O importante é a lembrança dos erros, que nos permite não cometer sempre os mesmos. O verdadeiro tesouro do homem é o tesouro dos seus erros, a larga experiência vital decantada por milénios, gota a gota.
Passagens sobre Verdadeiros
1423 resultadosO verdadeiro grande homem é sempre o mesmo sob todas as circunstâncias.
A verdadeira filosofia nada mais é que o estudo da morte.
Uma amizade verdadeira é como uma alma em dois corpos.
Só um Mundo de Amor pode Durar a Vida Inteira
Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixonade verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
Parabéns, Amada Minha
Hoje é a Maria João, meu amor que me deu a sorte de gostar de ser amada por mim – e a ilusão, mais frequente do que a felicidade, de amar-me também – que faz anos, coincidindo com o dia em que nasceu, sempre o primeiro verdadeiro dia de Verão.
Parabéns, Maria João, Amada minha, rainha das minhas maiúsculas e das paciências do PÚBLICO; princesa de todos os pequenos momentos que se juntam para fazer a minha felicidade permanentemente instantânea e ameaçada.Pensava que ias morrer e matar-me. Não só não morreste como me deixaste viver. O teu amor é a Primavera constante do meu coração mas a tua vida e o teu viver, como se não houvesse nada que te pudesse atrapalhar – tão longe da sobrevivência que inexplicavelmente é – é o ano inteiro, desde que nasci, desde a primeira vez que respirei o ar do mundo. E vivi. Facilmente. À tua espera. À espera da tua dificuldade. E do teu génio. E do teu espírito. E de tudo o que tens, sem saber, sem mostrar, sem fazer ideia do que vales, achando apenas que vales muito mais do que mereces. Merecendo, como tu mereces,
Quem renuncia ao mundo tem de amar todos os seres humanos, pois também renuncia ao mundo deles. A partir daí começa a pressentir a verdadeira essência humana, que não é outra coisa senão poder ser amado, pressupondo-se que esteja à altura disso.
De quem o mesmo Amor não se Apartava
Já a roxa e clara Aurora destoucava
Os seus cabelos de ouro delicados,
E das flores os campos esmaltados
Com cristalino orvalho borrifava;Quando o formoso gado se espalhava
De Sílvio e de Laurente pelos prados;
Pastores ambos, e ambos apartados
De quem o mesmo Amor não se apartava.Com verdadeiras lágrimas, Laurente,
− Não sei − dizia − ó Ninfa delicada,
Porque não morre já quem vive ausente,Pois a vida sem ti não presta nada.
Responde Sílvio: − Amor não o consente,
Que ofende as esperanças da tornada.
O Método é Necessário para a Procura da Verdade
Os mortais são dominados por uma curiosidade tão cega que, muitas vezes, envenenam o espírito por caminhos desconhecidos, sem qualquer esperança razoável, mas unicamente para se arriscarem a encontrar o que procuram: é como se alguém, incendiado pelo desejo tão estúpido de encontrar um tesouro, vagueasse sem cessar pelas praças públicas para ver se, casualmente, encontrava algum perdido por um transeunte. (…) não nego que tenham por vezes muita sorte nos seus caminhos errantes e encontrem alguma verdade; contudo, não estou de acordo que sejam mais competentes, mas apenas mais afortunados. Ora, vale mais nunca pensar em procurar a verdade de alguma coisa que fazê-lo sem método: é certíssimo, pois, que os estudos feitos desordenadamente e as meditações confusas obscurecem a luz natural e cegam os espíritos. Quem se acostuma a andar assim nas trevas enfraquece de tal modo a acuidade do olhar que, depois, não pode suportar a luz do pleno dia.
É a experiência que o diz: vemos muitissimas vezes os que nunca se dedicaram às letras julgar o que se lhes depara com muito maior solidez e clareza do que aqueles que sempre frequentaram as escolas. Entendo por método regras certas e fáceis, que permitem a quem exactamente as observar nunca tomar por verdadeiro algo de falso,
Aquele que contempla unicamente a Realidade (existência verdadeira) tem a mente iluminada e o corpo transbordante de Vida.
Construir uma vida em conjunto com outra pessoa com base no amor altruísta pode levar-nos a compreender o nosso verdadeiro ser.
O verdadeiro objectivo da ciência é a verdade; em contrapartida, o verdadeiro objectivo das artes é o prazer.
O que conto neste livro (Número Zero), salvo a fantasia desse Braggadocio sobre o corpo de Mussolini, é verdadeiro, teve processos judiciais e já foi publicado. O pior do que conto no meu romance não é o que se fez de terrível, mas que as pessoas se estejam nas tintas para todos esses acontecimentos. Vejo que tudo entra por uma orelha e sai pela outra das pessoas, como se as coisas terríveis que se passaram há 50 anos não preocupem ninguém e sejam aceites tranquilamente.
