Não te retraias em sentimento algum e em circunstância alguma.
Passagens sobre Circunstâncias
248 resultadosO Paradoxo da Sabedoria
São muito raros no género humano os homens verdadeiramente sábios; o concurso de condições e circunstâncias especiais necessário para que os haja, ocorre com tanta dificuldade que não deve admirar a sua raridade: demais a sua aparição pouco ou nada aproveita aos outros homens que os desprezam, perseguem ou motejam, incapazes de compreendê-los, e os obrigam finalmente ao silêncio, retiro e reclusão.
(…) Não esperem os homens por, maior que seja o progresso da sua inteligência, chegar a conhecer as verdades capitais e primitivas sobre a essência e natureza das coisas: mudarão de erros, fábulas, hipóteses e teorias, mas nunca poderão alcançar conhecimentos que hajam de mudar a natureza humana, e fazer os homens diversos do que farão e do que são.
O mundo varia aos olhos e nas opiniões dos homens, conforme as idades e condições da vida.
O heroísmo pode salvar um povo em circunstâncias difíceis; mas é apenas a acumulação diária de pequenas virtudes que determina a sua grandeza.
Verdade é que o homem sensato não evita o prazer, e quando finalmente as circunstâncias o obrigam a deixar a vida, ele não se comporta como se esta ainda lhe devesse algo para a suprema existência.
Não Mostrar Satisfação Consigo Mesmo
Viva, nem descontente, que é pouquidade, nem satisfeito consigo mesmo, que é nescidade. Nasce essa satisfação no mais das vezes da ignorância, e vai ter uma felicidade néscia que, embora satisfaça o gosto, não sustenta o crédito. Como não percebe as superlativas perfeições nos outros, contenta-se com qualquer vulgar mediocridade em si. Sempre foi útil, além de prudente, a desconfiança, ou como prevenção para que as coisas saiam bem, ou para consolo quando saiam mal; pois o desaire da sorte não surpreende quem já o temia. O próprio Homero às vezes dormita, e Alexandre cai do seu estado e do seu engano. As coisas dependem de muitas circunstâncias, e a que triunfa num lugar e em tal ocasião, em outra malogra. Mas a incorrigibilidade do néscio está em ter convertido em flor a mais vã satisfação, cuja semente está sempre a brotar.
Em novas circunstâncias, dão-se asas a novos sonhos, iniciam-se novas experiências, surgem novos fatos, que proporcionam novas felicidades e novas culturas.
Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim.
Da Existência de Deus
Os argumentos relativos ao problema da existência de Deus têm sido viciados, quando positivos, pela circunstância de frequentemente se querer demonstrar, não a simples existência de Deus, senão a existência de determinado Deus, isto é, dum Deus com determinados atributos. Demonstrar que o universo é efeito de uma causa é uma coisa; demonstrar que o universo é efeito de uma causa inteligente é outra coisa; demonstrar que o universo é efeito de uma causa inteligente e infinita é outra coisa ainda; demonstrar que o universo é efeito de uma causa inteligente, infinita e benévola outra coisa mais. Importa, pois, ao discutirmos o problema da existência de Deus, nos esclareçamos primeiro a nós mesmos sobre, primeiro, o que entendemos por Deus; segundo, até onde é possível uma demonstração.
O conceito de Deus, reduzido à sua abstração definidora, é o conceito de um criador inteligente do mundo. O ser interior ou exterior a esse mundo, o ser infinitamente inteligente ou não — são conceitos atributários. Com maior força o são os conceitos de bondade, e outros assim, que, como já notamos têm andado misturados com os fundamentais na discussão deste problema.
Demonstrar a existência de Deus é, pois, demonstrar, (1) que o universo aparente tem uma causa que não está nesse universo aparente como aparente (2) que essa causa é inteligente,
A Glória e a Consciência
Preparamo-nos para as circunstâncias eminentes mais por glória do que por consciência. A maneira mais curta de alcançar a glória seria fazer por consciência o que fazemos pela glória. E a virtude de Alexandre parece-me apresentar muito menos vigor no seu espectáculo do que o faz a de Sócrates naquela actuação banal e obscura. Facilmente imagino Sócrates no lugar de Alexandre; Alexandre no lugar de Sócrates, não consigo. Se alguém perguntar àquele o que sabe fazer, ele responderá «subjugar o mundo»; a quem perguntar a este, ele dirá «conduzir a vida humana em conformidade com a sua condição natural» – ciência bem mais geral, mais difícil e mais legítima. O mérito da alma não consiste em ir alto, e sim ordenadamente.
Todas as Nossas Paixões se Justificam a Si Próprias
Existem duas ocasiões distintas em que examinamos a nossa própria conduta e buscamos vê-la sob a luz em que o espectador imparcial a veria: primeiro, quando estamos prestes a agir; e, segundo, depois que agimos. Em ambos os casos os nossos juízos tendem a ser bastante parciais, mas eles tendem a tornar-se ainda mais parciais quando seria da maior importância que não fossem. Quando estamos prestes a agir, a veemência da paixão raramente nos permitirá considerá-la com a isenção de uma pessoa neutra. As violentas emoções que nesse momento nos agitam distorcem os nossos juízos sobre as coisas, mesmo quando buscamos colocar-nos na situação de outra pessoa. (…) Por essa razão, como diz Malebranche, todas as nossas paixões se justificam a si próprias, e parecem razoáveis e proporcionais aos seus objectos enquanto nós estivermos a senti-las. (… ) A opinião que cultivamos do nosso próprio carácter depende inteiramente dos nossos juízos acerca da nossa conduta passada. Mas é tão desagradável pensarmos mal de nós mesmos que amiúde afastamos propositadamente o nosso olhar das circunstâncias que poderiam tornar o julgamento desfavorável. (…) Esse auto-engano, essa fraqueza fatal dos homens, é a fonte de metade das desordens da vida humana. Se pudéssemos ver-nos como os outros nos vêem,
É muito difícil, e em certas circunstâncias quase impossível, sustentar na vida pública o crédito e conceito que merecemos na vida privada.
