Deus é amor, e aquele que aprendeu a viver no Espírito de amor aprendeu a viver e a habitar em Deus.
Passagens sobre Espírito
1286 resultadosNenhum pessimista jamais descobriu o segredo das estrelas, ou navegou até uma terra desconhecida, ou abriu uma nova porta para o espírito humano.
Um Certo Grau de Desafogo
Depressa compreendi como para um homem na minha posição se tornava indispensável uma certa riqueza. Seria tão desagradável para mim ter uma excessiva fortuna, como não ter nenhuma. A dignidade e o respeito próprios são inseparáveis de um certo grau de desafogo. Eis o que eu aprecio, aquilo de que eu necessito – mais do que as pequenas comodidades que uma riqueza relativa permite. O que se segue a esta necessidade de independência é a tranquilidade de espírito: é sentir-se livre dos cuidados e dos empreendimentos ignóbeis que acarretam sempre as dificuldades monetárias. É necessária uma grande prudência para chegar a este estado fundamental e mantermo-nos nele; é preciso ter constantemente em mente a necessidade desta calma e desta falta de preocupações materiais, que nos permite entregarmo-nos completamente aos empreendimentos mais elevados e que impede que a nossa alma e o nosso espírito se degradem.
Apenas devia ser possuidor quem tem espírito: não sendo assim, a fortuna é um perigo público.
A União entre o Espírito e a Beleza
Há uma beleza espiritual e há outra beleza que fala aos sentidos. Certas pessoas pretendem que o belo pertence exclusivamente ao campo dos sentidos, separando dele por completo o espiritual, de modo que o nosso mundo apresente uma cisão entre os dois. Nisso também se baseia o ensinamento verídico: «Apenas por dois modos a felicidade é cognoscível em todo o Universo: a que nos vem das alegrias do corpo e a que nos vem da paz redentora do espírito». Desta doutrina, no entanto, segue-se que o espiritual não se acha, para o belo, na mesma relação em que o belo se encontra para com o feio e que, só em certas condições, se confunde com este.
O espiritual não é sinónimo de beleza pelo conhecimento e pelo amor do belo, amor este que se exprime em beleza espiritual. Tal amor, em absoluto, não é absurdo ou sem esperança, pois, pela lei da atracção dos opostos, o belo por sua vez anseia pelo espiritual, admirando-o e recebendo-lhe com agrado a corte. Este mundo não está constituído de tal modo que o espírito esteja fadado a amar apenas o espiritual, nem a beleza unicamente votada a procurar o belo. Na verdade,
Torre De Ouro
Desta torre desfraldam-se altaneiras,
Por sóis de céus imensos broqueladas,
Bandeiras reais, do azul das madrugadas
E do íris flamejante das poncheiras.As torres de outras regiões primeiras
No Amor, nas Glórias vãs arrebatadas
Não elevam mais alto, desfraldadas,
Bravas, triunfantes, imortais bandeiras.São pavilhões das hostes fugitivas,
Das guerras acres, sanguinárias, vivas,
Da luta que os Espíritos ufana.Estandartes heróicos, palpitantes,
Vendo em marcha passe aniquilantes
As torvas catapultas do Nirvana!
Amigo, oculta a tua vida e espalha o teu espírito.
Aprender a Escrita pela Leitura
Ao lermos um autor, não temos a capacidade de adquirir as suas eventuais qualidades, como o poder de convencimento, a riqueza de imagens, o dom da comparação, a ousadia, ou o amargor, ou a concisão, ou a graça, ou a leveza da expressão, ou o espírito arguto, contrastes surpreendentes, laconismo, ingenuidade e outras semelhantes. No entanto, podemos evocar em nós mesmos tais qualidades, tornarmo-nos conscientes da sua existência, caso já tenhamos alguma predisposição para elas, ou seja, caso as tenhamos potentia; podemos ver o que é possível fazer com elas, podemos sentir-nos confirmados na nossa tendência, ou melhor, encorajados a empregar tais qualidades; com base em exemplos, podemos julgar o efeito da sua aplicação e assim aprender o seu uso correcto; somente então as possuímos também actu.
Esta é, portanto, a única maneira na qual a leitura nos torna aptos para escrever, na medida em que nos ensina o uso que podemos fazer dos nossos próprios dons naturais; portanto, pressupondo sempre a existência destes. Por outro lado, sem esses dons, não aprendemos nada com a leitura, excepto a maneira fria e morta, e tornamo-nos imitadores banais.
O Triunfo dos Imbecis
Não nos deve surpreender que, a maior parte das vezes, os imbecis triunfem mais no mundo do que os grandes talentos. Enquanto estes têm por vezes de lutar contra si próprios e, como se isso não bastasse, contra todos os medíocres que detestam toda e qualquer forma de superioridade, o imbecil, onde quer que vá, encontra-se entre os seus pares, entre companheiros e irmãos e é, por espírito de corpo instintivo, ajudado e protegido. O estúpido só profere pensamentos vulgares de forma comum, pelo que é imediatamente entendido e aprovado por todos, ao passo que o génio tem o vício terível de se contrapor às opiniões dominantes e querer subverter, juntamente com o pensamento, a vida da maioria dos outros.
Isto explica por que as obras escritas e realizadas pelos imbecis são tão abundante e solicitamente louvadas – os juízes são, quase na totalidade, do mesmo nível e dos mesmos gostos, pelo que aprovam com entusiasmo as ideias e paixões medíocres, expressas por alguém um pouco menos medíocre do que eles.
