Citação de

Provençal

Em um solar de algum dia
Cheiinho de alma e valia,
Foi ali
Que ao gosto de olhos a vi

Como dantes inda vasto
Agora
NĂŁo tinha pombas nem mel.
E Ă  opulĂȘncia de outrora,
Esmoronado e jĂĄ gasto,
Pedia mĂŁos de alvenel.

Foi ali
Que ao gosto de olhos a vi.

O seu chapéu, que trazia
Do calor contra as ardĂȘncias,
Era o que a pena daria
Num certo sabor e arrimo
Com jeitos de circunferĂȘncias
A morrer todas no cimo.

Davam-lhe franco nos ombros
As pontas do lenço branco:
E sem que ninguém as ouça,
Eram palavras da moça
Com a voz alta de chamar;

Palavras feitas em gesto,
Igualzinho e manifesto,
Como um relance de olhar.

E bela, fechada em gosto,
Fazia o seu rosto dela
A gente mestre de amar.

Foi num solar de algum dia,
Cheiinho de alma e valia,
Que eu disse de mim para ela
Por este falar assim:

Vem, meu amor!

E os dois iremos juntos pelos montes;
E o Sol abençoarå, nosso tesoiro,
A seara, o pĂŁo da terra, o trigo loiro,
E como nĂłs hĂŁo-de falar as fontes.

Vem, meu amor!

E terĂĄs os meus cantos, o que eu valho;
Vem: serĂĄs do meu sangue e meu suor!
DĂȘ-me beijos e graça o teu amor
E encherĂĄs de ternura o meu trabalho.

Vem, meu amor!

E o fim do nosso dia, o sol poente,
Sem mås obras na mente e coração,
HĂĄ-de sorrir Ă  nossa casa, Ă  gente.

Vem, meu amor!

Vem como o Sol doirado quando brilha
De juntinho da terra e em devoção
Ele a beija e fecunda Ă  maravilha.