Passagens sobre Profundos

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Frases sobre profundos, poemas sobre profundos e outras passagens sobre profundos para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Está tudo quanto olho
Na escuridão mais intensa,
Faltou de teus olhos lindos
A luz profunda e imensa…

Maldade

Tu podes ser igual a todo o mundo
teres defeitos mais que toda a gente,
– que importa ? se este amor cego e profundo
teima em dizer que te acha diferente!

Para mim (eu que te amo como um louco)
os que falam de ti são línguas más,
– ah! todo o amor que te dedico é pouco
e é sempre pouco o amor que tu me dás!

Sou a sombra que segue os teus desejos
e aos teus pés, numa oferta extraordinária
a minha alma vendeu-se por teus beijos…

Falam de ti… Escuto-os… Fico mudo…
Quanta maldade cruel, desnecessária
se eu já sei quem tu és… se eu sei de tudo!

Me dá um grande e profundo conforto que as coisas vistas são temporais e coisas não vistas são eternas.

Só se acha perfeito quem nunca se arriscou a sair da superfície. Temos a possibilidade de ficar na superfície ou de entrar em camadas mais profundas da nossa mente. É uma escolha fascinante.

Quem escreve no mundo é como quem semeia no solo profundo… A inteligência brilha sempre cheia de passibilidades infinitas.

O Amor de Si Próprio

[Ferido por uma crítica adversa, um poeta busca consolo para a mágoa relendo seus próprios versos.] Desgosto (…), mas desgosto curto. Ele irá dali remirar-se nos próprios livros. A justiça que um atrevido lhe negou, não lhe negarão as páginas dele. Oh! a mãe que gerou o filho, que o amamenta e acalenta, que põe nessa frágil criaturinha o mais puro de todos os amores, essa mãe é Medeia, se a compararmos àquele engenho, que se consola da injúria, relendo-se; porque se o amor de mãe é a mais elevada forma de altruísmo, o dele é a mais profunda forma de egoísmo, e só há uma coisa mais forte que o amor materno, é o amor de si próprio.

As Vantagens de se Ser um Pobre-Diabo

Para aquele que não é nobre, mas dotado de algum talento, ser um pobre-diabo é uma verdadeira vantagem e uma recomendação. Pois o que cada um mais procura e aprecia, não apenas na simples conversação, mas sobretudo no serviço público, é a inferioridade do outro. Ora, só um pobre-diabo está convencido e compenetrado em grau suficiente da sua completa, profunda, decisiva, total inferioridade e da sua plena insignificância e ausência de valor, tal como exige o caso. Apenas ele, portanto, inclina-se amiúde e por bastante tempo, e apenas a sua reverência atinge plenos noventa graus; apenas ele suporta tudo e ainda sorri; apenas ele conhece como obras-primas, em público, em voz alta ou em grandes caracteres, as inépcias literárias dos seus superiores ou dos homens influentes em geral; apenas ele sabe como mendigar; por conseguinte, apenas ele se pode tornar um iniciado, a tempo, portanto, na juventude, naquela verdade oculta que Goethe nos revelou nos seguintes termos:

Sobre a baixeza

Que ninguém se lamente:

Pois ela é a potência,

Não importa o que te digam.
Em contrapartida, quem já nasceu com uma fortuna que lhe garanta a existência irá posicionar-se, na maioria das vezes,

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O Homem que Lê

Eu lia há muito. Desde que esta tarde
com o seu ruído de chuva chegou às janelas.
Abstraí-me do vento lá fora:
o meu livro era difícil.
Olhei as suas páginas como rostos
que se ensombram pela profunda reflexão
e em redor da minha leitura parava o tempo. —
De repente sobre as páginas lançou-se uma luz
e em vez da tímida confusão de palavras
estava: tarde, tarde… em todas elas.
Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já
as longas linhas, e as palavras rolam
dos seus fios, para onde elas querem.
Então sei: sobre os jardins
transbordantes, radiantes, abriram-se os céus;
o sol deve ter surgido de novo. —
E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança:
o que está disperso ordena-se em poucos grupos,
obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas
e estranhamente longe, como se significasse algo mais,
ouve-se o pouco que ainda acontece.

