Que significado têm hoje as conclusões de ontem? Têm o mesmo significado do que ontem, são verdadeiras, só que o sangue escorre pelas fendas das grandes pedras da lei.
Interrogativas
1573 resultadosPara que nós vivemos a não ser para tornarmos a vida menos difícil para os outros?
Donde esta confiança súbita? Se ao menos ela ficasse! Se eu pudesse entrar e sair em cada porta assim, uma pessoa razoavelmente erecta. Só que não sei se quero.
Para quê preocuparmo-nos com a morte? A vida tem tantos problemas que temos de resolver primeiro.
Do que adianta você ter essa alma colada aos ossos dessa carne errada? Sem o risco a vida não vale a pena.
O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.
Gastar a vida é usá-la ou não usá-la?
Quem melhor do que eu sabe, que o coração, depois de despertar, tem hesitações e tem enganos – até que se fixa?
Triunfo? Coisa que não há – sequer o triunfo da morte – neste mundo em que tudo flui.
Quando se quer agitar a multidão não devemos ser os nossos próprios comediantes? Não devemos necessariamente transportarmo-nos em primeiro lugar a nós mesmos para o plano de uma precisão grotesca para nos darmos e a nossa causa e toda a nossa personagem sob essa forma simplificada e aumentada?
Quem tem piedade de nós? Somos uns abandonados? Uns entregues ao desespero? Não, tem que haver um consolo possível. Juro: tem que haver.
Se a luz é o primeiro amor da vida, não será o amor a luz do coração?
Ainsi toujours poussés vers de nouveaux rivages, Dans la nuit éternelle emportés sans retour, Ne pourrons-nous jamais sur l’océan des âges Jeter l’ancre un seul jour?
Disse algum mal de ti? Não o digas tu dele, quanto mais não seja para que a ele não te assemelhes, imitando-o.
Dizes tu que os livros te não consolam!? Que te irritam!? Que blasfémia, minha Júlia! Pois há lá melhores amigos!? Os livros, mas livros destes em que a alma dos bons anda sangrando por todas as suas páginas; livros que eu beijo de joelhos, como se enternecidamente beijasse as mãos benditas dos que os escreveram! Lê os versos de António Nobre, o meu santo poeta da Saudade. Lê o «Fel» de José Douro, o malogrado poeta esquecido e desprezado. Lê «Doida de Amor» de Antero de Figueiredo, e depois diz-me se eles te irritam!…
À sociedade tive utilidade? Ou a mim mesmo servi? Que esta idéia sempre te ocorra e te ajude a perseverar no bem.
O que me importa o que só me importa a mim?
– Pingue-pongue – disse Paula.
-Pingue-pongue?
-Sim, eu pergunto como você está, você me responde, e depois me pergunta como estou. Eu respondo: Muito bem, Jamaica John, apesar de tudo. O pingue-pongue social, sempre deliciosamente idiota como os bis dos concertos, os cartões de felicitações e mais três milhões de coisas. A deliciosa vaselina que conserva tão bem lubrificadas as rodas das máquinas do mundo, como dizia Spinoza.
As pessoas Que estão tentando fazer deste mundo pior não estão tirando um dia de folga. Como posso eu?
Por que eu deveria me importar com a posteridade? Ela nunca fez nada por mim.