Todo o Mal Provém não da Privação mas do Supérfluo
Ser feliz é, afinal, não esperar muito da felicidade, ser feliz é ser simples, desambicioso, é saber dosear as aspirações até àquela medida que põe o que se deseja ao nosso alcance. Pegando de novo em Tolstoi, que vem sendo em mim um padrão tutelar, lembremos de novo um dos seus heróis, o príncipe Pedro Bezoukhov (do romance ‘Guerra e Paz’). As circunstâncias fizeram-no conviver no cativeiro com um símbolo da sabedoria popular, um tal Karataiev. Pois esse companheirismo desinteressado e genuíno, esse encontro com a vida crua mas desmistificadora, não só modificaram o príncipe Pedro como lhe revelaram o que ele precisava de saber para atingir o que nós, pobres humanos, debalde perseguimos: a coerência, a pacificação interior, que são correctivos da desventura.
Tolstoi salienta-nos que Pedro, após essa vivência, apreendera, não pela razão mas por todo o seu ser, que o homem nasceu para a felicidade e que todo o mal provém não da privação mas do supérfluo, e que, enfim, não há grandeza onde não haja verdade e desapego pelo efémero. Isto, aliás, nos é repetido por outra figura de Tolstoi, a princesa Maria, ao acautelar-nos com esta síntese desoladora: «Todos lutam, sofrem e se angustiam,
Utopia
Uma utopia é mais ou menos o equivalente de uma possibilidade; o facto de uma possibilidade não ser uma realidade significa apenas que as circunstâncias com as quais a primeira está articulada num determinado momento a impedem de ser a segunda, porque de outra forma ela mais não seria do que uma impossibilidade. Se essa possibilidade for liberta das suas dependências e puder desenvolver-se, nasce a utopia. É um processo semelhante àquele que se verifica quando um investigador observa a transformação de um elemento num composto para daí tirar as suas conclusões. A utopia é a experiência na qual se observam a possibilidade de transformação de um elemento e os efeitos que ela provocaria naquele fenómeno composto a que chamamos vida.
Necessitamos de luz para os atos cotidianos, mas a dispensamos em circunstâncias especiais.
O homem tem de poder escolher a vida em todas as circunstâncias.
A felicidade é qualquer coisa que depende mais de nós mesmos, do que das circunstâncias e das eventualidades da vida.
O homem de génio é produzido por um conjunto complexo de circunstâncias, começando pelas hereditárias, passando pelas do ambiente, e acabando em episódios mínimos da sorte.
Pouco vale a crítica que acredita só poder julgar uma obra de arte conhecendo as circunstâncias em que ela nasceu.
Escutar o Nosso Corpo
O equilíbrio é a base da saúde. Embora seja indiscutível que uma dieta rica em vitaminas, o exercício físico e a meditação são essenciais para uma vida saudável, não existe uma fórmula universal que se aplique a todos os casos. Precisamos de prestar atenção ao corpo, à mente e ao coração singulares que existem em cada um de nós para descobrirmos as nossas necessidades específicas. A verdadeira saúde cresce connosco e transforma-se ao longo do tempo. Manter o estado natural de equilíbrio físico e emocional é fundamental para atingirmos um nível de consciência superior.
Escutar o nosso corpo é o primeiro passo para alcançarmos a saúde integral e identificar o nosso biótipo e tendências emocionais – os doshas – é um excelente começo. A partir do momento em que nos consciencializamos das nossas necessidades físicas podemos adequar dietas e programas de exercício à nossa medida. A verdadeira saúde não se exprime através de uma definição genéiica mas sim de um equilíbrio distinto de predisposições genéticas, comportamentos adquiridos, idade e perceções.Subestimamos com alguma frequência a importância de uma boa noite de sono. As distrações induzidas pelo ego -listas de tarefas pendentes, problemas financeiros, crises familiares e medos –
Entender os Nossos Impulsos
O domínio de si próprio, embora eu não negue de forma alguma a sua necessidade em muitas circunstâncias, não é a melhor forma de conseguir que um ser humano se conduza bem. Tem o inconveniente de diminuir a energia e as faculdades criadoras. É como uma pesada armadura que ao mesmo tempo que impede o vosso braço de bater nos vossos vizinhos, o torna igualmente incapaz de um movimento útil. Os que não têm outro apoio além da disciplina que se impõem a si próprios, tornam-se obstinados e timoratos com receio de si próprios.
Mas os impulsos aos quais eles não permitem qualquer saída, continuam a existir neles a tal como os rios represados, cedo ou tarde transbordarão. As forças a que nós contrariamos a função natural que é o desabrochar da nossa própria vida, ou se atrofiam ou acabam por ter uma saída perturbando a vida de outrem. Elas procurarão qualquer saída do género das que não representam nenhum perigo para nós, por exemplo, a tirania doméstica. Se essa saída não for suficiente, há outras que o podem ser. Há sempre condenados e párias a quem a sociedade permite torturar e isso não comporta nenhum risco.
Esses párias,