E quando agora levantar os olhos deste livro,
nada será estranho, tudo grande.
Aí fora existe o que vivo dentro de mim
e aqui e mais além nada tem fronteiras;

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A Necessidade da Filosofia

A filosofia não brota por ser útil, mas tão-pouco pela acção irracional de um desejo veemente. É constitutivamente necessária ao intelectual. Porquê? A sua nota radical era buscar o todo como um tal todo, capturar o Universo, caçar o Unicórnio. Mas porquê esse profundo anseio? Por que não nos contentamos com o que, sem filosofar, achamos no mundo, com o que já é e aí está patente diante de nós? Por esta simples razão: tudo o que é e está aí, quanto nos é dado, presente, patente, é por sua essência um mero bocado, pedaço, fragmento, coto. E não podemos vê-lo sem prever e verificar que está a menos a porção que falta. Em todo o ser que é dado, em todo o dado do mundo encontramos a sua essencial linha de fractura, o seu carácter de parte e só parte – vemos a ferida da sua mutilação ontológica, grita-nos a sua dor de amputado, a sua nostalgia do bocado que lhe falta para ser completo, o seu divino descontentamento. Há doze anos, quando eu falava em Buenos Aires, definia o descontentamento «como um amar sem amado e uma como dor que sentimos em membros que não temos». É o achar de menos o que não somos,

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Acreditar na Mudança

Se elevar os seus padrões, mas não acreditar realmente que os pode cumprir, já se terá sabotado. Nem sequer vai tentar. Faltar-lhe-á aquela sensação de certeza que lhe permite tirar proveito da capacidade mais profunda que reside dentro de si enquanto lê isto. As nossas crenças são como ordens não questionadas, dizendo-nos como as coisas são, o que é possível e impossível, o que podemos e o que não podemos fazer. Dão forma a todas as nossas ações, pensamentos e sentimentos. Como resultado, mudar os nossos sistemas de crenças é fundamental para fazer qualquer mudança real e duradoura nas nossas vidas. Temos de desenvolver uma certeza de que podemos e iremos cumprir os novos padrões antes de o fazermos realmente.

Sem assumir o controlo dos seus sistemas de crenças, pode elevar os seus padrões tanto quanto lhe apetecer, mas nunca terá convicção para os defender. O que acha que Gandhi teria conseguido se não tivesse acreditado profundamente no poder da oposição pacífica? Foi a congruência das suas crenças que lhe deu acesso aos seus recursos interiores e lhe permitiu enfrentar os desafios que teriam derrubado um homem menos dedicado. As crenças fortalecedoras – esta noção de certeza –

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A Cólera dos Bondosos e a Cólera das Almas Fracas

Podemos distinguir duas espécies de cólera: uma que é muito súbita e se manifesta muito no exterior, mas mesmo assim tem pouco efeito e pode facilmente ser apaziguada; e outra que inicialmente não aparece tanto, porém corrói mais o coração e tem efeitos mais perigosos. Os que têm muita bondade e muito amor são mais sujeitos à primeira. Pois ela não provém de um ódio profundo, e sim de uma súbita aversão que os surpreende, porque, sendo levados a imaginar que as coisas devem desenrolar-se da forma como julgam ser a melhor, tão logo acontece de forma diferente; eles ficam admirados e frequentemente se ofendem com isso, mesmo que a coisa não os atinja pessoalmente, porque, tendo muita afeição, interessam-se por aqueles a quem amam, da mesma forma que por si mesmos. Assim, o que para outra pessoa seria apenas motivo de indignação é para eles um motivo de cólera. E como a inclinação que têm para amar faz que tenham muito calor e muito sangue no coração, a aversão que os surpreende não pode impelir para este tão pouca bile que isso não cause inicialmente uma grande emoção no sangue. Mas tal emoção pouco dura, porque a força da surpresa não se prolonga e porque,

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O Espírito em Transe

O prazer profundo, inefável, que é andar por estes campos desertos e varridos pela ventania, subir uma encosta difícil e olhar lá de cima a paisagem negra, escalvada, despir a camisa para sentir directamente na pele a agitação furiosa do ar, e depois compreender que não se pode fazer mais nada, as ervas secas, rente ao chão, estremecem, as nuvens roçam por um instante os cumes dos montes e afastam-se em direcção ao mar, e o espírito entra numa espécie de transe, cresce, dilata-se, não tarda que estale de felicidade.

