Gosto das Belas Coisas Claras e Simples
Para quĂȘ alcançar os astros?! Para quĂȘ?! Para os desfolhar, por exemplo, como grandes flores de luz! VĂȘ-los, vĂȘ-os toda a gente. De que serve entĂŁo ser poeta se se Ă© igual Ă outra gente toda, ao rebanho?… Eu nĂŁo peço Ă Vida nada que ela me nĂŁo tivesse prometido, e detesto-a e desdenho-a porque nĂŁo soube cumprir nem uma das suas promessas em que, ingenuamente, acreditei, porque me mentiu, porque me traiu sempre. Mas nĂŁo choro, nĂŁo, como os portugueses chorĂ”es, nĂŁo tenho nada de JereÂmias, pareço-me antes com Job, revoltado, gritando imprecaÂçÔes no seu monte de estrume. NĂŁo gosto de lĂĄgrimas, de fados nem de guitarras, gosto das belas coisas claras e simÂples, das grandes ternuras perfeitas, das doces compreensĂ”es silenciosas, gosto de tudo, enfim, onde encontro um pouco de Beleza e de Verdade, de tudo menos do bĂpede humano, em geral, Ă© claro, porque hĂĄ ainda no mundo, graças a Deus, almas-astros onde eu gosto de me reflectir, almas de sinceriÂdade e de pureza sobre as quais adoro debruçar a minha.