Aquele que não consegue perdoar aos outros, destrói a ponte por onde irá passar.
Recentes
Para suportar as aflições dos outros, toda a gente tem coragem de sobra.
Ninguém sabe o que é ser rico até ser rico.
Os pés sustentam o corpo, mas ignoram o que ele faz ou deixa de fazer.
É melhor ser rei do teu silêncio do que escravo das tuas palavras.
Um dos méritos da poesia, que muita gente não percebe, é que ela diz mais que a prosa e em menos palavras que a prosa.
A alma move toda a matéria do mundo.
Sempre há outra chance, uma outra amizade, um outro amor. Para todo fim, um recomeço.
Os homens de extraordinários talentos são ordinariamente os de menor juízo.
O que é velho está morto ainda que o novo não tenha nascido.
Meu silencio grita, meu olhar entrega, mas ninguém percebe.
Serenidade Míope
Os homens comprazem-se com o brando som dos instrumentos musicais e com o canto dos pássaros; comprazem-se com o espectáculo dos animais a brincar e a divertirem-se, mas ficam aborrecidos se estes rosnam, bramem ou ficam irados. Mas quando vêem que as suas próprias vidas são carrancudas, taciturnas, opressas, e perturbadas por paixões intérminas e altamente nocivas, por preocupações e aborrecimentos, não encontram trégua nem alívio para si próprios; como o poderiam? Não apenas isso, mas quando os outros os incitam a encontrá-los, não dão atenção nenhuma ao argumento cuja aceitação os capacitaria a tolerar o presente sem recriminação, a recordar o passado com gratidão e a enfrentar o futuro sem apreensão nem receio, mas com gaia e luminosa esperança.
O Estado existe para realizar o que é útil. O indivíduo para realizar o que é belo.
Na Leitura e na Escrita Encontramo-nos Todos naquilo que Temos de Mais Humano
A escrita, ou a arte, para ser mais abrangente, cumpre funções que mais nenhuma área consegue cumprir. (…) Sinto que há poucas experiências tão interessantes como quando se lê um livro e se percebe “já senti isto, mas nunca o tinha visto escrito”, procurar isso, ou procurar escrever textos que façam sentir isso, é uma das minhas buscas permanentes. Trata-se de ordenar, de esquematizar, não só sentimentos como ideias que temos de uma forma vaga mas que entendemos melhor quando os vemos em palavras. Trata-se também de construir empatia: através da leitura temos oportunidade de estar na pele de outras pessoas e de sentir coisas que não fazem parte da nossa vida, mas que no momento em que lemos conseguimos perceber como é. E isso faz-nos ser mais humanos. Na leitura e na escrita encontramo-nos todos naquilo que temos de mais humano.
Querermos ser do nosso tempo é estarmos já ultrapassados.
O fim da vida não é a felicidade, mas o aperfeiçoamento.
O tempo dirá tudo à posteridade. É um falador. Fala mesmo quando nada se pergunta.
Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece.
Lúcia
(Alfred de Musset)
Nós estávamos sós; era de noite;
Ela curvara a fronte, e a mão formosa,
Na embriaguez da cisma,
Tênue deixava errar sobre o teclado;
Era um murmúrio; parecia a nota
De aura longínqua a resvalar nas balsas
E temendo acordar a ave no bosque;
Em torno respiravam as boninas
Das noites belas as volúpias mornas;
Do parque os castanheiros e os carvalhos
Brando embalavam orvalhados ramos;
Ouvíamos a noite, entre-fechada,
A rasgada janela
Deixava entrar da primavera os bálsamos;
A várzea estava erma e o vento mudo;
Na embriaguez da cisma a sós estávamos
E tínhamos quinze anos!Lúcia era loura e pálida;
Nunca o mais puro azul de um céu profundo
Em olhos mais suaves refletiu-se.
Eu me perdia na beleza dela,
E aquele amor com que eu a amava – e tanto ! –
Era assim de um irmão o afeto casto,
Tanto pudor nessa criatura havia!Nem um som despertava em nossos lábios;
Ela deixou as suas mãos nas minhas;
Tíbia sombra dormia-lhe na fronte,
O Coração
O coração é a sagrada pira
Onde o mistério do sentir flameja.
A vida da emoção ele a deseja
como a harmonia as cordas de uma lira.Um anjo meigo e cândido suspira
No coração e o purifica e beija…
E o que ele, o coração, aspira, almeja
É o sonho que de lágrimas delira.É sempre sonho e também é piedade,
Doçura, compaizão e suavidade
E graça e bem, misericórdia pura.Uma harmonia que dos anjos desce,
Que como estrela e flor e som floresce
Maravilhando toda criatura!