Boa amizade, segundo parentesco.
Passagens sobre Amizade
554 resultadosEm cada caso, minha sensualidade, para só falar dela, era tão real que, mesmo por uma aventura de dez minutos, eu renegaria pai e mãe, mesmo que se tivesse de lamentá-lo amargamente. Que digo eu! Sobretudo por uma aventura de dez minutos, e mais ainda, se eu tivesse a certeza de que ela não teria futuro. Eu tinha princípios, é claro; por exemplo: a mulher dos amigos era sagrada. Simplesmente, eu deixava, com toda sinceridade, alguns dias antes, de ter amizade pelos maridos.
Ao Lado do Ofício de Mandar Deve Andar o de Sugerir
Ninguém pode mandar só, se houver de mandar como convém. Ao lado do ofício de mandar, deve andar sempre o ofício de sugerir, ou como companheiro, ou como instrumento inseparável. A obrigação e exercício deste segundo e tão importante ofício, é o que significa a mesma palavra sugerir; que vem a ser, lembrar, advertir, inspirar, aconselhar, conferir, persuadir, despertar, instar. Os talentos que para o mesmo ofício se requerem, são maiores e mais relevantes: grande entendimento, grande compreensão, grande juízo, grande conselho, grande zelo, grande fidelidade, grande vigilância, grande cuidado, grande valor. As disposições e os meios com que se exercita, ainda são de mais altas e mais interiores prerrogativas: suma comunicação, suma confiança, íntima amizade, íntima familiaridade, íntimo amor; e não só perfeita união, senão ainda unidade. De sorte que os dous sujeitos em que concorrerem estes dous ofícios, de tal maneira hão-de ser dous, que verdadeiramente sejam um: de tal maneira hão-de ser diversos, que verdadeiramente sejam o mesmo. Há-se de multiplicar neles o número, mas não se há-de dividir a unidade.
O verdadeiro matrimónio é uma mistura particular de amor, amizade, consideração e sensualidade.
A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas.
Minha amizade com Paulinha é profunda porque eu sempre a vi grande
O pior deserto é viver sem amigos. A amizade multiplica as coisas boas e divide as más.
As mulheres fazem habitualmente da confiança a primeira necessidade da amizade.
Um cumprimento gentil e delicado muitas vezes cria amizade, apaga a inimizade
A Hipocrisia do Amor-Próprio
A natureza do amor-próprio e deste eu humano é de só se amar a si e de só se considerar a si. Mas que há-de fazer? Não saberia impedir que este objecto que ama esteja cheio de defeitos e de misérias: quer ser grande e vê-se pequeno; quer ser feliz e vê-se miserável; quer ser perfeito – vê-se cheio de imperfeições; quer ser objecto do amor e da estima dos homens e vê que os seus defeitos só merecem a sua aversão e o seu desprezo. Este embaraço em que se encontra produz nele a mais injusta e a mais criminosa paixão que é possível imaginar; porque concebe um ódio mortal contra esta verdade que o repreende, e que o convence dos seus defeitos. Ele desejaria aniquilá-la, e não a podendo destruir em si mesma, destrói-a, tanto quanto pode, no seu conhecimento e no dos outros, isto é, põe todos os cuidados em encobrir os seus defeitos, aos outros e a si mesmo, e não suporta que lhos façam ver, nem que lhos vejam.
É sem dúvida um mal estar cheio de defeitos; mas é ainda um mal muito maior estar cheio e não os querer reconhecer, visto que é acrescentar-lhe ainda o de uma ilusão voluntária.
A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades.
A amizade nasce no momento em que uma pessoa diz para a outra ‘O que? Você também! Pensei que eu era o único.
O ser humano tem até de experimentar o amor, para que compreenda bem o que é a amizade.
O «tête-à-tête» da verdadeira amizade só existe entre um homem e uma mulher. A mulher é o amigo natural do homem. Dois homens raramente se estimam verdadeiramente.
Um amigo durante a vida é muito; dois é demais; três quase impossível. A amizade exige um certo paralelismo de vida, uma comunhão de ideias, uma rivalidade de objectivos.
O que mais impede de ter um bom amigo é o empenho em ter muitos. A amizade quer ser antiga.
Afinidade constitui amizade, mas no amor existe uma certa animosidade, ou paixão resistente. Cada um aspira em ser o outro, e ambos juntos formam um novo todo.
Por mais que a amizade, o amor e o casamento unam as pessoas, no fim, cada um é «inteiramente sincero» apenas consigo mesmo e, quando muito, com o próprio filho.
Um dos principais deveres do homem é cultivar a amizade dos livros.
Ode à Amizade
Se depois do infortúnio de nascermos
Escravos da Doença e dos Pesares
Alvos de Invejas, alvos de Calúnias
Mostrando-nos a campa
A cada passo aberta o Mar e a Terra;
Um raio despedido, fuzilando
Terror e morte, no rasgar das nuvens
O tenebroso seio
A Divina Amizade não viera
Com piedosa mão limpar o pranto,
Embotar com dulcíssono conforto
As lanças da Amargura;
O Sábio espedaçara os nós da vida
Mal que a Razão no espelho da Experiência
Lhe apontasse apinhados inimigos
C’o as cruas mãos armadas;
Terna Amizade, em teu altar tranquilo
Ponho — por que hoje, e sempre arda perene
O vago coração, ludíbrio e jogo
Do zombador Tirano.
Amor me deu a vida: a vida enjeito,
Se a Amizade a não doura, a não afaga;
Se com mais fortes nós, que a Natureza,
Lhe não ata os instantes.
Que só ditosos são na aberta liça
Dois mortais, que nos braços da Amizade,
Estreitos se unem, bebem de teu seio
Nectárea valentia.
Tu cerceias o mal, o bem dilatas,
E as almas que cultivas cuidadosa,