A verdade é clara; a mentira é sombra.
Recentes
Nada é tão lamentável e nocivo como antecipar desgraças.
Quando chega o derradeiro momento, toda e qualquer pessoa consegue encarar a morte com serenidade, sem temor nem queixas. Realizam grandes obras aqueles que vivem cada momento da vida como se fosse o decisivo.
Se Cristo, em vez de morrer na cruz, tivesse morrido de coqueluche aos quatro anos, não teria sido Cristo!
Aliás uma pergunta que me fez: o que mais me importava – se a maternidade ou a literatura. O modo imediato de saber a resposta foi eu me perguntar: se tivesse de escolher uma delas, que escolheria? A resposta era simples: eu desistiria da literatura. Nem tem dúvida que como mãe sou mais importante do que como escritora.
Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.
Lembrai-vos de que insignificâncias causam a perfeição, e a perfeição não é uma insignificância.
Afectamos desprezar os bens que não podemos conseguir.
O casamento deve ser uma educação mútua e infinita.
O Universo não julga: conspira a favor do que desejamos.
Não olhe para os outros, olhe para si próprio. E deixe transparecer o que tem dentro de si, seja qual for o risco. Não há maior risco do que a repressão.
Não gosto nada do campo; é uma espécie de sepultura saudável.
A tolerância é a filha da dúvida.
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho, eu quero é ter tentação no caminho, pois o homem é o exercício que faz.
Os investimentos em conhecimento geram os melhores dividendos.
É isto o que significa aprender. De repente percebes algo que já tinhas percebido toda a tua vida, mas numa nova forma.
Há bocas sorridentes que gritam para dentro da alma o uivo dos chacais nos matagais desertos.
A amizade é um navio suficientemente grande para levar duas pessoas com tempo bom, mas apenas uma com tempo mau.
Um homem tem sempre duas razões para as coisas que ele faz: a boa e a real.
Males de Anto
A Ares n’uma aldeia
Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lá! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes não ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ás vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Camões!
Sei de cór e salteado as minhas afflicções:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pés n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, á noite, só, bebia a noite ás taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mãos… Perdoae-me,
Aldeões! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.Mas, atravez da minha dor,