suficiente. Se o mal de que sofremos e fazemos sofrer é a incompreensão de outrem, a autojustificação, a mentira de si próprio (self-deception), então a via da ética – e é aí que introduzirei a sabedoria – está no esforço de compreensão e não na condenação – no auto-exame que comporta a autocrítica e que se esforça por reconhecer a mentira de si próprio.

Natal

Que nos trazes a não ser
lágrimas cada vez mais,
natal eterno a nascer
de outros natais…
Ligeira esperança que toca
os nossos olhos molhados
e o sangue da nossa boca,
amordaçados…

Ah bruxuleante luz
acenando ao longe em vão
e que a dor nos reproduz
em ilusão…
Ternura dum breve instante
que o próprio instante desterra,
morta no facto constante
de tanta guerra…

Porque é que é uma surpresa descobrir que outras pessoas além de nós próprios são capazes de dizerem mentiras?

As Minhas Mãos

As minhas mãos magritas, afiladas,
Tão brancas como a água da nascente,
Lembram pálidas rosas entornadas
Dum regaço de Infanta do Oriente.

Mãos de ninfa, de fada, de vidente,
Pobrezinhas em sedas enroladas,
Virgens mortas em luz amortalhadas
Pelas próprias mãos de oiro do sol-poente.

Magras e brancas… Foram assim feitas…
Mãos de enjeitada porque tu me enjeitas…
Tão doces que elas são! Tão a meu gosto!

Pra que as quero eu – Deus! – Pra que as quero eu?!
Ó minhas mãos, aonde está o céu?
…Aonde estão as linhas do teu rosto?

Quem tenta moldar os outros ao seu próprio padrão, fracassará. Quem quer obrigar os outros a seguir o caminho que ele próprio percorre, tropeçará. Para cada pessoa existe um caminho, uma direção a seguir, da mesma forma que para os bondes existem os trilhos e para os automóveis existem vias adequadas a seu tráfego. E é bom que seja assim. Compreender isto é ser sábio.

A Bíblia por Goethe

Discute-se muito e há-de continuar a discutir-se em torno das vantagens e inconvenientes da divulgação da Bíblia. Para mim o assunto é claro: será perniciosa, como sempre o foi, se for usada de modo dogmático e fantasista; e será útil, como sempre o foi, se for encarada de modo didático e sensível.
É minha convicção que a Bíblia se torna tanto mais bela quanto mais a entendemos, ou seja, quanto mais se percebe e simultaneamente se intui cada uma das palavras que vamos apreendendo como coisa geral e que aplicamos ao nosso caso como coisa particular teve um dia, em certa situação, em determinadas circunstâncias de tempo e de lugar, uma aplicação individual própria, específica, imediata.

O sucesso depende da energia do ato, da energia da crença de que se triunfará e da crença de que se está na verdade, que assim se verifica por si própria.

Os Amigos São Pessoas que se Preferem

Se há um lugar onde a integridade própria não é ameaçada pela falta de verdade e pela ausência de liberdade, ele é, sem dúvida, a amizade. Os amigos são pessoas que se preferem. Cada amigo é, por isso, uma rejeição de muitas outras. Querer ser «amigo de toda a gente», usar indeliberadamente as palavras amigo e amiga para descrever todos os conhecimentos indistintivamente, prezar a amizade como valor abstracto sem investir energicamente numa prática particular – tudo isto é um egoísmo guloso, escondendo a frieza e o interesse em reificações abstrusas de conceitos demasiado gerais, inevitavelmente presos a visões fraudulentas da «humanidade».

Recear a criação de inimigos é querer impedir, logo à partida, a criação de uma amizade. Uma das tragédias da nossa idade é a invasão do domínio pessoal por valores que pertencem apenas ao domínio social. Assim, a liberdade, por exemplo, passou a ser um verdadeiro constrangimento do amor, da amizade. Certas noções de autonomia acabam por destruir a base profunda de uma relação humana séria e sentida: a lealdade. Não se pode querer amar e ser amado sem prescindir daquilo que se preza ser a «liberdade». A lealdade é um constrangimento que se aceita e que se cumpre em nome de algo (de alguém) que se julga (porque se ama) mais precioso que a liberdade.

