Passagens sobre Obras

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Frases sobre obras, poemas sobre obras e outras passagens sobre obras para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

É obra de arte tudo aquilo que produz uma emoção de prazer independentemente de satisfação, utilidade ou verdade.

A Mentira é a Base da Civilização Moderna

É na faculdade de mentir, que caracteriza a maior parte dos homens actuais, que se baseia a civilização moderna. Ela firma-se, como tão claramente demonstrou Nordau, na mentira religiosa, na mentira política, na mentira económica, na mentira matrimonial, etc… A mentira formou este ser, único em todo o Universo: o homem antipático.
Actualmente, a mentira chama-se utilitarismo, ordem social, senso prático; disfarçou-se nestes nomes, julgando assim passar incógnita. A máscara deu-lhe prestígio, tornando-a misteriosa, e portanto, respeitada. De forma que a mentira, como ordem social, pode praticar impunemente, todos os assassinatos; como utilitarismo, todos os roubos; como senso prático, todas as tolices e loucuras.
A mentira reina sobre o mundo! Quase todos os homens são súbditos desta omnipotente Majestade. Derrubá-la do trono; arrancar-lhe das mãos o ceptro ensaguentado, é a obra bendita que o Povo, virgem de corpo e alma, vai realizando dia a dia, sob a direcção dos grandes mestres de obras, que se chamam Jesus, Buda, Pascal, Spartacus, Voltaire, Rousseau, Hugo, Zola, Tolstoi, Reclus, Bakounine, etc. etc. …
E os operários que têm trabalhado na obra da Justiça e do Bem, foram os párias da Índia, os escravos de Roma, os miseráveis do bairro de Santo António,

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Cântico ao Amor

Somos na obra do Mundo
um corpo em carne e desejo
que alimenta de alquimia
o tumulto do vento
que o tempo do teu corpo espalha
ao passar.

És mar,
és rainha
és o sol da tarde confidente
és acácia perfumada
companheira coroada
voz de inquietação
és insónia de seda
nas paredes do meu corpo.
Sulcas a lembrança
batalhas a meu lado
vives comigo às escondidas
mesmo no dia
do meu suicídio.

Recordas-me a tarde
nos Champs Elysées
mas também em Roma, Veneza ou Madrid
minha companheira coroada
minha acácia perfumada
trazes a tarde incendiada trazes
a tarde no teu olhar
lembras a praia
onde nas ondas mergulhámos,
vem contigo a madrugada
beijada de carícias,
meus olhos não se cansam
são fruto do teu reino
oh sempre bela
oh sempre rainha,
tua palavra determinante
tuas mãos determinadas
tua alma vibrante
tua boca de eternidade
minha acácia perfumada
minha coluna rainha
falas comigo baixinho
dás-me tua vontade em surdina.

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Leio romances desde que perceba que não estão a responder. Alguns são extraordinárias máquinas interrogativas: “Ulisses”, “Filhos e Amantes”, “O Doutor Fausto”, “O Processo”, “A Morte de Virgílio”,”O Som e a Fúria”,”Debaixo do Vulcão”, “A Obra ao Negro”, “Lolita”…

Não desanime em razão da crítica. Se a censura é serviço cabível a qualquer um, a realização elevada é obra de poucos.

O Intelectual e o Meio

Ser intelectual e fazer parte dos intelectuais são duas coisas que simultaneamente se identificam e opõem. Há um determinismo de colectividade; assim, os gafanhotos isolados são insectos amáveis, cada um devotado aos seus pequenos assuntos, tendo cada um o seu comportamento. Mas a partir de uma certa densidade, de resto demasiado fraca, tornam-se uma turba onde as individualidades desaparecem, perdem a sua cor esverdeada em troca de um uniforme e padronizado amarelo-acizentado, adquirem um comportamento estereotipado e transformam-se em impiedosos devoradores, destruindo tudo o que for obstáculo ao seu frenesim. Da mesma forma, os intelectuais são, isoladamente, simpáticos indivíduos, cada um dedicado à sua obra, mas a sua reunião em sociedade faz deles monstros.