LV

Em profundo silêncio já descansa
Todo o mortal; e a minha triste idéia
Se estende, se dilata, se recreia
Pelo espaçoso campo da lembrança.

Fatiga-se, prossegue, em vão se cansa;
E neste vário giro, em que se enleia,
Ao duvidoso passo já receia,
Que lhe possa faltar a segurança.

Que diferente tudo está notando!
Que perplexo as imagens do perdido
Num e noutro despojo vem achando!

Este não é o templo (eu o duvido)
Assim o afirma, assim o está mostrando:
Ou morreu Nise, ou este não é Fido.

O amor que sente no seu coração, na sua essência, é suficientemente real. Esse amor é o seu verdadeiro Eu e não se trata de uma fantasia nem de um ideal. Essa convicção profunda servirá de base para a relação afetuosa que deseja quando chegar a altura. Não precisa de transformar esta relação em algo grandioso. Respeite os desejos do seu coração e deixe que o amor floresça a seu tempo.

Ame profunda e passionalmente. Você pode se machucar, mas é a única forma de viver o amor completamente.

A Morte que Trazemos no Coração

É no coração que morremos. É aí que a morte habita.

Nem sempre nos damos conta que a carregamos connosco, mas, desde que somos vida, ela segue-nos de perto. Enquanto não somos tomados pela nossa, vamos assistindo e sentindo, em ritmo crescente ao longo da vida, às mortes de quem nos é querido. A morte de um amigo é como uma amputação: perdemos uma parte de nós; uma fonte de amor; alguém que dava sentido à nossa existência… porque despertava o amor em nós.

Mas não há sabedoria alguma, cultura ou religião, que não parta do princípio de que a realidade é composta por dois mundos: um, a que temos acesso direto e, outro, que não passa pelos sentidos, a ele se chega através do coração. Contudo, o visível e o invisível misturam-se de forma misteriosa, ao ponto de se confundirem e, como alguns chegam a compreender, não serem já dois mundos, mas um só.
Só as pessoas que amamos morrem. Só a sua morte é absoluta separação. Os estranhos, com vidas com as quais não nos cruzamos, não morrem, porque, para nós, de facto, não chegam sequer a ser.

Só as pessoas que amamos não morrem.

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Há um certo reconhecimento profundo que não nos desobriga de favores recebidos, mas que faz até que os nossos amigos nos devam quando lhes pagamos o que lhes devemos.

Carta

(digo dos que se ditam:
a minha defesa
são os vossos punhais)

Quando me disseram «não se vem à vida para sonhar» passei a odiar-vos. Para vos matar escolhi materiais inacessíveis ao meu ódio. Em mim fizestes despertar a irreparável urgência de ferir.

Descobri a vossa intenção: decepar as minhas raízes mais profundas, obrigar-me à cerimónia das palavras mortas. Preferi reiniciar-me: na solidão me apaguei. Estava só para me encher de gente, para me povoar de ternura. Eu queria simplesmente olhar de frente a verdade das pequenas coisas: esta água vem de onde, quem teceu este linho, que mãos fizeram este pão?

Desloquei-me para tudo ver de um outro lado: levei o meu olhar, o desejo de um princípio infinitamente retomado. Ganhei sonoridade nas vozes que me habitavam silenciosamente. Entre mar e terra eu preferia ser espuma, ter raiz e poente entre oceano e continente.

O tempo, por vezes, morria de o não semear. Terras que golpeava com ternura eram feridas que em mim se abriam para me curar. Eram terras suspeitas, acusadas de futuro. Outras vezes eram mãos de um corpo que ainda me não nascera. Surgiam da obscuridade para afastar a água e nela me deixar tombar.

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