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Próprio do amante é destruir quem ama, beber as águas novas que do corpo amado se levantam e deixar-se inundar por elas. Um concílio de duas destruições.

A Sabedoria do Homem Comum

Os ignorantes e o homem comum não têm problemas. Para eles na Natureza tudo está como deve estar. Eles compreendem as coisas pela simples razão delas existirem. E, na realidade, não dão eles provas de mais razão do que todos os sonhadores, que chegam a duvidar do seu próprio pensamento? Morre um dos seus amigos, e como julgam saber o que é a morte à dor que sentem por o perderem não acrescentam a cruel ansiedade que resulta da impossibilidade de aceitar um acontecimento tão natural… Estava vivo, e agora encontra-se morto; falava-me, o seu espírito prestava atenção ao que eu lhe dizia, mas hoje já nada disso existe: resta apenas aquele túmulo – mas repousa ele nesse túmulo, tão frio como a própria sepultura? Erra a sua alma em redor desse monumento? Quando eu penso nele é a sua alma que vem assolar a minha memória? O hábito traz-nos de novo, contudo, ao nível do homem comum.
Quando o seu rasto se tiver apagado – não há dúvidas de que ele morreu! – então a coisa deixará de nos incomodar. Os sábios e os pensadores parecem portanto menos avançados que o homem comum, já que eles próprios não têm a certeza,

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Do Contraditório como Terapêutica de Libertação

Recentemente, entre a poeira de algumas campanhas políticas, tomou de novo relevo aquele grosseiro hábito de polemista que consiste em levar a mal a uma criatura que ela mude de partido, uma ou mais vezes, ou que se contradiga, frequentemente. A gente inferior que usa opiniões continua a empregar esse argumento como se ele fosse depreciativo. Talvez não seja tarde para estabelecer, sobre tão delicado assunto do trato intelectual, a verdadeira atitude científica.
Se há facto estranho e inexplicável é que uma criatura de inteligência e sensibilidade se mantenha sempre sentado sobre a mesma opinião, sempre coerente consigo próprio. A contínua transformação de tudo dá-se também no nosso corpo, e dá-se no nosso cérebro consequentemente. Como então, senão por doença, cair e reincidir na anormalidade de querer pensar hoje a mesma coisa que se pensou ontem, quando não só o cérebro de hoje já não é o de ontem, mas nem sequer o dia de hoje é o de ontem? Ser coerente é uma doença, um atavismo, talvez; data de antepassados animais em cujo estádio de evolução tal desgraça seria natural.
A coerência, a convicção, a certeza são além disso, demonstrações evidentes — quantas vezes escusadas — de falta de educação.

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Há dois graus no orgulho: um, em que nos aprovamos a nós próprios, o outro, em que não podemos aceitar-nos. Este provavelmente o mais requintado.

Um Eu Forte e Maduro

Precisamos de conhecer os papéis do Eu, que representa a capacidade de escolha. Entre esses papéis, o de ser autor da própria história, um protetor da mente, um jardineiro do território da emoção, um plantador de janelas light na memória da pessoa amada.

Discutir, gritar, impor ideias, não significa nem de longe ter um Eu forte, mas sim fraco. Dizer o que vem à mente, dizer sempre a verdade, nem sempre é a expressão de um Eu maduro, mas sim de alguém que não tem autocontrolo. Um Eu forte e maduro aquieta a sua ansiedade, protege a pessoa amada, pede desculpas sem medo, aponta primeiro o dedo a si próprio antes de falar dos erros do outro, repensa a sua história, exige menos e dá-se mais; não tem a necessidade neurótica de mudar as pessoas ao seu redor.