Falar com Estranhos
Já reparou? E mais fácil ser-se verdadeiro com os estranhos. As pessoas que viajam de comboio começam a falar com estranhos e contam coisas que nunca contaram aos amigos, porque, com um estranho, não se sentem envolvidas. Meia hora mais tarde, chegam ao seu destino e saem; esquecem e o estranho esquecerá tudo aquilo que lhe contaram. Por isso nada do que lhe disseram tem qualquer importância. Não se correm riscos com um estranho.
Ao falar com estranhos, as pessoas são mais verdadeiras e revelam o seu coração. Mas ao falar com os amigos, com os familiares — pai, mãe, mulher, marido, irmão, irmã — há uma profunda inibição inconsciente. «Não digas isso, ele pode ficar magoado. Não faças isso, ela pode não gostar. Não te comportes dessa maneira, o pai é velho, pode ficar chocado.» Então a pessoa continua a controlar-se. A pouco e pouco, a verdade cai na cave do seu ser e ela torna-se muito esperta e astuciosa com o não verdadeiro. Continua a fazer falsos sorrisos, que não passam de pinturas nos lábios. Continua a dizer coisas simpáticas, sem qualquer significado. Começa a sentir-se aborrecida com o namorado ou com os pais, mas continua a dizer: «Estou muito contente por te ver!» Enquanto isso,
O Que Somos Não É
Mas há momentos, nunca o pensaste?, há momentos em que tudo se nos abisma até à fadiga. O desânimo sem fundo. A vertigem para lá de qualquer significação. Nós somos o artifício de nós. Mas é aí que construímos a legitimação de se existir. Somos duplos do que somos e por baixo da camada que nos torna plausíveis há uma outra realidade que revela o plausível em ficção. O que somos não é. O que somos é o que resta depois de tudo se dissipar. O falso de nós é que é verdadeiro. Ou ao contrário, não sei.
O Significado do Amor
O significado do amor é este: que pelo menos na presença de uma pessoa possamos mostrar-nos completamente a nu. Sabemos que ela ama, pelo que não interpretará mal. Sabemos que ela ama, portanto o medo desaparece. Pode revelar-se tudo. Podem abrir-se todas as portas, pode convidar-se essa pessoa a entrar. Pode começar-se a participar no ser do outro.
O amor é participação, por isso, pelo menos com os seres amados, não seja falso. Não estou a dizer para ser verdadeiro na praça pública, porque isso criaria problemas desnecessários neste preciso momento. Mas comece com o amante, depois com a família, depois com pessoas que estejam mais afastadas de si. A pouco e pouco, aprenderá que ser verdadeiro é tão belo que estará disposto a perder tudo por causa disso. Depois na praça pública – depois a verdade passa simplesmente a ser a sua maneira de viver. O alfabeto do amor, da verdade, deve ser aprendido com aqueles que nos são mais próximos porque esses compreenderão.
A Vida é uma Montanha Russa
A vida não é uma linha reta em que alguém conquistado ou algo adquirido é uma segurança para todo o sempre; a vida é uma montanha russa e, de vez em quando, sim, é preciso ficares de pernas para o ar. Tudo passa, tu ficas. Sou tão assertivo relativamente a este tema porque sei que é a dependência que gera o apego, ou seja, se as pessoas forem independentes é impossível serem apegadas. É o ego que as vincula à ideia de que não são suficientemente boas para dependerem de si mesmas e é contra esta terrível armadilha que é preciso lutar.
Uma mãe que dependa do bem–estar do filho e que viva para ele é uma mulher que não encontrará forças para lhe esticar o braço quando ele cair e precisar de uma verdadeira mãe, pois serão sempre dois a sofrer da mesma epidemia, da mesma dor, da mesma frustração ou desilusão; um homem que use e abuse da estabilidade profissional e financeira que conquistou e que dependa disso para, pensa ele, ser o que é, é alguém que mais tarde ou mais cedo, e num daqueles loopings da vida em que o que era já não é,
Amor, compaixão e preocupação pelos outros são verdadeiras fontes de felicidade.
Dar o que Temos é Pouco
Quem apenas dá o que tem dá sempre pouco. Cada um de nós é muito mais do que aquilo que possui. Assim, mais do que dar o que temos, devemos dar o que somos.
Quem dá o que é irradia o bem da sua existência, semeia-se enquanto bondade… faz-se mais e melhor.
Há quem tenha tudo e não seja nada. Julgando que o seu valor está no que possui, exibe os seus bens como se fossem condecorações… desprezando não só o que é, mas, e ainda mais importante, o que poderia ser.
Quanto às coisas materiais, será melhor merecer o que não se tem do que ter o que não se merece… tal como é preferível ser credor do que devedor.
Nunca é bom depender do que não depende de nós.
Hoje confundem-se desejos com necessidades. Na verdade, não são sequer comparáveis, na medida em que os desejos buscam uma satisfação inalcançável. Pois assim que se sacia um desejo, logo outro, maior, toma o seu lugar. São vontades estranhas à nossa paz e capazes de alimentar contra nós uma guerra sem fim. É importante que atendamos às nossas verdadeiras carências, mas com o cuidado de afastar daí todos os desejos que querem passar por elas.
A verdadeira serenidade não é ausência de paixão, mas a paixão contida, ímpeto domado.