A Ilusão da Consistência da Obra do Escritor

O homem não é permanentemente igual a si mesmo. A velha concepção dos carácteres rectilíneos e das mentalidades cristalizadas em sistemas imutáveis abriu falência. Tudo muda, no espaço e no tempo. Para um organismo vivo, existir – mesmo no ponto de vista somático – é transformar-se. Quando começamos cedo e envelhecemos na actividade das letras, não há um nós apenas um escritor; há, ou houve, escritores sucessivos, múltiplos e diversos, representando estados de evolução da mesma mentalidade incessantemente renovada. Ao chegar a altura da vida em que a estabilização se opera, olhamos para trás, e muitas das nossas próprias obras parecem-nos escritas por um estranho, tão longe se encontram já, não apenas dos nossos processos literários, mas do nosso espírito, das nossas tendências, da nossa orientação, dos nossos pontos de vista éticos e estéticos.
Nesse exame retrospectivo, por vezes doloroso, se de algumas coisas temos de louvar-nos – obras a que a nossa mocidade comunicou a chama viva do entusiasmo e da paixão -, de outras somos forçados a reconhecer a pobreza da concepção, os vícios da linguagem, as carências da técnica, e tantas vezes (poenitet me!) as audácias, as incoerências, as injustiças, as demasias, a licença de certas pinturas de costumes e o erro de certas atitudes morais.

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Toda beleza é imperfeitamente bela. Jamais deveria haver um padrão, pois toda beleza é exclusiva como um quadro de pintura, uma obra de arte

A Única Qualidade Específica do Homem

Esforça-te por que não te suceda o mesmo que a mim: começar os estudos na velhice. E esforça-te tanto mais quanto enveredaste por um estudo que dificilmente chegarás a dominar mesmo na velhice. «Até que ponto poderei progredir?» – perguntas-me. Até ao ponto onde chegarem os teus esforços. De que estás à espera? O saber não se obtém por obra do acaso. O dinheiro pode cair-te em sorte, as honras serem-te oferecidas, os favores e os altos cargos poderão talvez acumular-se sobre ti: a virtude, essa, não virá ter contigo! Não é sem custo, sem grandes esforços, que chegamos a conhecê-la; mas vale bem a pena o esforço, porquanto de uma só vez se obtêm todos os bens possíveis. De facto, o único bem é aquele que é conforme à moral; nos valores aceites pela opinião comum não encontrarás a mínima parcela de verdade ou de certeza.
(…) Cada coisa é avaliada por uma qualidade específica. O valor da videira está na sua produtividade, o do vinho no seu sabor, o do veado na sua rapidez; o que nos interessa nas bestas de carga é a sua força, pois elas apenas servem para isso mesmo: transportar carga. Num cão a primeira qualidade é o faro,

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Este é o Verdadeiro Amor de que Tanto se Fala

Estranho e inexplicável sentimento este! Que quando sinto transbordar-me do coração toda esta imensa ventura, acomete-me então um terror grande – parece-me que é impossível ser tão feliz – que o Mundo não comporta esta ventura celeste, e que chegado ao ápice de todas as felicidades já será forçoso declinar. (…) Sucede-te isto também a ti, esposa querida do meu coração? Conheces tu também este tormento, anjo divino?
Ai, Rosa, minha doce Rosa, este que nós sentimos, este é o verdadeiro amor de que tanto se fala, e tão pouco se sabe o que é. São regiões pouco conhecidas em que a cada passo se encontram belezas nunca sonhadas, terrores inexplicáveis, felicidades sem par e tristezas que não têm nome.

(…) Oh! Como se riria de mim quem lesse esta carta, Rosa! – De mim que eles julgam um incrédulo, um céptico, e cujas palavras sarcásticas no Mundo não significam senão a mais perfeita indiferença por tudo! Há dois homens em mim, vida desta alma; um é o que vêem todos, o que fez a experiência, a sociedade e o conhecimento de suas misérias e nulidades – o outro é o que tu fizeste, é a criação do teu amor,

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A Inspiração da Leitura

Fala-se às vezes de ‘inspiração’ a propósito de quem escreve uma obra. Mas nunca se diz isso de quem a lê. Mas lê-la é escrevê-la outra vez. E é preciso estar-se inspirado para o conseguir bem. A inspiração possível de quem escreve um livro cumpre-se nele sem mais para o autor. Mas a de quem o reescreve, ou seja lê, é sempre variável. Ela varia não só com o desgaste da repetição da leitura, mas ainda com a variação dessa variação e o motivo dela. Porque por arranjos incognoscíveis pode alternar a adesão com a repulsa e recuperar depois em adesão o que repelira e o contrário. Como pode tudo ter que ver com razões mais cognoscíveis ou razoáveis e tudo depender assim de um insulto que nos doeu ou de um vinho que nos caiu mal. Um livro que se escreveu é imutável. O mesmo livro que se lê não o é. A inspiração de quem escreveu deu o que tinha a dar. A de quem o recebe varia e não se esgota. Porque se se esgotar, o livro não tinha nenhuma.

Se eu a formulasse, a minha definição de obra de arte seria: ‘Uma obra de arte é um ângulo da criação vista através de um temperamento’.