Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.
Passagens sobre Tragédia
143 resultadosExistem duas tragédias na vida. A primeira é de não conseguir tudo aquilo que desejamos. A segunda é de consegui-las.
A tragédia da velhice consiste não no fato de sermos velhos, mas sim no fato de ainda nos sentirmos jovens.
A grande tragédia da vida não é que os homens pereçam, e sim que eles parem de amar.
A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa?
Os Práticos e os Contemplativos
Têm sentido de humor os que têm sentido prático. Quem descuida a vida, embevecido numa ingénua contemplação (e todas as contemplações são ingénuas), não vê as coisas com desprendimento, dotadas de livre, complexo e contrastante movimento, que forma a essência da sua comicidade. O típico da contemplação é, pelo contrário, determo-nos no sentimento difuso e vivaz que surge em nós ao contacto com as coisas. É aqui que reside a desculpa dos contemplativos: vivem em contacto com as coisas e, necessariamente, não lhes sentem as singularidades e características; sentem-nas, pura e simplesmente.
Os práticos – paradoxo – vivem distantes das coisas, não as sentem, mas compreendem o mecanismo que as faz funcionar. E só ri de uma coisa quem está distante dela. Aqui está, implícita, uma tragédia: habituamo-nos a uma coisa afastando-nos dela, quer dizer, perdendo o interesse. Daqui, a corrida afanosa.
Naturalmente, de um modo geral, ninguém é contemplativo ou prático de forma total, mas, como nem tudo pode ser vivido, resta sempre, mesmo aos mais experimentados, o sentimento de qualquer coisa.
A alma nasce velha, e vai rejuvenescendo. É a comédia da vida. E o corpo nasce jovem, mas envelhece; é a tragédia da vida.
Nós só vivemos contradições e para as contradições; a vida é tragédia e luta perpétua sem vitória e sem esperança de vitória; ela é contradição.
O mundo é uma comédia para aqueles que pensam, uma tragédia para aqueles que sentem.
A morte é sempre e em todas as circunstâncias uma tragédia, pois, se não o é, quer dizer que a própria vida passou a ser uma tragédia.
A tragédia do amor é a sua luta contra o tempo.
Justificar tragédias como vontade divina tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas.
A tragédia e a sátira são irmãs e estão sempre de acordo; consideradas ao mesmo tempo recebem o nome de verdade.
A Imaginação é a Base do Homem
De tal modo a imaginação é a base do homem — Joana de novo — que todo o mundo que ele tem construído encontra sua justificativa na beleza da criação e não na sua utilidade, não em ser o resultado de um plano de fins adequados às necessidades. Por isso é que vemos multiplicarem-se os remédios destinados a unir o homem às ideias e instituições existentes — a educação, por exemplo, tão difícil — e vemo-lo continuar sempre fora do mundo que ele construiu. O homem levanta casas para olhar e não para nelas morar. Porque tudo segue o caminho da inspiração. O determinismo não é um determinismo de fins, mas um estreito determinismo de causas. Brincar, inventar, seguir a formiga até seu formigueiro, misturar água com cal para ver o resultado, eis o que se faz quando se é pequeno e quando se é grande. É erro considerar que chegamos a um alto grau de pragmatismo e materialismo. Na verdade o pragmatismo — o plano orientado para um dado fim real — seria a compreensão, a estabilidade, a felicidade, a maior vitória de adaptação que o homem conseguisse. No entanto fazer as coisas «para quê» parece-me, perante a realidade,
Há duas tragédias na vida. Uma é não fazer o que o coração deseja. A outra é fazer.
Os Amigos São Pessoas que se Preferem
Se há um lugar onde a integridade própria não é ameaçada pela falta de verdade e pela ausência de liberdade, ele é, sem dúvida, a amizade. Os amigos são pessoas que se preferem. Cada amigo é, por isso, uma rejeição de muitas outras. Querer ser «amigo de toda a gente», usar indeliberadamente as palavras amigo e amiga para descrever todos os conhecimentos indistintivamente, prezar a amizade como valor abstracto sem investir energicamente numa prática particular – tudo isto é um egoísmo guloso, escondendo a frieza e o interesse em reificações abstrusas de conceitos demasiado gerais, inevitavelmente presos a visões fraudulentas da «humanidade».
Recear a criação de inimigos é querer impedir, logo à partida, a criação de uma amizade. Uma das tragédias da nossa idade é a invasão do domínio pessoal por valores que pertencem apenas ao domínio social. Assim, a liberdade, por exemplo, passou a ser um verdadeiro constrangimento do amor, da amizade. Certas noções de autonomia acabam por destruir a base profunda de uma relação humana séria e sentida: a lealdade. Não se pode querer amar e ser amado sem prescindir daquilo que se preza ser a «liberdade». A lealdade é um constrangimento que se aceita e que se cumpre em nome de algo (de alguém) que se julga (porque se ama) mais precioso que a liberdade.
Manias
O mundo é velha cena ensanguentada.
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.Eu sei um bom rapaz, – hoje uma ossada -,
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância, quixotesca.Aos domingos a déia, já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!
A tragédia da vida é que ficamos velhos cedo demais. E sábios, tarde demais.
A grande tragédia da ciência: o massacre de uma bela hipótese por parte de um horrível facto.
Todo homem de gênio vê o mundo sob um ângulo diferente do dos seus semelhantes, e é nisso que está a sua tragédia.