Este favor quase universal que acolhe os frutos da imbecilidade instruída e temerária aumenta a sua já copiosa felicidade. A obra do grande, ao invés, só pode ser entendida e admirada pelos seus pares,
A arte é uma ferramenta; os espíritos são os operários.
Sede estreitamente unidos no mesmo espírito e no mesmo modo de pensar
Sede estreitamente unidos no mesmo espírito e no mesmo modo de pensar.
Sucesso sem Riqueza
Muita gente confunde sucesso com amealhar dinheiro. Embora o sucesso acabe por levar à riqueza, é muito mais que isso. É uma atitude mental e espiritual – um estado de consciência – de que o dinheiro é um sub-produto acidental. Sucesso é um modo de viver. Estamos neste mundo para ter sucesso como seres humanos. Uma pessoa bem sucedida tem paz de espírito, está satisfeita com os talentos que Deus lhe deu, e sente-se feliz em usá-los e aplicá-los para seu benefício. A procura de uma vida melhor, e a realização de um objectivo digno, é a mais satisfatória das actividades humanas.
(…) Uma vida bem sucedida não é fácil. É construída sobre qualidades fortes – sacrifício, diligência, lealdade e integridade. A corrida nem sempre é ganha pelo mais rápido nem a batalha pelo mais forte; a vitória vai muitas vezes para o mais temerário e o mais persistente. O maior obstáculo no caminho do sucesso não é a falta de inteligência, de carácter ou de força de vontade. É a incapacidade para levar o trabalho até ao fim.
Somente aquele que renasce pelo Espírito vive verdadeiramente. Os demais vivem uma falsa vida. Aquele que renasce pelo espírito não se exaspera, não possui ambições egoísticas, não odeia, não teme. Sabe que as emoções dos sentidos são ilusórias, e por isso não se deixa prender por elas.
Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida é responder uma questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois. Trata-se de jogos; é preciso primeiro responder. E se é verdade, como quer Nietzsche, que um filósofo, para ser estimado, deve pregar com o seu exemplo, percebe-se a importância dessa reposta, porque ela vai anteceder o gesto definitivo. São evidências sensíveis ao coração, mas é preciso ir mais fundo até torná-las claras para o espírito. Se eu me pergunto por que julgo que tal questão é mais premente que tal outra, respondo que é pelas ações a que ela se compromete. Nunca vi ninguém morrer por causa do argumento ontológico. Galileu, que sustentava uma verdade científica importante, abjurou dela com a maior tranqüilidade assim que viu sua vida em perigo. Em certo sentido, fez bem. Essa verdade não valia o risco da fogueira. Qual deles, a Terra ou o Sol gira em redor do outro, é-nos profundamente indiferente.
O tempo que tudo transforma, transforma também o nosso temperamento. Cada idade tem os seus prazeres, o seu espírito e os seus hábitos.
A Amizade e o Amor Segundo uma Lógica de Bazar
Desconfia-se do que é dado e pesa-se o que se recebe. A amizade e o amor parecem gerir-se, por vezes, segundo uma lógica de bazar. Já nem é considerado má-educação perguntar quanto é que uma prenda custou. Se esse preço é excessivo chega-se a dizer que não se pode aceitar. Recusar uma dádiva é como chamar interesseiro ao dador. É desconfiar que existe uma segunda intenção. De qualquer forma, só quem tem medo (ou corre o risco) de se vender pode pensar que alguém está a tentar comprá-lo. Quem dá de bom coração merece ser aceite de bom coração. A essência sentimental da dádiva é ultrajada pela frieza da avaliação.
A mania da equitatividade contamina os espíritos justos. É o caso das pessoas que, não desconfiando de uma dádiva, recusam-se a aceitar uma prenda que, pelo seu valor, não sejam capazes de retribuir. Esta atitude, apesar de ser nobre, acaba por ser igualmente destrutiva, pois supõe que existe, ou poderá vir a existir, uma expectativa de retribuição da parte de quem dá. Mas quem dá não dá para ser pago. Dá para ser recebido. Não dá como quem faz um depósito ou investimento. O valor de uma prenda não está na prenda –
A velhice não se me afigura, de modo algum, (…) o melancólico vestíbulo da morte, mas antes como as verdadeiras férias grandes, depois do esgotamento dos sentidos, do coração e do espírito que foi a vida.
O nada sobrenatural do espírito.
A Alma e o Génio
O que faz de um homem um homem de génio – ou melhor o que eles fazem – não são as ideias novas mas essa ideia, que nunca os larga, que o que já foi dito não o foi nunca suficientemente.
(…) O que tortura a minha alma é a sua solidão. Quanto mais ela se dispersa pelos amigos e os prazeres comezinhos, mais esta me foge e se esconde na sua fortaleza. A novidade encontra-se no espírito que cria e não na nautreza reproduzida.Tu que sabes que o novo existe sempre, mostra-o aos outros – no que eles nunca souberam ver. Faz-lhes compreender que nunca tinham ouvido falar do rouxinol, do espectáculo do mar imenso ou de tudo aquilo que os seus grosseiros órgãos só se encontram em condições de desfrutar depois de se ter tido o trabalho de sentir por eles.
E não faças da língua um empecilho, porque se cuidares da tua alma ela arranjará forma de se dar a entender. Criará uma nova linguagem que valerá os hemistíquios deste ou a prosa daquele. O quê?, diz-me que se considera uma pessoa original e fica insensível à leitura de Byron ou de Dante?
Quem tem fome não tem escolha. O seu espírito não vem de onde ele gostaria, mas da fome.